«Acontece muitas vezes que, depois de termos vivido tempo
considerável numa cidade mesmo que a princípio esta possa ter-nos desagradado à
medida que nos familiarizamos com os objetos e nos familiarizamos mesmo que
apenas com as ruas e edifícios, a nossa aversão diminui gradualmente e por fim
transforma-se na paixão contrária. A mente encontra satisfação e à-vontade ao
ver os objetos aos quais está habituada e prefere-os naturalmente a outros que,
embora talvez em si mais valiosos, lhe são menos conhecidos. A mesma qualidade
da mente leva-nos a ter boa opinião de nós próprios e de todos os objetos que nos
pertencem. Estes objetos aparecem a uma luz mais forte, são mais agradáveis e
por conseguinte mais apropriados do que qualquer outro para se tornarem motivos
de orgulho e vaidade.»
David Hume, Tratado da Natureza Humana, Gulbenkian, Lisboa,
2012, pág. 415.
Pintura: Vaidade, de Auguste Toulmouche (1829 - 1890).
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