sábado, 2 de março de 2013

Os smartphones são viciantes?

Transcrevo um artigo do Diário de Notícias sobre os smartphones que vale a pena ler:

«Durante a conferência TED 2013, em Long Beach, Califórnia, o co-fundador da Google e criador do Project Glass, Sergey Brin, declarou que os smartphones são "castradores".

Sergey Brin compareceu no ciclo de conferências da Technology, Education and Design para apresentar os famosos óculos de realidade aumentada desenvolvidos pela Google, mas decidiu dar ao público algo mais.

A meio do seu discurso decidiu criticar a forma como o ser humano interage um com o outro, apontando que as pessoas estão constantemente "curvadas sobre um dispositivo pequeno, completamente desconectadas umas das outras" e que isso é, de algum modo, "castrador".

"É mesmo isso que queremos fazer com o nosso corpo?", pergunta Brin.

A Google desenvolveu o sistema operativo Android que é atualmente o mais utilizado no mundo em smartphones.

Segurando os 'óculos mágicos' da Google, Brin contou como trabalhar no Project Glass foi revelador. Ao desenvolver o novo acessório, percebeu que que os telemóveis se podem tornar "viciantes" e que ele próprio se estava a tornar um "escravo" da tecnologia, isolando-se do mundo através do seu smartphone.»

O artigo, citado anteriormente, foi tirado daqui.

A questão que se coloca é se as afirmações de Sergey Brin, ligado ao Project Glass,  serão desinteressadas, dado que ele neste momento está a trabalhar no desenvolvimento de um dispositivo tecnológico que pretende ser uma alternativa aos smartphones: os óculos do Google que pretendem revolucionar a interação dos seres humanos com as tecnologias móveis (vejam o vídeo promocional em baixo).

Assim sendo, estas críticas, apesar de serem de alguém que é uma autoridade na matéria, podem ser postas em causa devido à sua falta de neutralidade (o facto das autoridades que emitem os juízos não terem interesses no assunto, é uma das condições indispensáveis para que um argumento de autoridade possa ser considerado válido).

O mais provável é que ambos os dispositivos tecnológicos sejam viciantes! Ou será que não?

Eis uma questão acerca da qual vale a pena reflectir.

3 comentários:

Unknown disse...

...De tal maneira isto avança, que só faz o Homem retroceder quanto à espécie que é, quanto à sua personalidade e espírito. É bom sim o avanço, especialmente na ciência, que praticamente estamos no caminho de conseguir criar corações e pele a partir praticamente do "nada", assim num futuro distante mas próximo será possível vivermos para sempre, já que tido poderá ser regenerado, mas isso não será vida, será inorgânico...

Unknown disse...

...Há limites, sim, mas também é bom manter os entes queridos vivos, mas porquê nos deixar dominar por máquinas? Os tempos antigos não eram melhores nem piores, mas simplesmente diferentes. Tudo o que posso dizer é que à medida que vamos "facilitando" a nossa vida com o avanço da tecnologia, apenas estamos a dificultá-la. No tempo dos meus avós, (numa aldeia pouco evoluída), para se falar com uma pessoa tinha de se ir ter com ela pessoalmente ou dizer a alguém para lhe transmitir a mensagem ou escrever uma carta, geralmente à mão...

Unknown disse...

...As pessoas eram muito próximas, conheciam-se melhor. Passeavam no campo, trabalhavam. Era uma vida difícil, sim, mas era VIDA. Para o meu avô ir à universidade tinha de apanhar vários autocarros e ainda andar a pé uma grande distância. Para se fazer compras a sério ia-se à cidade num autocarro único que passava todos os dias à mesma hora, e ainda se andava a pé, ou ia-se de comboio, onde se conheciam pessoas e estabelecia contacto real com elas, onde as aventuras aconteciam. Agora que ensinámos os meus avós a acolher as novas tecnologias, em alguns segundos conseguimos saber como estão, o que fazem e o que irão fazer. Para ir daqui ao meu país basta algumas horas e lá estarei ao lado dos meus familiares. Para ir à cidade vamos no carro do meu avô e demoramos menos de 45 minutos, umas três vezes mais rápido do que antigamente lhes era permitido. Dá muito geito, sim, mas e as pessoas que ocasionalmente podíamos conhecer no comboio, para conviver, trocar ideias, ou simplesmente ajudar ou pedir ajuda, criando assim, o início de uma longa e agradável conversa? A minha avó fazia as suas próprias bonecas com os materias que tinha à mão, pois não tinha muito dinheiro para ir comprar uma boneca de porcelana para admirar e não poder tocar, pois a sua mãe de certeza não a deixaria, para não estragar a boneca. Ela brincava com as outras crianças, inventavam os seus próprios jogos e divertiam-se muito, aventuravam-se, tinham IMAGINAÇÃO ilimitada, como todas as crianças têm, mas que naquela altura faziam muito mais uso dela do que agora, que jogam nos portáteis ou Playstations, wii, nintendo, etc... Os meus avós cuidavam dos animais, mas reuniam-se com as outras crianças e iam dar um mergulho no rio, fazendo concursos, ou roubavam fruta ao vizinho só para sentir a adrenalina de correr com alguém furioso atrás. Eu em pequena também tinha brincadeiras destas, tive a oportunidade de usar a minha imaginação, embora também tivesse televisão, jogos e carros telecomandados que fazia inveja aos rapazes da aldeia. Corria atrás das galinhas com os vizinhos e tentava apanhá-las, atirava-lhes água só para as irritar e ver como se sacudiam e fugiam apressadas. Irritava as vacas e fazi-as correr na sua velocidade lenta, mas depois não gostava quando me acertavam com a cauda. Apanhava coelhos selvagens com os meus amigos para os abraçar e sentir o seu pêlo fofo e macio, acariciar os coelhos e os pintainhos da avó, ajudar o avô a escolher o milho maduro e a tratar das uvas e do vinho enquanto ele me falava do mundo em geral, dos livros, com ele aprendia imenso. Gostava e gosto de falar com os mais idosos, que apenas se sentiam só e precisavam de alguém a quem pudessem falar e encher de mimos, tudo o que precisavam era atenção. Eram bons tempos sim. A vida social agora deteriora-se, o que acontece aos mais idosos? Terão alguém para os ouvir ou que ao menos queira saber das experiências que têm para partilhar? Agora quando vou de férias à aldeia, raramente vejo uma criança sair à rua para brincar. Vão à casa uns dos outros, vêm televisão e jogam jogos. Divertem-se sim, e por vezes também inventam brincadeiras parecidas às minhas e às dos meus avós, mas não é o mesmo. E agora se falarmos de Portugal, um país mais desenvolvido em certos aspectos, ainda mais raro será encontrar crianças que ainda brinquem assim... No futuro não prevejo melhorias, seremos eternos escravos da tecnologia. Convinha de vez em quando desligarmo-nos disto tudo e dar uma volta pelo campo, apreciar o sol, o vento e as árvores, ouvir os pássaros a cantar e a água a correr, procurar trevos de quatro folhas ou alguma pedra com uma forma diferente, andar de bicicleta, ou correr um pouco, passear o cão, qualquer coisa que seja totalmente desligada do mundo online.