quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Tolerar a diferença

imageA fotografia foi tirada deste blogue (que oferece muitos outros pretextos para ser visitado). 

 

“A humanidade terá muito a ganhar deixando que cada um viva como lhe parece bem, e não forçando cada um a viver como parece bem aos demais.”

John Stuart Mill

6 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Sempre difícil, mas indispensável ao progresso.

Obrigada pelo link. Gostei de conhecer.

Bípede Falante disse...

Missão quase impossível, porque é incrível a quantidade de gente que se acha nos direito de dizer como devemos agir e até pensar. Gente que da palpite e conselho nunca pedidos.

Anónimo disse...

Depende da diferença. Nem toda a tolerância é desejável, pois não?

Paola

leo disse...

O termo tolerar sempre me incomodou, prefiro uma coisa do tipo: ver a diferença sem indiferença.
Parabéns pelo Blog

Sara Raposo disse...

Ana Paula, Bípede falante, Paola e Leo:

Há duas coisas diferentes a considerar: uma é a tolerância para com as ideias outra é a tolerância para com as acções.
Stuart Mill faz uma defesa racional da liberdade de expressão - as pessoas devem poder expressar opiniões, mesmo quando estas são falsas. Isto é: eu devo tolerar a expressão de certas ideias (religiosas, políticas ou morais, por exemplo) mesmo que não concorde com elas. Uma pessoa deve poder defender, em termos teóricos, o racismo, o nazismo ou o uso da violência doméstica em certas situações. Outra coisa bem diferente é eu presenciar ou incentivar acções - racistas contra os negros ou de violência contra as mulheres - e ser tolerante para com isso. Obviamente que, neste caso, a tolerância não é defensável nem se traduz em qualquer tipo de progresso moral (Ana Paula: era deste que falava no seu comentário?).

A razão é porque, diria Mill, causa dano às pessoas e viola a sua autonomia, justificando-se nestas circunstâncias a intervenção do Estado para a preservar.

Em geral, a ideia do respeito pela diversidade de ideias faz todo o sentido. E a forma de resistir aos que procuram impor-nos as suas opiniões é a atitude crítica e um saudável cepticismo. O mesmo não se aplica a certas práticas, pois ser tolerante para com algumas delas significaria que eu não as aprovo e discordo delas, mas admito-as. Ora, nalguns casos, como os que já referi, uma atitude tolerante não é defensável, mas sim a uma atitude intolerante para com essas práticas, uma vez que estas não são moralmente admissíveis.

Leo: a expressão que prefere utilizar em vez de tolerar significa o quê? Obrigada pelas palavras simpáticas.

Obrigada pelos vossos comentários e cumprimentos.

Anónimo disse...

A distinção feita por S. Mill e aqui referida por si é, sem dúvida, muito pertinente.
No entanto, parece-me que a expressão de certas ideias políticas, raciais, morais, entre outras, objectivamente falsas porque racionalmente indefensáveis, constituem, em si mesmas, uma violência. Como se a simples expressão de tais ideias tivesse uma tal dimensão performativa que justificasse uma queixa por difamação, no mínimo.
Cumprimentos e obrigada.
Paola