quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A verdade, segundo Fernando Pessoa

Relatividade, de M. C. Escher


«Quantas coisas, que temos por certas ou justas, não são mais que os vestígios dos nossos sonhos, o sonambulismo da nossa incompreensão! Sabe acaso alguém o que é certo ou justo? Quantas coisas, que temos por belas, não são mais que o uso da época, a ficção do lugar e da hora? Quantas coisas, que temos por nossas, não são mais que aquilo de que somos perfeitos espelhos, ou invólucros transparentes, alheios no sangue à raça da sua natureza!
Quanto mais medito na capacidade, que temos, de nos enganar mais se me esvai entre os dedos lassos a areia fina das certezas desfeitas. (…)
Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de porque se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e o outro outra, ou que um via um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão.
Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.»

Fernando Pessoa [Bernardo Soares], Livro do Desassossego.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Amo a filosofia porque…

Mão com Esfera, de M. C. Escher (1935)

«A matemática não faz parte do mundo físico; faz parte da nossa representação da realidade. É um facto epistemicamente e ontologicamente objetivo que tenho cinco dedos nesta mão e cinco dedos nesta outra. Mas então surge a questão, o que é o cinco? Todos sabemos o que é um dedo, mas o que é o cinco? Amo a filosofia porque só em filosofia se permite que façamos perguntas como esta.»

John R. Searle, Da Realidade Física à Realidade Humana, Gradiva, Lisboa, 2020, pág. 44.

Desenho: Mão com Esfera, de M. C. Escher (1935).


segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

O medo é inimigo do pensamento

fake news André Carrilho

“Quando temos medo, não vemos com clareza. (…) O pensamento crítico é sempre difícil, mas é quase impossível quando estamos assustados. Não existe espaço para os factos quando a nossa mente está ocupada pelo medo.”

Hans Rosling (com Anna Rosling Rönnlund e Ola Rosling),

Factfulness - Dez razões pelas quais estamos errados acerca do mundo — e por que as coisas estão melhor do que pensamos,

Temas e Debates, Lisboa, 2019, pág. 113.

Cartoon de André Carrilho.


sábado, 5 de dezembro de 2020

Um filósofo que também viveu

Fotografia de Wolfgang Suschitzky Bertrand Russell discursando em 1962 (Committee of 100, ban-the-bomb movement)


«Bertrand Russell teve uma vida longa [1872-1970], e dedicou-se a muitíssimo mais do que a lógica e a filosofia, sendo por duas vezes candidato ao parlamento (em apoio do sufrágio feminino) e tendo feito campanhas a favor da paz e do desarmamento, tanto na Primeira Guerra Mundial, como nas últimas duas décadas de vida. Escreveu livros técnicos, mas também “populares”, fundou e durante um tempo dirigiu uma escola, foi colunista de um jornal durante vários anos, e ganhou o prémio Nobel da Literatura. A sua vida foi surpreendentemente ativa e vigorosa, sempre em defesa de causas liberais progressistas, e também radiante, devido à perspicácia, clareza e acuidade do seu espírito. 
Foi também, e por consequência, uma vida de controvérsia. O Trinity College de Cambridge tirou-lhe o emprego para o castigar devido à sua oposição à Primeira Guerra Mundial, e as suas atividades contra a guerra tiveram como resultado a prisão, tanto nessa altura como na última década de vida, neste caso devido à sua oposição às armas nucleares. Cedo na vida fez campanha a favor de perspetivas sensatas acerca do divórcio e da educação sexual; mais tarde, fez campanha contra a guerra do Vietname. Na verdade, quanto mais velho mais radical se tornava. Nos primeiros tempos de vida, era pedante (e dizia alegremente que o tinha sido), uma maneira de ser que herdara da avó austeramente moralista que o criou – a condessa Russell, viúva do antigo primeiro-ministro, conde Russell. A experiência libertou-lhe as atitudes. Casou várias vezes, e um dos seus livros mais controversos, Casamento e Moral, fez-lhe perder um emprego em Nova Iorque, em resultado de uma campanha de moralistas indignados – deixando-o quase indigente - , e quinze anos mais tarde valeu-lhe o prémio Nobel. Quando lhe foi atribuída a Ordem de Mérito, que é a distinção mais elevada possível no sistema britânico de honras, o rei Jorge VI disse-lhe, aquando da cerimónia: “Comportou-se de maneira que não seria de adotar em geral.” Ao que Russell respondeu que o que se faz depende do que se é: veja-se a diferença entre um carteiro e um rapaz traquina que toca a todas as campainhas da rua. O rei ficou sem resposta.»

A. C. Grayling, Uma História da Filosofia, Edições 70, Lisboa, 2020, pp. 399-400. 

Fotografia de Wolfgang Suschitzky: 

Bertrand Russell discursando em 1962 (Committee of 100, ban-the-bomb movement).


quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

O divino em nós

Dorothea Lange: Girl, Western Ireland (1954).

