O filósofo Colin McGinn, apesar de se interessar por filosofia desde a adolescência, estudou psicologia na Universidade (provinha de uma família pobre e por isso pareceu-lhe necessário estudar algo mais prático e profissionalmente promissor). Contudo, o seu interesse pela filosofia não desapareceu e acabou mesmo por se inscrever no curso de filosofia, onde tinha colegas que já estudavam filosofia há mais tempo e que mostravam ter muitos conhecimentos que ele não tinha. Apesar disso, decidiu concorrer ao prestigiado prémio John Locke, cujo vencedor recebia uma recompensa monetária e muito prestígio. Para sua surpresa, ficou em primeiro lugar. Na sua autobiografia (intelectual) Colin McGinn explicou o sucedido do seguinte modo:
“Olhando para trás, julgo que o que aconteceu é que a minha inexperiência relativa funcionou a meu favor, pois tive de lutar para criar as minhas próprias respostas às perguntas, devido à falta de conhecimento sobre o que os outros tinham dito. Em vez de encher as minhas respostas com demasiado conhecimento em segunda mão retirado da bibliografia filosófica, fui forçado a prosseguir com uma linha de pensamento da minha autoria, mostrando assim uma capacidade para participar com pensamento filosófico original.”
Colin McGinn, Como se faz um filósofo, Bizâncio, Lisboa, 2007, pág. 96 (tradução de Célia Teixiera).
Oxalá amanhã, no exame nacional de Filosofia, os alunos portugueses também consigam ir além dos conhecimentos adquiridos e acrescentem linhas de pensamento da sua autoria!
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