«Muitos dos meus melhores momentos no surf têm mais que ver
com a experiência do esplendor e do poder das ondas do que com a minha aptidão
para as surfar. De facto, aquando do meu momento mais mágico de surf, não
estava sequer numa onda. Na baía de Byron, a ponta mais a leste da Austrália,
estava a remar em direção às ondas. O Sol brilhava, o mar era azul e eu estava
ciente dos milhares de milhas do oceano Pacífico, que se estende sem nenhuma
interrupção até à costa do Chile.
Um impulso de energia gerado nessa vasta extensão de água
aproximou-se de uma linha submersa de rochas e levantou-se à minha frente num
paredão verde. Quando a onda começou a quebrar-se, um golfinho saltou à sua
frente, saindo completamente da água.
Foi um momento sublime, mas não tão raro como isso. Como
muitos dos meus colegas surfistas sabem, somos o único animal que joga ténis ou
futebol, mas não o único que gosta de surfar.»
Peter Singer, Ética no Mundo Real, Edições 70, Lisboa, 2024, págs. 423-424.
Fotografia: Kalbarri, na Austrália, de Matt Hutton.
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