BILHETE-POSTAL NEGRO
I
Calendário repleto de compromissos, futuro incerto.
O rádio trauteia uma canção popular sem nacionalidade.
Cai neve no mar totalmente gelado. Vultos
acotovelam-se no cais.
II
Acontece, a meio da vida, a morte bater-nos à porta
e tomar-nos as medidas. Essa visita é esquecida,
e a vida continua. O fato, porém, esse
é cosido em silêncio.
Tomas Tranströmer, 50 Poemas, Relógio D’Água, Lisboa, 2012, pág. 17.
2 comentários:
Um poema adequado à actual situação económico-social do país,ínfelizmente.
As vozes melodiosas dos pássaros cessam
o meu coração pára de bater
será um sonho ou a realidade
de algo que nunca esperaria que fosse verdade?
Mas os ventos falam a maldizer
da evolução constante sem se saber
onde isto irá acabar
e se alguma vez algo para melhor há-de mudar...
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