«Tal é a raça humana. De quantos animais conhecemos, é o único que tem uma parte de divino, pelo menos mais que os outros. Por consequência, devido a esse motivo, e porque a forma das suas partes externas é a mais bem conhecida, dele falaremos em primeiro lugar. Para começar, é o único que tem as partes naturais dispostas segundo a natureza: a parte superior está voltada para o cimo do universo, pois ele é o único ser ereto entre todos os animais.»

Aristóteles, As Partes dos Animais, 656 a, 

In Maria Helena da Rocha Pereira, Hélade, antologia da cultura grega, 5ª Edição, Coimbra, 1990, pp. 430-431.

Dorothea Lange: Girl, Western Ireland (1954).

domingo, 29 de novembro de 2020

Dois Humes

Roger Scruton, Breve História da Filosofia Moderna
«Podemos ler Hume de duas maneiras. Na primeira, vendo-o como um cético que defende, a partir de premissas empiristas, a ideia de que as convicções comuns quanto à possibilidade do conhecimento são indefensáveis. Na segunda, como o proponente da “filosofia natural” do homem, partindo de observações empíricas sobre a mente humana para concluir que esta foi inadequadamente compreendida pelos metafísicos. As duas leituras não são incompatíveis (…).
O “naturalismo” de Hume é newtoniano: Hume procura construir uma ciência da mente sem se basear em pressupostos infundados e apoiando-se apenas na observação. Percebemos implicitamente que rejeita as teorias dos metafísicos por não encontrar fundamento para elas. Ao mesmo tempo não gostava de passar por cético radical, pois o ceticismo radical é contranatura. Hume é um cético apenas naquela vertente moderada defendida no passado na Academia de Platão – um cético que procura refrear as pretensões da razão humana e recordar-nos da nossa natureza de seres passionais e governados pelo costume. Desse modo, quando chega a uma conclusão cética, Hume tende a dar um passo atrás, informando o leitor de que está apenas a discutir as operações da mente humana e não a criticar as crenças que espontaneamente surgem em nós. Contudo, o seu estilo irónico, e o quase impercetível piscar de olhos quando propõe as suas “soluções céticas” tornam difícil ter certezas quanto às suas intenções.» 

Roger Scruton, Breve História da Filosofia Moderna, Guerra & Paz, Lisboa, 2010, pág. 160.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Talvez não seja um falso dilema...

Será um falso dilema? exemplo de ambiguidade semântica.

Infelizmente, talvez não seja um falso dilema... Em todo o caso, é um bom exemplo de ambiguidade semântica. 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Matriz do 2º teste do 11º ano

Nils Forsberg: Dispute of Queen Cristina Vasa and René Descartes

Ano letivo: 2020/2021

Duração: 90 minutos.

Estrutura: contém itens de escolha múltipla, correspondências, itens de ordenação, itens de resposta curta, itens de resposta restrita e itens de resposta extensa.

Objetivos:
  1. Explicar o que é a Epistemologia.
  2. Diferenciar os vários tipos de conhecimento (conhecimento prático, conhecimento por contacto e conhecimento proposicional).
  3. Apresentar a definição tradicional de conhecimento.
  4. Mostrar porque é que a crença é uma condição necessária do conhecimento.
  5. Mostrar porque é que a verdade é uma condição necessária do conhecimento.
  6. Mostrar porque é que a justificação é uma condição necessária do conhecimento.
  7. Mostrar porque é que cada uma dessas condições isoladas ou agrupadas duas a duas não constituem condições suficientes do conhecimento.
  8. Explicar o que é o cepticismo e distinguir o ceticismo moderado e o ceticismo radical.
  9. Mostrar qual é, segundo o ceticismo radical, o problema da justificação.
  10. Discutir se o ceticismo radical se autorrefuta.
  11. Explicar em que consiste o argumento cético dos enganos percetivos.
  12. 12. Explicar em que consiste o argumento cético da regressão infinita da justificação.
  13. Conhecer alguns cenários céticos: sermos um cérebro numa cuba, a vida ser um sonho, a situação descrita no filme Matrix, etc.
  14. Mostrar em que medida o ceticismo lança um desafio a quem se afirma detentor conhecimento.
  15. Mostrar como é que Descartes tentou responder ao desafio cético.
  16. Explicar o que é a dúvida metódica.
  17. Explicar por que razão Descartes tinha como objetivo encontrar uma crença indubitável e básica.
  18. Indicar quais são as principais etapas do percurso da dúvida metódica.
  19. Mostrar porque é que Descartes recorreu à hipótese da vida ser um sonho.
  20. Mostrar porque é que Descartes recorreu à hipótese do Génio Maligno.
  21. Mostrar porque é que Descartes considera o Cogito como indubitável.
  22. Mostrar como é que o argumento da marca tenta provar a existência de Deus.
  23. Explicar em que consiste o critério das ideias claras e distintas.
  24. Mostrar qual é a função de Deus no sistema cartesiano.
  25. Explicar a objeção segundo a qual Descartes foi incoerente ao considerar a existência de Deus como provada.
  26. Explicar a objeção que diz: “criar a ideia de perfeição é diferente de criar a própria perfeição”.
  27. Explicar a objeção do círculo cartesiano.
  28. Avaliar e discutir a tentativa feita por Descartes para refutar o ceticismo e fundamentar o conhecimento.

