Fotografia do Jornal Público de 22-09-2010.
Li no jornal Público de ontem uma notícia sobre a Coreia do Norte, um dos regimes ditatoriais mais fechados e repressivos do mundo. Kim Jong-il, a quem os coreanos tratam por “Querido Líder”, prepara a sua sucessão e, por isso, irá realizar-se uma reunião oficial do partido (a última foi em 1996). O seu presumível sucessor será o seu filho mais novo, Kim Jong-un. Estes factos não têm nada de surpreendente, considerando que se trata de um regime não democrático. Contudo, a minha atenção deteve-se na fotografia - de militares numa parada militar a sorrir e bater palmas – que acompanhava a notícia.
Lembrei-me da atitude de alguns alunos – poucos, felizmente! – que manifestam, por vezes, algum desdém não só pelos colegas que se atrevem a apresentar argumentos para defender as suas opiniões como pelas próprias discussões. Infelizmente, essa atitude não é exibida apenas por meia dúzia de alunos desinteressados e pouco empenhados. De facto, acontece, em relação aos mais diversos assuntos e em diferentes contextos, muitas outras pessoas não exercerem uma das mais preciosas possibilidades que a democracia lhes oferece: a liberdade de expressar ideias.
Dizermos o que pensamos, confrontarmos os nossos pontos de vista com os dos outros e assim termos oportunidade de descobrir quem possui as melhores razões, é algo que muitas pessoas, também adultas, não valorizam e tendem a considerar de forma negativa como uma excentricidade promotora da desordem e da ineficácia.
Para essas pessoas eu deixo a seguinte questão:
Vamos supor que viviam na Coreia do Norte, mas não pertenciam à reduzida elite no poder: imaginam como seria viver sem poder expressar, de forma livre, as vossas opiniões? Como seria viver no medo permanente de ser a próxima vítima de leis injustas, brutais e arbitrárias?
Antes de responder, experimentem a olhar atentamente para a imagem e informem-se sobre o que se passa na Coreia do Norte. Talvez, depois, possam valorizar mais as possibilidades que a democracia vos oferece.
4 comentários:
O que acontece na Córeia do Norte é o velho dilema de conciliar liberdade e igualdade. O problema todo é que os nossos queridos amigos orientais não quiseram conciliar coisa alguma: suprimiram a liberdade do povo em nome de uma igualdade absoluta.
Há quem goste. Há quem ache que critica-los é pretender que os nossos valores liberais, ocidentais e democráticos tenham uma supremacia sobre os valores de outras culturas. E de fato esse é um argumento razoável. Quer dizer, que garantia nós temos que um norte coreano valoriza tanto a liberdade quanto nós?
Por outro lado, deixando de lado essas reflexões crítica e deixando os sentimentos falarem, eu ficaria muito feliz em ver esse ditador sendo enforcado no YouTube, assim como eu vi o Saddam Hussein.
Tiaraju:
O argumento relativista cultural não é bom, pois impede-nos de criticar qualquer cultura diferente da nossa, considerando que ao fazê-lo estamos a adoptar o etnocentrismo e, portanto, a defender a superioridade da nossa cultura em relação às demais. O regime coreano, independentemente das nossas simpatias políticas serem à esquerda ou à direita é objectivamente indefensável porque se baseia numa violação permanente dos direitos humanos.
E isto é verdadeiro, mesmo que alguns coreanos não o percebam ou não o defendam e a China os apoie. Haverá, com certeza, outros coreanos que pensam o contrário e desejariam viver noutro regime político.
Discordo do seu sentimento em relação ao castigo a dar aos criminosos, neste caso também políticos, não será errado castigar os que cometem crimes cometendo também um crime?
Não será contraditório e injustificável do ponto de vista moral?
Cumprimentos.
Sara,
Como eu disse, "deixando as reflexões críticas de lado e permitindo que os sentimentos falem", eu gostaria que acontecesse isso, isso e isso.
Do ponto de vista racional, a questão é outra. Também não acredito que a pena de morte seja moralmente justificável. Estamos de acordo.
Mas eu não ficaria nada triste em vê-lo pendurado por aí.
boa opinião.
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