Todos ou quase todos os povos têm religião. Mas não a mesma religião. Existem muitas religiões diferentes. Os antigos gregos, por exemplo, acreditavam em vários deuses e imaginavam-nos semelhantes aos humanos, embora muito mais poderosos. Os hindus também acreditam em vários deuses. Muito diferentes dessas religiões políteístas são as religiões monoteístas, em que se acredita num único Deus. As três principais religiões monoteístas são o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
Como é sabido, essas religiões são bastante diferentes entre si. Contudo, têm uma conceção semelhante de Deus, conhecida por teísmo.
Quando na filosofia da religião se discute se Deus existe ou não tem-se em mente o conceito teísta de Deus, e não os deuses das religiões politeístas.
Segundo o teísmo, Deus é um ser omnipotente, omnisciente, omnipresente, criador do universo, eterno, incorpóreo, sumamente bom e pessoal. Dizer que Deus é uma pessoa (embora muito diferente das pessoas humanas) é dizer que é um ser dotado de consciência e capaz de agir – e não uma espécie de energia ou força da natureza1.
A discussão filosófica dos argumentos clássicos2 a favor e contra a existência de Deus pode e deve ser feita sem considerar as diferenças existentes entre as religiões que partilham a conceção teísta de Deus3. Nenhum desses argumentos implica, por exemplo, qualquer referência a Moisés, Jesus Cristo ou Maomé.
Notas:
1 A conceção de Deus como uma espécie de energia ou força da natureza chama-se deísmo.
2 A favor: argumento do desígnio, argumento cosmológico e argumento ontológico. Contra: problema do mal.
3 Para um desenvolvimento maior dessa ideia ler: Deus? Qual deles?
Leituras:
Agnaldo Cuoco Portugal, “Filosofia da Religião”, em Filosofia – uma introdução por disciplinas, organização de Pedro Galvão, Edições 70, Lisboa, 2012.
Aires Almeida e Desidério Murcho, 50 Lições de Filosofia – 10º, Didática Editora, Lisboa, 2013.