quarta-feira, 8 de abril de 2020

A origem do orgulho em si próprio

Vaidade, de Auguste Toulmouche (1829 - 1890)


«Acontece muitas vezes que, depois de termos vivido tempo considerável numa cidade mesmo que a princípio esta possa ter-nos desagradado à medida que nos familiarizamos com os objetos e nos familiarizamos mesmo que apenas com as ruas e edifícios, a nossa aversão diminui gradualmente e por fim transforma-se na paixão contrária. A mente encontra satisfação e à-vontade ao ver os objetos aos quais está habituada e prefere-os naturalmente a outros que, embora talvez em si mais valiosos, lhe são menos conhecidos. A mesma qualidade da mente leva-nos a ter boa opinião de nós próprios e de todos os objetos que nos pertencem. Estes objetos aparecem a uma luz mais forte, são mais agradáveis e por conseguinte mais apropriados do que qualquer outro para se tornarem motivos de orgulho e vaidade.»

David Hume, Tratado da Natureza Humana, Gulbenkian, Lisboa, 2012, pág. 415.

Pintura: Vaidade, de Auguste Toulmouche (1829 - 1890).

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