O aluno deve conhecer exemplos ilustrativos de cada um dos tópicos.

Para estudar:

Fotocópias.
Fichas de trabalho e outros PDF’s colocados na Classroom.
Imagens mostradas nas aulas e colocadas na Classroom.

No blogue Dúvida Metódica:

Tipos de conhecimento (imagens com exemplos)

 

O Deco não percebe nada de Epistemologia (exemplo)

Um “sinal de Deus” será uma boa justificação?  (exemplo)

 

Uma dúvida inspiradora para os alunos do 11º ano (cartoon)


Algumas imagens que nos levam a duvidar dos nossos olhos e o cepticismo radical (vídeo com exemplos)


A minha vida é real: conhecimento ou mera crença? (
explicação do desafio cético e experiência mental do cérebro numa cuba)

 

2 Podcasts sobre Descartes: “Descartes: em busca da verdade indiscutível” e “Descartes: sair do rochedo solitário” (da autoria do professor Carlos Café)

 

O caro leitor não está a ler (noção de contradição pragmática)

 

Cartoons cartesianos

Vejo, logo aprendo (vídeos sobre Descartes)

 

Penso, logo não cozinho! (cartoon)

 

A vida será um sonho?

Objecção a Descartes: o Cogito é um entimema e não uma crença básica


segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Matriz do 2º teste do 10º ano

Lógica



Ano letivo: 2020/2021

Duração: 90 minutos.

Objetivos:

1. Nomear e explicar as relações lógicas contidas no Quadrado da Oposição.
2. Determinar o valor de verdade de proposições dadas tendo em conta o Quadrado da Oposição.
3. Negar proposições universais, particulares e singulares.
4. Explicar o que é uma conetiva (ou operador) proposicional.
5. Distinguir proposições simples e compostas.
6. Nomear as conetivas proposicionais consideradas pela lógica proposicional: negação, conjunção, disjunção (inclusiva e exclusiva), condicional e bicondicional.
7. Identificar a forma canónica e algumas formas alternativas de cada conetiva proposicional.
8. Reescrever frases com conetivas proposicionais de modo a que as proposições sejam expressas de modo canónico.
9. Identificar e usar os símbolos representativos das conetivas proposicionais (constantes lógicas).
10. Dizer o que são variáveis proposicionais.
11. Fazer o dicionário de proposições dadas.
12. Formalizar proposições dadas.
13. Reconhecer o âmbito das conetivas proposicionais usadas numa proposição.
14. Explicar a tabela de verdade de cada operador proposicional.
15. Explicar o que são condições suficientes e condições necessárias.
16. Determinar as condições de verdade de proposições compostas através da construção de tabelas de verdade.
17.   Negar proposições condicionais.
18. Explicar o que são argumentos.
19. Distinguir argumentos e não argumentos.
20. Identificar as premissas e a conclusão de argumentos dados.
21. Descobrir premissas ocultas.
22. Colocar argumentos na forma canónica.

Para estudar:

Fotocópias.

PDF’s.

domingo, 15 de novembro de 2020

David Hume



«Numa nota autobiográfica a que chamou “oração fúnebre”, o próprio David Hume escreveu o seguinte: “Fui um homem de disposições moderadas, de temperamento controlado, com um humor aberto, social e alegre, capaz de vínculos, mas pouco suscetível a inimizades, e de grande moderação em todas as minhas paixões. Mesmo o meu amor pela fama literária, a minha paixão dominante, nunca azedou o meu temperamento, apesar dos meus frequentes desapontamentos.” Este autorretrato é o que seria de esperar de alguém que disse que gostaria de ter sido encorajado a ler Cícero, em vez das Escrituras, quando era jovem; e é um autorretrato cujo rigor é confirmado por tudo o que os outros disseram dele.»

A. C. Grayling, Uma História da Filosofia, Edições 70, Lisboa, 2020, pág. 285.

Pintura: retrato de David Hume da autoria de Louis Carrogis Carmontelle.

domingo, 18 de outubro de 2020

Matriz do 1º teste do 11º ano: turmas E e F

Pintura de Augustus Edwin Mulready



Ano letivo: 2020-2021

Duração: 90 minutos

Temas: Filosofia Política (Recuperação de aprendizagens), Epistemologia.

