quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O caminho menos longo

caminho perigoso para a escola China

Na fotografia vê-se um grupo de crianças a caminho da escola, numa perigosa estrada de montanha, na China. Um passo em falso e é morte certa.

Inicia-se hoje mais um ano lectivo. E daqui a duas semanas, aproximadamente, iniciar-se-ão as aulas. Nem os alunos nem os professores portugueses precisam de percorrer caminhos tão longos e perigosos para chegar à escola (embora as montanhas de papéis inúteis que os professores têm de ler e preencher também contenham alguns perigos).

Talvez valesse a pena perguntar o que andamos a fazer com as facilidades e oportunidades que temos. Talvez descobríssemos que, afinal, as facilidades nem sempre facilitam e que o caminho percorrido por aquelas crianças chinesas é, afinal, menos longo que o nosso.

Por exemplo: àquelas crianças, tal como às crianças finlandesas de que tanto se fala, não passa certamente pela cabeça reprovar, tal como não passa pela cabeça dos seus dirigentes políticos proibir as reprovações. Já em Portugal…

12 comentários:

Bípede Falante disse...

Que imagem impressionante!

Carlos Pires disse...

Bípede:

Impressionante, de facto. Quando a vi lembrei-me de um documentário sobre uma região da Somália em que os pais obrigam as raparigas a casar por volta dos 12 anos e em que algumas fogem aos pais ou aos maridos porque querem ir à escola.
Não sei como é no Brasil, mas em Portugal muitos alunos, talvez a maior parte, não valoriza muito a escola.

Patrícia Castro disse...

Carlos, no Brasil funciona mais ou menos assim: Quem tem consciência da importância da escola, seja pelo lado intelectual ou profissional, valoriza. Quem não tem a menor ideia do que representa a escola, não. Ou seja, quem tem consciência sobre essas coisas são as pessoas de classes mais abastadas, os pobres têm menos e os miseráveis nem imaginam o porquê de se ir para a escola. A não ser, é claro, para os filhos ganharem o bolsa escola, bolsa família etc(são ajudas concedidas pelo governo aos necessitados). Grande abraço.

Mário R. Gonçalves disse...

Esta imagem é de uma região remota da China. Já a tinha usado num post no início do ano lectivo passado,

aqui

Belo post, como sempre :)

Ana Paula Sena disse...

Confesso-me muito impressionada com a imagem!

O seu texto é uma reflexão interessante sobre a valorização (ou não)da escola, no nosso tempo, no nosso país.

Em rigor, não sei qual o maior perigo: se o perigo da difícil deslocação para a escola, como é o caso do destas crianças chinesas; se o perigo de não se valorizar a frequência escolar como oportunidade de progresso pessoal, profissional e social.

Um bom post, Carlos.

Carlos Pires disse...

Patrícia:

Obrigado pela explicação. A situação no Brasil tem algumas semelhanças com a portuguesa.

Carlos Pires disse...

Mário:

Obrigado. Não conhecia esse post do Livro de Areia. A foto foi-me mandada por email há pouco tempo. O link não está clicável, mas vou deixar um link clicável noutro comentário.

Carlos Pires disse...

O Mário refere no seu comentário que já tinha escrito um post num início de ano lectivo usando aquela mesma fotografia. Não conhecia esse post, fui ver e verifiquei que ele defende ideias semelhantes às minhas: o facilitismo não é bom!
Vale a pena espreitar. AQUI.

Carlos Pires disse...

Ana Paula:

Obrigado.
Para o futuro do país e dos alunos que ligam pouco à escola, uma estrada perigosa e longa é certamente menos prejudicial que a desvalorização da aprendizagem e que o facilitismo no ensino.
O que os responsáveis políticos pela Educação em Portugal (sinistramente coadjuvados pelos especialistas em "eduquês") estão a fazer é um "crime".

Mário R. Gonçalves disse...

Obrigado, Carlos, pela correcção do link. Continuo trapalhão em e-writing...

Miguel Galrinho disse...

Excelente post. No último parágrafo, disse tudo o que há para dizer sobre a questão dos chumbos.

Simplesmente Sônia Maria disse...

Uma lição para os que tem escolas próximas, vivem com acesso fácil e desvalorizam a educação. Lindíssima foto algo tão impressionante, e excelente a reflexão da autora . Sõnia