quinta-feira, 12 de agosto de 2010

É preciso avaliar as tradições

«É evidente que devemos muito à tradição, e que a tradição é muito importante, mas as tradições devem ser analisadas criticamente. Se o fizermos, poderemos libertar-nos daquela atitude que considera a tradição como sacrossanta, ou valiosa em si mesma, substituindo-a por uma atitude que considera as tradições valiosas ou perniciosas, consoante o caso, de acordo com a sua influência sobre os indivíduos. E assim compreenderemos que cada um de nós (por meio do exemplo e da crítica) pode contribuir para o crescimento ou para a supressão de tais tradições.»

Karl Popper, A Sociedade Aberta e os seus Inimigos, volume II, Editorial Fragmentos, Lisboa, 1993, pág. 223.

Audição: Caetano Veloso, “Tradição”.

5 comentários:

andré disse...

Tudo o que hoje é tradicional, começou por ser revolucionário...
a tradição faz-se pela incorporação progressiva de novos modos, usos, técnicas no nosso dia a dia...

Carlos Pires disse...

André:

É verdade que os costumes que hoje são tradicionais já foram novidades. Porém, eu não utilizaria a palavra "revolucionário" para exprimir isso, pois sugere que todas as novidades são radicais e a verdade é que algumas novidades são apenas pequenas mudanças em relação aos costumes anteriores.
Mas, seja qual for a origem da tradição X ou Y, o que importa é avaliar os seus méritos actuais - que têm de residir em algo mais do que o mero facto de X ou Y serem tradições.

Micael Sousa disse...

Exacto, a tradição em tempos foi uma inovação. Quer fosse fruto de um acto continuado ou revolucionário.
Devemos, sempre que possível, socorrermo-nos da nossa inteligência e arbítrio e discutir publicamente as tradições, pois o seu propósito social pode há muito ter deixado de se pertinente.

andré disse...

Concordo plenamente (inclusivamente com a tua correcção Carlos ;))

Carlos Pires disse...

Micael:

concordo consigo.