Creio que a greve geral pode ser justificada por diversas boas razões e, por isso, farei greve amanhã.
Contudo, discordo da data. Amanhã é quarta-feira e em breve (a 1 a 8 de Dezembro) existirão dois feriados que calham à quarta-feira. Assim, num curto espaço de tempo haverá três quartas-feiras sem aulas, sem consultas médicas e sem outras actividades que se costumam realizar nesse dia da semana. Por exemplo: uma turma que tenha aula de uma certa disciplina à quarta-feira ficará com menos três aulas do que uma turma que tenha essa aula noutro dia. O facto de os sindicatos não terem marcado a greve geral para outro dia da semana mostra que não estão muito preocupados com a produtividade nem com o desenvolvimento do país.
Aliás, essa falta de preocupação também caracteriza o actual governo (e caracterizou os anteriores). Caso contrário, alguns feriados já teriam sido abolidos, pois é manifesto que há demasiados feriados e que muitos deles já não têm nenhum simbolismo nem função social (muitas vezes as pessoas nem sabem porque é que é feriado). E não haveria também tantas tolerâncias de ponto.
5 comentários:
Olá:
Concordamos as duas com a sua opinião da data do feriado. Achamos que o facto dos sindicatos terem marcado a greve para uma quarta-feira demonstra a despreocupação pela situção do país. No entanto cremos que se a greve tivesse sido marcada para uma segunda ou sexta haveria mais adesão e talvez menos efeitos negativos no ensino.
Mas não concordamos com aquilo que disse acerca dos feriados. Para muitas pessoas os feriados tem significado. Tal como para algumas os feriados religiosos sao mais importantes, para outras os feriados nacionais,como o 25 de Abril ou o 1 de Maio, também o sao. Não é porque alguns acham que ha feriados que estao a perder o significado que os deviamos abolir.
M&E
M&E:
Quando dizem "Concordamos as duas com..." parecem supor que o leitor sabe quem são. Mas não sabe. O anonimato não é amigo da discussão das ideias.
Não é boa ideia fazer greves à segunda e à sexta, pois isso permite a suspeita de que pelo menos alguns grevistas querem é esticar o fim de semana - o que tira eficácia política à greve.
Quanto aos feriados:
discordo.
Eu não sou religioso, mas tendo em conta que a maioria dos portugueses é, e considerando também a relevância do cristianismo na nossa cultura, não acho errado que existam alguns feriados religiosos. Mas é preciso ver bem quais. Há de facto alguns feriados religiosos que já não representam nada de especial mesmo para as pessoas religiosas.
O mesmo sucede com alguns feriados não religiosos: já não representam nada. Ora, é suposto os feriados terem signigicado e simbolismo - social, político, religioso, etc.
Comparando com quase todos os países europeus verifica-se que em Portugal há bastante mais feriados.
Tal como se verifica que a produtividade é muito mais baixa.
Claro que não basta abolir 3 ou 4 feriados para aumentar significativamente a produtividade. Trata-se de uma condição necessária mas não suficiente. É também preciso modificar outras coisas.
Olá
Concordo que tínhamos boas razões para fazermos, hoje, greve. Não fiz, exactamente, porque implicaria mais uma 4ªf sem aulas.
Também concordo quando diz que alguns feriados não se revestem já de nenhum simbolismo, pelo que não se justificam. Vou até mais longe: do facto de terem significado para nós não se segue que a sua comemoração implique uma paragem das actividades profissionais.
«Comparando com quase todos os países europeus verifica-se que em Portugal há bastante mais feriados. Tal como se verifica que a produtividade é muito mais baixa. Claro que não basta abolir 3 ou 4 feriados para aumentar significativamente a produtividade. Trata-se de uma condição necessária mas não suficiente.»
Não sei se pretende estabelecer alguma relação causal entre o número de feriados em Portugal e a baixa produtividade do país. Com isso não poderia concordar. Primeiro, porque não tenho a certeza de que a produtividade seja assim tão baixa, estou mesmo convencida que há falta de informação credível sobre a produção, como há sobre a facturação, as dívidas ou isenções fiscais......
Diria mesmo que, nem que abolíssemos os feriados todos, a produtividade não aumentaria. E isto porque se trabalhar em Portugal não compensa, trabalhar mais ainda compensa menos.
Teria de “valer a pena trabalhar”. Essa seria, para mim, a condição necessária… embora não suficiente.
Cumprimentos.
Luísa
"O trabalhador por conta de outrem é o maior inimigo da economia". É a ideia que se tenta impingir à opinião pública desde há décadas. Pois sendo a produtividade a grande culpada da falta de competitividade da economia (portuguesa, europeia), quanto mais automatizadas estiverem a indústria e os serviços, melhor.
Esta lógica destruiu milhões de postos de trabalho nos últimos 30 anos, conduziu à utilização maciça de autómatos programáveis e robots na indústria, caixas automáticas nos bancos e nos transportes, e na Internet foram transferidas para o utilizador muitas tarefas que eram executadas por pessoas que tinham um emprego. Em duas Repartições de Finanças que visitei ultimamente mais de metade das secretárias não tinham ninguém lá sentado. Reparando melhor percebe-se que o mesmo funcionário anda de secretária em secretário fazendo o trabalho que era de vários há uns anos.
Só não chegámos mais cedo à actual situação de desemprego porque entretanto foram aparecendo actividades não produtivas que absorveram a população que se destinava aos postos de trabalho suprimidos, e porque a tendência demográfica é para a diminuição da população activa e para o envelhecimento.
Na guerra produtividade / emprego, o prato da balança pendeu definitivamente para o lado da produtividade, da tecnologia, do Capital Intensivo. Se não quisermos que as pessoas morram à fome por falta de emprego temos que recorrer à política do subsídio. Em breve teremos um exército de pobres a viver de subsídios e meia dúzia de iluminados a carregar em botões (de autómatos ou de teclados de PCs). É a minha visão do futuro.
Mais feriado menos feriado, pouco importa.
Já vi melhores argumentos para furar uma Greve com razões incontestáveis.
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