“As nossas crenças mais justificadas não têm qualquer outra garantia sobre a qual assentar, senão um convite permanente ao mundo inteiro para provar que carecem de fundamento.”
John Stuart Mill
Penso que uma vida inteira vazia, desinteressada e dogmática vale bem a quem só com a morte se preocupa. É-me surpreendentemente difícil aceitar a ideia de que o fim da vida deve ser a máxima à qual todo o ser humana se deve resignar. Não consigo absorver este tipo de pensamento fatalista que assume a morte como o temeroso pináculo da existência de cada um.
Uma vida repleta de feitos, conquistas e descobertas, sim, deve ser aquilo que ambicionamos. Estou convencido que podemos empregar melhor o tempo (que é tão escasso) em coisas realmente poderosas como descobrir aquilo que nos rodeia e aprender o que não conhecemos. Só desta forma seremos capazes de conferir algum contributo a nós próprios e, com perseverança, ao mundo!
É genial e inspiradora a forma como Brecht alcança esta verdade pela simples comparação daquilo que parece ser o maior medo de todos nós àquilo que deveria realmente ser o nosso maior medo (e, consequentemente, o "inimigo a abater"). Quero dizer, o medo de morrer pobre de espírito, frívolo, resignado, no fundo, inútil.
Se nos destacamos de todas as outras espécies pela capacidade que temos de comunicar, acredito que esta é a melhor ferramenta que possuímos. O correcto manuseamento da lógica, da eloquência e, não menos, da imaginação, permite aos génios escrever grandes obras, tal como fez Brecht.
Finalmente, este tom de revolta que eu assumi neste comentário foi uma pequena "liberdade artística" que me concedi, visto Brecht se ter dedicado ao género épico da dramaturgia. Só espero não ter soado demasiado colérico pois estou cem por cento de acordo com Brecht.
Poucos vestígios de coléra foram registados! O Brecht apresenta o caso extremo.Quando não há terceira alternativa, julgo que ele tem razão. Mas isso é raro: não há habitualmente necessidade de fazer uma tal escolha. Muitas pessoas resignam-se a uma vida insuficiente, não por terem recusado a morte mas porque não souberam ou não conseguiram fazer outras escolhas mais pequenas. Ousadia, trabalho, inteligência, perseverança, etc. - e não a morte. Espero que as coisas estejam a correr bem, nomeadamente na Universidade. Consigo e com os seus colegas de liceu (como se dizia antigamente).
4 comentários:
Muito muito muito bom!!!
Penso que uma vida inteira vazia, desinteressada e dogmática vale bem a quem só com a morte se preocupa. É-me surpreendentemente difícil aceitar a ideia de que o fim da vida deve ser a máxima à qual todo o ser humana se deve resignar. Não consigo absorver este tipo de pensamento fatalista que assume a morte como o temeroso pináculo da existência de cada um.
Uma vida repleta de feitos, conquistas e descobertas, sim, deve ser aquilo que ambicionamos. Estou convencido que podemos empregar melhor o tempo (que é tão escasso) em coisas realmente poderosas como descobrir aquilo que nos rodeia e aprender o que não conhecemos. Só desta forma seremos capazes de conferir algum contributo a nós próprios e, com perseverança, ao mundo!
É genial e inspiradora a forma como Brecht alcança esta verdade pela simples comparação daquilo que parece ser o maior medo de todos nós àquilo que deveria realmente ser o nosso maior medo (e, consequentemente, o "inimigo a abater").
Quero dizer, o medo de morrer pobre de espírito, frívolo, resignado, no fundo, inútil.
Se nos destacamos de todas as outras espécies pela capacidade que temos de comunicar, acredito que esta é a melhor ferramenta que possuímos. O correcto manuseamento da lógica, da eloquência e, não menos, da imaginação, permite aos génios escrever grandes obras, tal como fez Brecht.
Finalmente, este tom de revolta que eu assumi neste comentário foi uma pequena "liberdade artística" que me concedi, visto Brecht se ter dedicado ao género épico da dramaturgia. Só espero não ter soado demasiado colérico pois estou cem por cento de acordo com Brecht.
David Canário
Obrigado Bípede.
David:
Poucos vestígios de coléra foram registados!
O Brecht apresenta o caso extremo.Quando não há terceira alternativa, julgo que ele tem razão. Mas isso é raro: não há habitualmente necessidade de fazer uma tal escolha. Muitas pessoas resignam-se a uma vida insuficiente, não por terem recusado a morte mas porque não souberam ou não conseguiram fazer outras escolhas mais pequenas. Ousadia, trabalho, inteligência, perseverança, etc. - e não a morte.
Espero que as coisas estejam a correr bem, nomeadamente na Universidade. Consigo e com os seus colegas de liceu (como se dizia antigamente).
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