Fotografia de Henri Cartier-Bresson.
Um relâmpago fugaz
Um relâmpago fugaz é a vida
que mal nos dá tempo para a sentir passar
Imutável a face da terra e do céu
Quão súbita porém a mudança do nosso próprio rosto
Li Po
Reflexos
Envelheço. Estas límpidas águas
reflectiram já um outro rosto
Ninguém me pode devolver esse fulgor
passado. Para quê turvá-las?
Po Chu yi
Estes poemas foram retirados do excelente livro de poemas chineses: “Sono de Primavera”, versões de Jorge de Sousa Braga, Edições Litoral, Porto, 1986, págs. 31 e 57.
6 comentários:
Os poemas são muito belos, e verdadeiros. Tal como a foto.
Po Chu yi faz-me lembrar Ricardo Reis, mas menos solene.
Pedro:
Ainda bem que gostou. É bom partilhar aquilo que achamos belo. Talvez seja uma forma de tornar a vida melhor.
Cumprimentos.
a articulação dos dois pemas e da fotografia é inteligente e transmite ideias que cada um desses elementos isolados, apesar da sua beleza e qualidade, não transmite
joana
A fotografia do Bresson dispensa qualquer comentário. Ele foi mesmo um gênio.
E que interessantes os poemas chineses. No fundo e no raso somos mesmo universais.
Joana:
Obrigada pelas suas simpáticas palavras.
A junção dos dois poemas e da fotografia explica-se, sobretudo, por eu os achar particularmente belos. O facto de transmitirem ideias que se articulam deve-se à genialidade de quem os criou. Digamos que o meu papel foi bastante modesto.
Cumprimentos.
Bípede falante:
Permita-me discordar de si: os poemas chineses não são só interessantes. São poemas espantosos pela sua simplicidade. Transmitir ideias fundamentais sobre a brevidade da vida humana de um modo despojado, sem quaisquer artificialismos linguísticos é o que faz um poeta genial. E Li Po (que viveu no século oitavo) continua a ser considerado um dos maiores poetas chineses.
Cumprimentos.
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