segunda-feira, 29 de março de 2021

Poderemos imaginar um regime político melhor do que a democracia?

Henry David Thoreau

«A evolução de uma monarquia absoluta para uma [monarquia] limitada e desta para uma democracia é o progresso do respeito pelos indivíduos. (…) Será a democracia, tal como a conhecemos, o último melhoramento possível do ato de governar? Não será possível dar-se mais um passo no reconhecimento e na organização dos direitos do homem? (…) Dá-me prazer imaginar um Estado que possa finalmente fazer justiça aos homens e tratar os indivíduos com respeito, como os vizinhos entre si.»

Henry Thoreau, A desobediência civil / Defesa de John Brown, Editora Antígona, Lisboa, 2015, pág. 49.

terça-feira, 23 de março de 2021

Subjetivismo estético



O subjetivismo estético é a «Doutrina acerca da justificação dos juízos estéticos, de acordo com a qual juízos como “x é belo” exprimem apenas os nossos sentimentos ou emoções pessoais acerca de x, independentemente de quaisquer características de x. Assim, o juízo estético, sendo subjetivo, nada mais é do que um juízo de gosto, uma vez que se limita a exprimir as nossas preferências.»

Dicionário Escolar de Filosofia, organizado por Aires Almeida, Plátano Editora, Lisboa, 2009, pág. 237.




Fernando Botero: En el parque.

Alberto Giacometti: Grande donna.

(Desconheço o autor do cartoon.)




segunda-feira, 8 de março de 2021

Webinar 'O universo não é a universidade'

Manual Dúvida Metódica autores Sara Raposo Carlos Pires

O objetivo do webinar é mostrar – usando exemplos do manual Dúvida Metódica – que é vantajoso relacionar a Filosofia com áreas não filosóficas, como as ciências, a literatura, as artes, o direito, o jornalismo e até o senso comum. 

Como é sabido, aplicar as ideias filosóficas à realidade e às vivências dos alunos facilita a compreensão e promove o interesse e a atenção. Isso pode ser feito quando se explica e discute os temas e na própria avaliação. 

O título foi inspirado por estas luminosas palavras:
"Alguns filósofos acreditam que a filosofia é uma investigação ‘pura’ que pode ser desenvolvida à margem das ciências. Não partilho esta ideia. A melhor forma de abordar os problemas da filosofia é usar todos os recursos disponíveis. W. V. Quine observou uma vez que ‘O universo não é a universidade’. A divisão da investigação humana em disciplinas distintas pode ser útil para organizar os departamentos académicos, mas tem pouco interesse quando estamos a tentar descobrir como é o mundo. (…)".

James Rachels, Problemas da Filosofia, Gradiva, Lisboa, 2009, pág. 12.

A inscrição pode ser feita AQUI.

Uma vez que não será possível oferecer ovos da Páscoa, ofereceremos alguns recursos didáticos aos participantes. 

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Um novo manual para o 10º ano


Mensagem enviada pela Editora aos professores de Filosofia anunciando o nosso projeto: 

«Somos a equipa de autores do novo projeto escolar da TEXTO para o 10.º ano de Filosofia intitulado Dúvida Metódica. Lecionamos no Agrupamento de Escolas Dr.ª Laura Ayres. Aceitámos o desafio de fazer um novo projeto escolar pela motivação de poder partilhar práticas pedagógicas que resultam da nossa experiência de ensino, que é já longa, e pelo desejo de motivar os alunos para a Filosofia e de contribuir para que alcancem uma aprendizagem efetiva.»

Oxalá gostem do projeto e este possa ser útil!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A verdade, segundo Fernando Pessoa

Relatividade, de M. C. Escher


«Quantas coisas, que temos por certas ou justas, não são mais que os vestígios dos nossos sonhos, o sonambulismo da nossa incompreensão! Sabe acaso alguém o que é certo ou justo? Quantas coisas, que temos por belas, não são mais que o uso da época, a ficção do lugar e da hora? Quantas coisas, que temos por nossas, não são mais que aquilo de que somos perfeitos espelhos, ou invólucros transparentes, alheios no sangue à raça da sua natureza!
Quanto mais medito na capacidade, que temos, de nos enganar mais se me esvai entre os dedos lassos a areia fina das certezas desfeitas. (…)
Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de porque se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e o outro outra, ou que um via um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão.
Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.»

Fernando Pessoa [Bernardo Soares], Livro do Desassossego.