Um dos posts do Homo Politicus.
Não se inscreveram alunos suficientes a Ciência Política para que no próximo ano letivo a disciplina possa abrir.
Lamento muito esse facto, por três razões diferentes.
Em primeiro lugar, porque considero que a Sara fez um excelente trabalho como professora de Ciência Política (como qualquer pessoa pode constar através do Homo Politicus) e merecia dar continuidade ao projeto. Até porque, como é óbvio para quem conhece a Sara, ela não iria sentar-se à sombra da bananeira e tentaria fazer ainda melhor.
Em segundo lugar, porque é uma disciplina interessante e útil, que traria algo de novo aos alunos – tanto de Humanidades como de Ciências.
Em terceiro lugar, porque isso encolhe a oferta formativa da escola: uma ESPR com Ciência Política no currículo seria uma ESPR melhor. Uma prova de que a variedade da oferta formativa oferecida por uma escola aos alunos é fundamental é que todos os anos há alunos que saem da ESPR descontentes com o leque de opções existentes no 12º ano. Por isso, o que está em causa não é apenas a Ciência Política, mas sim a diversidade de escolhas.
O facto de não ter havido inscrições suficientes para a disciplina de Ciência Política funcionar deixa-me com algumas dúvidas e questões.
Talvez seja ingenuidade, mas surpreende-me que muitos alunos tenham como principal critério de escolha a facilidade ou dificuldade de uma disciplina e não o seu interesse intelectual ou sequer a sua utilidade futura.
Na ESPR temos de nos questionar acerca do modo como os alunos são informados acerca do currículo, das opções que nele existem e das consequências futuras de fazer esta ou aquela escolha.
Na ESPR temos também de nos questionar acerca da fronteira entre informação e persuasão, porque não é ético que um professor, a pretexto de informar os alunos acerca dos temas e das saídas profissionais desta ou daquela disciplina, aproveite para influenciar os alunos e condicionar a sua escolha. Persuadir desse modo tem um nome: manipulação.
Na ESPR temos ainda de nos questionar acerca do modo como a escola apoia e divulga (se é que apoia e divulga) as boas práticas que cá existem – e é inequívoco que o trabalho feito pela Sara em Ciência Política merece essa qualificação.
Publicamente é isto que quero dizer, mas espero que internamente o debate possa ir mais longe.
1 comentário:
Concordo, por inteiro, com os argumentos apresentados. São válidos para todas as disciplinas e melhor seria que se estipulassem as disciplinas a oferecer, em função da real e exigente formação dos alunos/cidadãos e não pelos critérios de facilidade que têm imperado. Aliás, sempre tenho chamado a isto a democracia da ignorância, uma vez que os mais desinformados e alheados do que lhes é fundamental é que imperam, sobre os que pretendem a seriedade, mas acabam vencidos pelos primeiros.É o reino da ignorância!
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