sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Devíamos banir os cigarros? - A opinião do filósofo Peter Singer

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Peter Singer, professor de bioética na Universidade de Princeton, escreveu um artigo de opinião no jornal Público - Devíamos banir os cigarros? - que vale a pena ler.

"Grande parte do livro de Proctor, que será publicado em Janeiro, baseia-se num vasto arquivo de documentos da indústria tabaqueira, divulgados durante processos legais. Mais de 70 milhões de páginas de documentos da indústria estão agora disponíveis online.
Os documentos mostram que, já desde a década de 1940, a indústria detinha provas que sugeriam que o fumo causa o cancro. Em 1953, no entanto, numa reunião dos executivos de topo das maiores companhias tabaqueiras Americanas tomou-se a decisão conjunta de negar que os cigarros fossem prejudiciais. Mais ainda, quando a prova cientifica de que o fumo causa o cancro se tornou pública, a indústria tentou criar a impressão de que a ciência era inconclusiva, de modo análogo ao daqueles que, negando que a actividade humana está a provocar mudanças climáticas, distorcem deliberadamente a ciência actual.
Como diz Proctor, são os cigarros, e não as armas ou as bombas, os artefactos mais mortíferos na história da civilização. Se quisermos salvar vidas e melhorar a saúde, nada mais prontamente alcançável será tão eficaz como uma proibição internacional na venda de cigarros. (Eliminar a pobreza extrema em todo o mundo é talvez a única estratégia que talvez salvasse mais vidas, mas isso seria muito mais difícil de conseguir.)Para os que reconhecem o direito do Estado em banir drogas recreativas como a marijuana e o ecstasy, uma proibição dos cigarros deveria ser fácil de aceitar. O tabaco mata muito mais pessoas do que estas drogas.
Alguns defendem que desde que uma droga apenas prejudique os que escolhem usá-la, o Estado deve deixar que os indivíduos tomem as suas próprias decisões, limitando o seu papel a assegurar-se de que os utilizadores estejam informados dos riscos que correm. Mas o tabaco não é uma droga desse tipo, dados os perigos colocados pelo fumo passivo, especialmente quando adultos fumam numa casa com crianças."

Para continuar a ler ver AQUI.

E o caro leitor tem uma opinião, racionalmente justificada, sobre este assunto?

Nota: O artigo citado do jornal Público não respeita o acordo ortográfico.

1 comentário:

Anónimo disse...

Já tinha surgido em discussão com amigos, este mesmo problema. O detalhe que apresentei na altura foi a semelhança com o chocolate. O chocolate engorda, é um produto altamente calórico ou seja todos os problemas relacionados com a Obesidade estão inerentes ao mesmo. O chocolate (e peço desculpa por não poder apresentar isto de uma maneira mais científica) consegue melhorar o estado psicológico de alguém que esteja deprimido ou em estado de choque. A nicotina por sua vez, um dos principais elementos do cigarro, acalma o sistema nervoso. Comer muitos chocolates ou fumar muitos cigarros, acaba por ser igual. Só há um aspecto diferente. É eu posso comer uma barra enorme de chocolate num ambiente fechado e isso não faz mal a ninguém. Enquanto se estiver no mesmo espaço a fumar, isso já é prejudicial. Mas mesmo assim, são escolhas. Lembro-me do exemplo da regulamentação do sal no pão. Até que ponto temos o direito de impedir alguém de fumar muitos cigarros ou comer muitos chocolates (desde que isso não afecte terceiros)? Eu acho que não temos esse direito sejam cigarros, chocolates ou outros.
Eurico Graça