Objetivos:

1. Dar exemplos de problemas de filosofia política.

2. Explicar em que consiste o problema da justiça distributiva.

3. Esclarecer o que é o capitalismo e o que é o comunismo.

4. Explicar, de acordo com Rawls, os conceitos de posição original e véu de ignorância.

5. Explicar cada um dos princípios de justiça propostos por Rawls.

6. Mostrar porque é que, de acordo com Rawls, o princípio da liberdade tem primazia sobre os outros.

7. Mostrar em que medida Rawls defende algumas ideias kantianas.

8. Mostrar porque é que Rawls rejeita o utilitarismo.

9. Explicar a regra maximin.

10. Analisar e discutir o argumento segundo o qual a distribuição da riqueza não se deve basear em fatores moralmente arbitrários.

11. Explicar em que medida a teoria de Rawls tenta conciliar a igualdade e a liberdade individual.

12. Explicar a teoria de Nozick (direitos invioláveis, crítica aos impostos, estado mínimo…) e mostrar em que medida constitui uma tentativa de refutar a teoria de Rawls.

13. Mostrar em que medida Nozick defende algumas ideias kantianas.

14. Explicar a teoria de Michael Sandel (importância da comunidade, eu situado…) e mostrar em que medida constitui uma tentativa de refutar a teoria de John Rawls.

15. Explicar outras objeções à teoria de Rawls.

16. Comparar a teoria de Rawls com as teorias de Nozick e de Sandel e discutir qual é a teoria mais plausível.

17. Defender uma opinião acerca do problema da justiça distributiva.

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18. Explicar o que é a Epistemologia.

19. Diferenciar os vários tipos de conhecimento (conhecimento prático, conhecimento por contacto e conhecimento proposicional).


Natureza das questões:

Escolha múltipla, correspondências, questões de resposta curta e uma questão de resposta extensa.

Para estudar:

No manual: partes assinaladas das páginas 166, 168, 169, 170, 174 (problema da justiça distributiva).

PDF´s e Fotocópias

No blogue Dúvida Metódica (opcional):


Matriz do 1º teste do 10º ano: turmas B e F




Ano letivo: 2020/2021

Duração do teste: 90 minutos

Estrutura do teste: contém itens de escolha múltipla, correspondências, itens de resposta curta, itens de resposta restrita e um item de resposta extensa.

1. Conhecer pelo menos oito exemplos de questões filosóficas.
2. Explicar porque é que as questões filosóficas são concetuais.
3. Explicar porque é que as questões filosóficas são básicas.
4. Explicar porque é que as questões filosóficas estão em aberto.
5. Distinguir questões filosóficas de questões não filosóficas em exemplos dados.
6. Mostrar porque é que a filosofia requer pensamento crítico.
7. Explicar o que é a lógica.
8. Explicar o que é uma proposição.
9. Distinguir frases que exprimem proposições de frases que não exprimem proposições.
10. Explicar o que são ambiguidades e distinguir ambiguidades semânticas e ambiguidades sintáticas.
11. Explicar porque é importante – na filosofia e noutras áreas do conhecimento - evitar ambiguidades.
12. Classificar proposições quanto à qualidade (afirmativas e negativas) e quanto à quantidade (universais, particulares e singulares).
13. Reescrever frases universais, particulares e singulares de modo a que as proposições sejam expressas de modo canónico.
14. Nomear e explicar as relações lógicas contidas no Quadrado da Oposição.
15. Determinar o valor de verdade de proposições dadas tendo em conta o Quadrado da Oposição.
16. Negar proposições universais, particulares e singulares.

Para estudar:

Partes assinaladas das páginas 9 e 10 do manual adotado. 

Fotocópias.

PDF’s.

No blogue Dúvida Metódica (opcional):



terça-feira, 13 de outubro de 2020

A filosofia e ciência ao longo da história

«Ao logo de quase toda a sua história, “filosofia” tinha como significado geral “investigação racional”, apesar de, a partir do início dos tempos modernos, no Renascimento, e até ao século XIX, ter passado mais em particular a significar aquilo a que agora chamamos “ciência”, apesar de um “filósofo” ser ainda que alguém que investigava tudo e mais alguma coisa. Daí que o Rei Lear diga a Edgar: “Deixa-me primeiro falar com este filósofo: qual é a causa da trovoada?” Na lápide de William Hazlitt, entalhada em 1820, o famoso ensaísta é descrito como “o primeiro (sem rival) Metafísico do seu tempo”, porque nessa altura o que agora chamamos “filosofia” chamava-se “metafísica”, para distingui-la do que agora chamamos “ciência”. Esta distinção era muitas vezes assinalada com a designação “filosofia moral”, para falar do que agora chamamos “filosofia”, e “filosofia natural” para falar do que agora chamamos “ciência”.

