sexta-feira, 20 de abril de 2012

Parece que tenho andado a enganar os alunos…

Não tenho turmas do 11º ano, pelo que nenhum aluno meu fez o teste intermédio de Filosofia. A Sara, que teve três turmas a fazer o teste, fará depois uma análise mais detalhada.

Pela minha parte só quero confessar um receio: julgo que os meus alunos do 10º ano, após conhecerem o teste intermédio hoje feito pelos colegas do 11º, me acusarão de os andar a enganar nas aulas e nos testes. É que no teste intermédio não há uma única questão em que se peça aos alunos para discutir ideias e para justificar as suas opiniões acerca dos problemas filosóficos. O melhor é deixar de fazer questões como esta

10 comentários:

Igor disse...

Pode não sair no Teste Intermédio, mas ficamos preparados para o inesperado. Ficamos a saber como justificar todas as teorias e argumentações sobre Filosofia.

O meu baú disse...

Olá, Carlos!

1. Entendo a tua desilusão (ou será indignação?). No entanto, o teste não pode pedir aquilo que o programa não exige. No tema onde essa discussão seria mais expectável, o programa exige apenas a "análise comparativa" :-(((

2. Não preciso de to dizer (porque sei que o teu texto é um "desabafo"), mas, mesmo assim, digo-o: não deixes de fazer as tais questões (nem as aulas que elas supõem). Só quem espera muito dos testes/exames nacionais é que se surpreende ;-))) Parafraseando o outro (e repetido, de certo modo, o Igor, há mais vida filosófica para além dos testes.

Abraço.

andré disse...

(Sem conhecer os program, que apesar de tudo devem ser uma referência para as aula)...mas tu andas a preparar os alunos para os exames, ou para refletir sobre os problemas do quotidiano? ;)

Laura S. disse...

Estou convencida que os próprios alunos querem alguma coisa que seja palpável. Ou seja, querem um livro por onde possam estudar - leia-se, memorizar - a matéria e depois colar no exame e assim entrar na faculdade, onde supõe (erradamente?) que vão fazer a mesma coisa. É uma política de facilitismo que permite que os próprios professores facilitem as suas aulas, dado que abrir espaço a comentários e opiniões dá muito mais trabalho.
Os exames são 'pão pão, queijo queijo' e não me parece que este tenha sido diferente. Eu mesma sou aluna universitária de Filosofia e acho um disparate que um exame da única disciplina a qual, por norma, é a disciplina 'da opinião' não peça nenhum comentário onde se consiga avaliar onde se situa a capacidade argumentativa do aluno. Mas como digo...as coisas têm que ser fáceis.
Claro que é importante continuar a debater nas aulas mesmo que isso não saia em exame. Mas também se sabe que a maioria dos alunos estuda para o exame ou para o teste.

anabela moutinho disse...

Caro colega,

o seu post é um desabafo e contém, como sabe e ainda bem que assim é, uma pergunta retórica.

claro que deve/mos manter esse tipo de questões porque a isso nos obriga, não só o programa (que esse, seja como for, pouca importância tem), mas, essencialmente, a Filosofia.

preparar os alunos para a reflexão, problematização, comentário e argumentação é o que de mais valioso temos para lhes dar, a eles, pessoas, cidadãos.

e eles podem estrebuchar com o nosso nível de exigência - mas, no fundo ou à superfície, acabam por nos agradecer. mais tarde ou mais cedo. nem que seja bem mais tarde.

o que é muito gratificante e tranquilizante também.

Carlos Pires disse...

Igor:

o título não era literal, mas sim irónico. Pode ser que no próximo ano o teste intermédio seja melhor elaborado - caso exista. Seja como for, vou continuar a perguntar-vos o que pensam.

Carlos Pires disse...

Gomes:

O programa não exige nem deixa de exigir, uma vez que é vago e confuso.

Eu não espero demasiado dos exames nacionais. Mas temos que tentar criar condições para que estes sejam bem feitos, uma vez que exames bem feitos melhoram o trabalho dos professores e a aprendizagem dos alunos. Criticar publicamente contribui para isso. Defender a mudança do programa também.

Carlos Pires disse...

André:

O título era irónico. Seja como, não é preciso escolher entre preparar os alunos para exames e pensar e debater. Se os exames forem bem feitos, uma coisa promove a outra.

Carlos Pires disse...

Laura:

Não sei se a ausência desse tipo de questões no teste se deveu à vontade de ser facilitista. Receio que o motivo seja pior ainda: as pessoas que fizeram o teste intermédio pura e simplesmente não acham essas questões importantes, pois não entendem a filosofia como uma discussão racional e crítica de problemas. Ou seja: têm uma compreensão completamente errada da filosofia.

Carlos Pires disse...

Anabela:

Obrigado pelas suas palavras. Claro que o título do post é irónico.