Se um cidadão português se atrasar um dia que seja a pagar uma portagem ou um imposto é multado. Contudo, o estado português não tem essa exigência consigo próprio. Quando se trata de pagar serviços ou reembolsos não costuma sequer haver prazos, o que é pior que um atraso. E o cidadão come e cala, ou melhor, espera e não protesta.
Algo semelhante acontece habitualmente nos concursos de colocação de professores. O ministério da educação nem sequer se dá ao trabalho de os informar acerca da data em que saem os resultados (e estes, como é sabido, por vezes saem muito tardiamente, dificultando a organização das escolas e da vida pessoal e familiar). Por isso, há pelo menos uma semana que milhares de professores vão várias vezes por dia espreitar a página da DGAE. “Será que a lista de colocações saiu enquanto fui ao supermercado?” Mas não, não saiu – e a ansiedade continua. Até há quem faça sondagens e apostas acerca da data.
A desvalorização social da profissão de professor tem, naturalmente, muitas causas e algumas não são nada fáceis de resolver. Esta maneira de lidar com os professores é apenas uma delas, e talvez seja das menos importantes, mas era perfeitamente evitável. Não havia necessidade, como diria o outro. Por isso, o facto de ter acontecido significa ou incompetência de quem manda ou uma escolha política. Infelizmente, a disjunção parece-me ser inclusiva.
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