A palavra “cientista” foi introduzida muito recentemente, em 1833, dando à palavra relacionada “ciência” o sentido de referência que agora tem. Depois dessa data, as palavras “filosofia” e “ciência” assumiram os seus significados atuais, à medida que as ciências se afastavam mais e mais da investigação geral, ao se especializarem e se tornarem cada vez mais técnicas.»

A. C. Grayling, Uma História da Filosofia, Edições 70, Lisboa, 2020, pág. 17. 

(Tradução de Desidério Murcho.)


A. C. Grayling, Uma História da Filosofia


domingo, 11 de outubro de 2020

Falácia das más companhias

falácia das más companhias

A falácia das más companhias (“Guilt by association fallacy”.ou “Bad company fallacy”) é uma falácia informal que consiste em “atacar a posição de outra pessoa apenas porque foi defendida por alguém obviamente malévolo ou estúpido. (…) A sugestão é que se alguém obviamente malévolo ou estúpido defendeu aquela perspetiva, então só quem é também malévolo ou estúpido a defenderá. 
Esta forma de argumentar não é fidedigna, o que rapidamente se torna claro quando consideramos exemplos. 
Por exemplo, (…) se o leitor defendesse a legalização de algumas formas de eutanásia e alguém procurasse refutar o seu argumento chamando a atenção para o facto de Hitler ser a favor da eutanásia e ter criado um programa de eutanásia do qual resultou a morte de 70000 pacientes em hospitais, essa pessoa incorreria no uso da falácia das más companhias. (…) Neste caso, essa falácia sugere que o que Hitler aprovava era, por essa mesma razão, moralmente errado ou algo que se baseava numa crença falsa. Isto não equivale a dizer que não pode haver razões independentes em virtude das quais legalizar a eutanásia poderia ser um erro; sugere apenas que o facto de Hitler pôr em prática a política da eutanásia não é, em si, uma boa razão para evitar fazê-lo. O que precisamos é de um género de análise das semelhanças relevantes entre as duas situações. (…)
Pode ser extremamente desconfortável dar connosco a concordar com pessoas que desprezamos completamente. Todavia, isso não é suficiente para provar que o facto de Hitler acreditar em algo mostra que a crença é falsa. Afinal, Hitler acreditava que 2 + 3 = 5 e que Berlim fica na Alemanha. O que esta forma de argumento ignora é que as pessoas más e estúpidas não só têm inúmeras crenças falsas, mas também muitas crenças verdadeiras. (…)
Embora Hitler tenha defendido muitas práticas perversas e tenha sido responsável por alguns dos piores crimes conhecidos contra a Humanidade, não se segue que tudo aquilo que defendeu ou em que acreditava era moralmente errado ou falso.”

Nigel Warburton, Pensar de A a Z, Editorial Bizâncio, Lisboa, 2012, pp. 128-130. 

Esta falácia é muitas vezes designada por “argumentum ad Hitlerum” (ou “Reductio ad Hitlerum”), mas “falácia das más companhias” é um nome preferível, na medida em que é mais abrangente. Com efeito, além de Hitler há muitas outras más companhias a que se pode apelar para desacreditar um argumento ou ideia. 
Em Portugal, por exemplo, esse apelo ocorre por vezes com Salazar. 

terça-feira, 6 de outubro de 2020

O argumento cético da regressão infinita da justificação: sabemos realmente que “Portugal situa-se na Europa”?


«O ceticismo, na sua versão mais extrema, é a ideia de que o conhecimento não é possível (…), pois as crenças das pessoas podem não estar justificadas. 
Como prova o cético esta ideia? É possível defendê-la apelando, por exemplo, aos erros e ilusões dos sentidos ou às limitações da memória e da razão. Mas também é possível defendê-la com um argumento mais geral que vise mostrar que nunca podemos justificar as nossas crenças e, portanto, que é sempre possível que estejamos enganados acerca delas.
Para vermos como, pensemos numa qualquer afirmação de cuja verdade julguemos estar absolutamente certos, como, por exemplo, que “A Lua é o único satélite natural da Terra”, ou que “Portugal situa-se na Europa”. A questão crucial é esta: que justificação temos para estarmos certos da sua verdade? Temos de ter uma justificação, claro. Caso contrário essas crenças não constituem conhecimento. Podemos justificar as nossas crenças dizendo, por exemplo, que as aprendemos na escola com os nossos professores de Geografia ou de Ciências da Natureza, que, dada a sua formação, são especialistas no assunto. O que fizemos, deste modo, foi justificar uma crença com outra crença. Mas isto, como é óbvio, levanta uma outra questão: que justificação temos para esta nova crença? Esta crença está, afinal de contas, numa posição similar à primeira. Se essa precisa de uma justificação, porque sem ela não constitui conhecimento, o mesmo se passa com esta. E, evidentemente, se esta não constitui conhecimento, também não pode justificar a primeira. Uma forma de justificar esta segunda crença é, claro, recorrer a uma outra da qual ela possa derivar. É fácil ver, no entanto, que o mesmo problema se colocará em relação a essa nova crença. Também ela precisará de uma justificação. Cada afirmação precisa de uma justificação e a justificação de uma nova justificação, numa regressão sem fim. Desse modo, parece, nem a primeira nem qualquer das outras crenças está justificada.»

