«Antes de surgir a crença de que
o mundo no seu todo está sob o controlo soberano de um único ser, as pessoas
acreditavam amiúde numa pluralidade de seres divinos ou deuses, posição
religiosa a que se chama politeísmo. Na antiguidade grega e romana, por exemplo,
os diversos deuses controlavam diferentes aspetos da vida, de modo que se
venerava, naturalmente, vários deuses — um deus da guerra, uma deusa do amor, e
por aí em diante. Às vezes, porém, podia‐se acreditar que há diversos deuses
mas venerar apenas um, o deus da própria tribo, posição religiosa a que se
chama henoteísmo. No Antigo Testamento, por exemplo, há referências frequentes
a deuses de outras tribos, embora os hebreus se mantenham fiéis ao seu próprio
deus, Jeová. Lentamente, porém, surgiu a crença de que o nosso próprio deus é o
criador do Céu e da Terra, o deus que não é apenas o da nossa própria tribo mas
de todos, perspetiva religiosa a que se chama monoteísmo. (…)
[Segundo a conceção teísta] Deus não está em qualquer local ou região do espaço físico. É um ser
puramente espiritual, um ser pessoal, perfeitamente bom, omnipotente,
omnisciente, que criou o mundo, mas não faz parte dele. É distinto do mundo,
não está sujeito às suas leis, julga‐o, orienta‐o para o seu desígnio final.
Esta ideia bastante majestosa de Deus foi lentamente desenvolvida ao longo dos
séculos por grandes teólogos ocidentais como Agostinho, Boécio, Boaventura,
Avicena, Anselmo, Maimónides e Tomás. Tem sido a ideia dominante de Deus na
civilização ocidental.»
William L. Rowe, Introdução à
Filosofia da Religião, Verbo, 2011, pp. 11-12.
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