«É evidente que devemos muito à tradição, e que a tradição é muito importante, mas as tradições devem ser analisadas criticamente. Se o fizermos, poderemos libertar-nos daquela atitude que considera a tradição como sacrossanta, ou valiosa em si mesma, substituindo-a por uma atitude que considera as tradições valiosas ou perniciosas, consoante o caso, de acordo com a sua influência sobre os indivíduos. E assim compreenderemos que cada um de nós (por meio do exemplo e da crítica) pode contribuir para o crescimento ou para a supressão de tais tradições.»
Karl Popper, A Sociedade Aberta e os seus Inimigos, volume II, Editorial Fragmentos, Lisboa, 1993, pág. 223.
Audição: Caetano Veloso, “Tradição”.
5 comentários:
Tudo o que hoje é tradicional, começou por ser revolucionário...
a tradição faz-se pela incorporação progressiva de novos modos, usos, técnicas no nosso dia a dia...
André:
É verdade que os costumes que hoje são tradicionais já foram novidades. Porém, eu não utilizaria a palavra "revolucionário" para exprimir isso, pois sugere que todas as novidades são radicais e a verdade é que algumas novidades são apenas pequenas mudanças em relação aos costumes anteriores.
Mas, seja qual for a origem da tradição X ou Y, o que importa é avaliar os seus méritos actuais - que têm de residir em algo mais do que o mero facto de X ou Y serem tradições.
Exacto, a tradição em tempos foi uma inovação. Quer fosse fruto de um acto continuado ou revolucionário.
Devemos, sempre que possível, socorrermo-nos da nossa inteligência e arbítrio e discutir publicamente as tradições, pois o seu propósito social pode há muito ter deixado de se pertinente.
Concordo plenamente (inclusivamente com a tua correcção Carlos ;))
Micael:
concordo consigo.
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