Álvaro Nunes, “O problema do ceticismo”, Revista Crítica - https://criticanarede.com/anunesoproblemadoceticismo.html (adaptado). 

Imagem: desenho do filósofo cético Pirro (c. 360 a.C - 270 a.C.).

domingo, 6 de setembro de 2020

O que é um filósofo?

Mary Warnock

«"O que faz de alguém um filósofo, além de ser considerado como tal pela universidade?” Primeiro, penso que um autor tem de dar atenção a questões com um alto grau de generalidade, e tem de se sentir à vontade com as ideias abstractas. Não é suficiente procurar a verdade, pois podemos estabelecer a verdade com respeito a factos particulares; isso pode ser o objectivo dos historiadores, ou dos romancistas que procuram dizer de forma imaginativa como as coisas são, num certo sentido. Um filósofo diria também sem dúvida que procura a verdade, mas está interessado em seja o que for que está por detrás dos factos particulares da experiência, dos pormenores da história; um filósofo ocupa-se do significado subjacente da linguagem que nós usamos habitualmente e sem pensar, das categorias em função das quais organizamos a nossa experiência. Assim, esse filósofo ou filósofa diria não apenas que procura a verdade, mas que procura uma verdade, ou teoria, que explique o particular e o pormenor e o quotidiano.»

Mary Warnock, Women Philosophers,


(Tradução de Desidério Murcho.)

sábado, 5 de setembro de 2020

Contas à vida




AMANHÃ, VOU SER OPERADA

A morte veio e ficou ao meu lado.
Eu disse: estou pronta.
Estou deitada numa cama da Clínica Cirúrgica de Cracóvia.
Amanhã
vou ser operada.
Há muita força em mim. Posso viver,
posso correr, dançar e cantar.
Tudo isso está em mim, mas se for necessário,
partirei.

Hoje
faço contas à minha vida.
Eu era uma pecadora,
batia com a cabeça contra a terra,
implorava à terra e ao céu
que me perdoassem.

Eu era bonita e feia,
sábia e estúpida,
muito feliz e muito infeliz,
frequentemente tinha asas
e flutuava no ar.

Percorri mil caminhos ao sol e na neve,
dancei com o meu amigo sob as estrelas.
Eu vi amor
em muitos olhos humanos.
Comi com prazer
a minha fatia de felicidade.

Agora estou deitada numa cama da Clínica Cirúrgica de Cracóvia.
Ela está comigo.
Amanhã
vão-me operar.
Pela janela as árvores de maio, lindas como a vida,
e em mim, humildade, medo e paz.

Poema de Anna Swir, traduzido por Jorge Sousa Braga.

Anna Swir nasceu em 1909 na cidade de Varsóvia e morreu em 1984, em Cracóvia.

O poema foi escrito enquanto estava no leito da morte.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Em que pensa um homem livre?

pintura de rua de The Rebel Bear, em Glasgow, na Escócia

«O homem livre em nada pensa menos que na morte, e a sua sabedoria não é uma meditação da morte, mas da vida.

O homem livre, isto é, aquele que vive segundo o ditame da Razão, não é levado pelo medo da morte, mas deseja diretamente o bem, isto é, deseja agir, viver e conservar o seu ser segundo o princípio da utilidade própria; e, por conseguinte, em nada pensa menos que na morte, mas a sua sabedoria é meditação da vida.»

 Bento de Espinosa, Ética, IV (Proposição LXVII e respetiva Demonstração), Relógio d’ Água, Lisboa, 1992, pp. 423-424 (tradução de Joaquim de Carvalho).

Imagem: pintura de rua de The Rebel Bear, em Glasgow, na Escócia.  


domingo, 9 de agosto de 2020

Falsa dicotomia

Falso dilema estás connosco ou estás contra nós

«Uma falsa dicotomia [ou falso dilema] é uma perspetiva enganadora das alternativas disponíveis. Ocorre quando alguém apresenta uma dicotomia de tal modo que parece haver apenas duas alternativas quando na verdade há mais.

Por exemplo, na maioria dos contextos, a expressão “se não estás connosco, estás contra nós” [logicamente equivalente a “estás connosco ou estás contra nós”] é uma falsa dicotomia, visto que ignora uma terceira possibilidade (ser totalmente indiferente ao grupo em causa) e também uma quarta: a de não ter ainda não ter decidido *. (…)

As falsas dicotomias podem apresentar-se acidental ou deliberadamente (talvez isto seja também uma falsa dicotomia). Quando são acidentais, resultam de uma avaliação imprecisa das posições disponíveis; quando deliberadas são uma forma de sofística.»

