Desidério Murcho escreveu um artigo de opinião, na revista Crítica, que vale a pena ler e discutir. Deste transcrevemos, seguidamente, algumas passagens.
“Afinal, a esmagadora maioria dos professores de filosofia não parece ter realmente escolhido a sua profissão; o indício favorável a esta asserção é que fazem exactamente o mínimo que for possível fazer sem serem despedidos: não se interessam por livros nem revistas da sua área, dedicam muito mais tempo a actividades paralelas do que à filosofia ou ao seu ensino, e entusiasmam-se muito mais a falar de qualquer inanidade da vida contemporânea do que de filosofia.
E, no entanto, a justificação da relevância cognitiva da filosofia é ridiculamente simples — desde que se conheça razoavelmente a filosofia. Basta dar alguns exemplos e mostrar que em filosofia estudamos problemas reais e importantes, e que a única esperança de ter respostas amplamente consensuais para eles, como acontece nas ciências, é tentar ter respostas amplamente consensuais para eles, pelo que é uma boa ideia continuar a tentar. Além disso, compreendemos muito melhor um problema importante depois de o estudar e de estudar as diferentes tentativas de resolução, mesmo que não tenhamos chegado a resultados amplamente consensuais. O nosso alargamento cognitivo é justamente valorizado pelos seres humanos — pelo menos, por aqueles que não se renderam ainda completamente às inanidades televisivas — e a filosofia tem desempenhado um papel fundamental nesse mister. Esta é a justificação apropriada da filosofia.”
O artigo pode ser lido na integra: AQUI.
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