sábado, 13 de dezembro de 2008

O sono da razão produz monstros


Demitir-nos de utilizar a nossa capacidade de pensar e argumentar, na nossa vida privada e na vida pública, leva-nos a ficar prisioneiros de monstros. Estes podem surgir sob formas diferentes: emoções, preconceitos, crenças irracionais, a opinião da maioria, o prazer imediato, a autoridade de alguém, o poder, etc.
Qualquer que seja o caso, para resistir a essa submissão, um pouco de cepticismo (duvidar até compreender e saber justificar racionalmente) é saudável e ajuda-nos a não perder o pé, a não esquecer aquilo que é verdadeiramente importante.
Estou a pensar, por exemplo, na minha actividade de professora, em que o essencial consiste
- segundo me parece - em preparar adequadamente (com correcção científica e pedagógica) as aulas, de modo a fornecer conhecimentos e a desenvolver nos alunos uma atitude crítica e em incutir-lhes o gosto pelo saber e alguns hábitos de trabalho.
Muitas vezes, no meio da ideologia veiculada pelo Ministério da Educação, da ausência de quaisquer ideias correctas acerca do que é educar, da balbúrdia legislativa, da exaustão física, é difícil resistir e evitar a sonolência da razão.
Mas há que não esquecer o essencial, sob pena dos monstros…
Nota: A gravura é do pintor espanhol Goya (1784-1828) e intitula-se "O sono da razão produz monstros".

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