Nigel Warburton, Pensar de A a Z, Editorial Bizâncio, Lisboa, 2012, pp. 147-148 (tradução de Vítor Guerreiro).

 * No cartoon é apresentada uma quinta possibilidade, de resto muito plausível.

 Fonte do cartoon: PhilosophyMatters

sábado, 8 de agosto de 2020

O desejo de saber

Alegoria da filosofia e da gramática, pintura de Gentile da Fabriano


«Um espírito cultivado – e não estou a pensar no de um filósofo, mas em qualquer um para o qual as fontes do conhecimento tenham sido abertas, e que tenha sido minimamente ensinado a exercer as suas faculdades – encontra fontes de inexaurível interesse em tudo quanto o rodeia; nos objetos da natureza, nos feitos da arte, nas imagens da poesia, nos incidentes da história, nos costumes da humanidade, do passado e do presente, e nas suas perspetivas futuras. (…)
Não há absolutamente qualquer razão na natureza das coisas para que uma quantidade de cultura do espírito suficiente para despertar um interesse inteligente nestes objetos de contemplação não seja a herança de todos quantos [tenham acesso à educação adequada] (…).» 

John Stuart Mill, Utilitarismo, Gradiva, Lisboa, 2005, pp. 59-60.

(Tradução de F. J. Azevedo Gonçalves.) 

Imagem: Alegoria da filosofia e da gramática, de Gentile da Fabriano.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Chegar ao outro lado


Lendo as opiniões que muitos professores de Filosofia expressam nos jornais e nas redes sociais, e ouvindo certas conversas nas escolas, percebe-se rapidamente que há bastantes divergências acerca de coisas importantes como, por exemplo, as metodologias de ensino, as finalidades da avaliação e, naturalmente, a natureza da própria filosofia. 
Há várias linhas de separação, mas a principal talvez seja entre os defensores da chamada “filosofia analítica” e aqueles que a criticam ou, pelo menos, não se reveem nela. 
A existência de divergências de opinião não é um mal (antes pelo contrário), nomeadamente numa disciplina que se dedica há séculos a debater problemas em aberto e sem respostas consensuais. 
Mas, dado que existem também algumas incompreensões mútuas e as discussões parecem muitas vezes conversas de surdos, talvez fosse bom fazer alguma coisa para promover a compreensão mútua e tornar os debates mais profícuos. 
Até porque esses desentendimentos, que frequentemente tocam a hostilidade, têm uma dimensão prática importante, pois incidem muitas vezes nos documentos que têm orientado o ensino da disciplina [Programa de Filosofia - 10.º e 11.º anos; Aprendizagens Essenciais] e servido de referencial para o exame nacional de Filosofia. Tanto a qualidade como a legitimidade desses documentos têm sido postas em causa. Alguns professores criticam o Programa, outros criticam as Aprendizagens Essenciais e outros criticam ambas as coisas. Creio que essa situação não credibiliza os professores de Filosofia e não fornece poder reivindicativo junto do governo, por exemplo para reclamar mais tempo para a disciplina (não devemos esquecer que, em muitas escolas, a carga horária de Filosofia é apenas 150 m). 
Mas fazer o quê?
Parece-me que tem de ser algo mais do que publicar bons livros ou promover boas conferências explicando os méritos da filosofia analítica e da filosofia não analítica (chame-se-lhe “continental” ou outra coisa qualquer), pois isso não tem sido suficiente para chegar ao “outro lado”. 
Talvez algo mais prático. Por exemplo, um encontro de professores (se possível presencial) em que professores com perspetivas diferentes, nomeadamente “analíticos” e “não analíticos”, em total igualdade de condições, pudessem mostrar uns aos outros, e aos assistentes, experiências / propostas pedagógicas significativas e representativas da sua perspetiva. 
Isso não mudaria certamente (e ainda bem!) as ideias divergentes da maioria dos envolvidos, mas talvez mostrasse que é possível ensinar bem filosofia quer de modo analítico quer de modo não analítico, que as semelhanças são mais significativas que as diferenças e que não há razões filosóficas ou pedagógicas substanciais que impeçam a existência de um programa de Filosofia em que a generalidade dos professores, independentemente das suas perspetivas teóricas, se reconheça.  
Se as organizações representativas dos professores de Filosofia organizarem uma coisa do género, ou então algo diferente mas com a mesma intenção, eu inscrevo-me no próprio dia e pago sem refilar (embora ache que devia ser gratuito). 

Imagem: pormenor de A Escola de Atenas, de Rafael. 



terça-feira, 7 de julho de 2020

Um filósofo que começou a sua carreira a estudar Psicologia e o exame nacional de Filosofia



O filósofo Colin McGinn, apesar de se interessar por filosofia desde a adolescência, estudou psicologia na Universidade (provinha de uma família pobre e por isso pareceu-lhe necessário estudar algo mais prático e profissionalmente promissor). Contudo, o seu interesse pela filosofia não desapareceu e acabou mesmo por se inscrever no curso de filosofia, onde tinha colegas que já estudavam filosofia há mais tempo e que mostravam ter muitos conhecimentos que ele não tinha. Apesar disso, decidiu concorrer ao prestigiado prémio John Locke, cujo vencedor recebia uma recompensa monetária e muito prestígio. Para sua surpresa, ficou em primeiro lugar. Na sua autobiografia (intelectual) Colin McGinn explicou o sucedido do seguinte modo:

“Olhando para trás, julgo que o que aconteceu é que a minha inexperiência relativa funcionou a meu favor, pois tive de lutar para criar as minhas próprias respostas às perguntas, devido à falta de conhecimento sobre o que os outros tinham dito. Em vez de encher as minhas respostas com demasiado conhecimento em segunda mão retirado da bibliografia filosófica, fui forçado a prosseguir com uma linha de pensamento da minha autoria, mostrando assim uma capacidade para participar com pensamento filosófico original.” 

Colin McGinn, Como se faz um filósofo, Bizâncio, Lisboa, 2007, pág. 96 (tradução de Célia Teixiera).

Oxalá amanhã, no exame nacional de Filosofia, os alunos portugueses também consigam ir além dos conhecimentos adquiridos e acrescentem linhas de pensamento da sua autoria!

domingo, 21 de junho de 2020

A filosofia por vezes vai ao cinema


Muitas pessoas «acham que a vida não tem sentido sem Deus, e que a perspetiva de nada haver para além da morte torna a vida paralisantemente vazia. Esta visão é expressa numa cena de um filme de Bergman, O Sétimo Selo (1957), em que o cavaleiro medieval fala com a figura encapuzada da morte. [O cavaleiro joga uma partida de xadrez com a Morte para tentar adiar a sua morte.]

“Cavaleiro: Eu quero o conhecimento! Não a fé, nem presunções, quero o conhecimento! Quero que Deus me estenda a sua mão, que me mostre a sua face e fale comigo.
Morte: Mas Ele permanece em silêncio.
Cavaleiro: Eu chamo por Ele na Escuridão. Mas é como se não estivesse lá ninguém.
Morte: Se calhar é porque não está lá ninguém.
Cavaleiro: Então a vida é um tremendo absurdo. Ninguém pode viver confrontado com a morte se souber que tudo se resume a nada.”»
Dan O’ Brien, Introdução à Teoria do Conhecimento, Gradiva, Lisboa, 2013, pág. 349.

A filosofia por vezes vai ao cinema. Neste pequeno diálogo encontramos referências a diversos tópicos filosóficos:

- o problema do sentido da vida (e a perspetiva de que esta sem Deus é absurda);
- o chamado “argumento da ocultação divina”, contra a existência de Deus (“chamo por Ele na Escuridão. Mas é como se não estivesse lá ninguém”);
- a rejeição do fideísmo (“quero o conhecimento! Não a fé”);
e, talvez mais discutivelmente,
- a falácia do apelo às consequências (alegar que uma ideia é verdadeira ou falsa em função das suas consequências serem desejadas ou indesejadas – o cavaleiro sugere que Deus tem de existir senão “a vida é um tremendo absurdo”). 

terça-feira, 16 de junho de 2020

Recursos de Filosofia: Para terminar a Filosofia da religião com humor e sentido crítico


“Para terminar a Filosofia da religião com humor e sentido crítico”
Desta vez a proposta de trabalho que eu e a Sara Raposo elaborámos para a Aula Digital da Leya prende-se com a Filosofia da religião.
Como se depreende pelo título, a ideia é terminar a lecionação do capítulo com alguma leveza e boa disposição.
A proposta inclui um guião de análise de três vídeos: duas divertidas Mixórdias de Temáticas, de Ricardo Araújo Pereira, e o um excerto do célebre “Porque não sou cristão?”, de Bertrand Russell, onde este faz considerações críticas de perspetivas como a “aposta de Pascal”. Inclui também propostas de resolução.
Os sketches de RAP (intitulados “Deus visita indivíduo” e “Com vontade política tinha-se feito isto sem pó”) tocam - modo divertido e inteligente - diversos tópicos deste capítulo, com a vantagem adicional de mostrar que os assuntos filosóficos se podem encontrar no dia a dia.

Para aceder basta fazer uma rápida inscrição e depois visualizar o menu de recursos na Aula Digital.

Oxalá possa ser útil!