segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A opinião dos alunos sobre a moralidade ou a imoralidade da mentira

Pinóquio

Na minha opinião, mentir não é moralmente correto. Mas isso não significa que não o possamos fazer quando enfrentamos situações em que mentir é a nossa única opção para que ninguém - próximo de nós e de quem gostamos - saia prejudicado.

Para responder a esta questão temos de analisar as hipóteses mais extremas e depois criar, se for possível, uma hipótese aplicável a todos os casos. Assim, se pensarmos que mentir é sempre correto, acabamos por tornar esta crença num hábito que acaba por prejudicar as nossas relações na sociedade, pois as pessoas começam a aperceber-se de que estão sempre a ser enganadas e acabam por perder a confiança em nós, marginalizando-nos direta ou indiretamente. Por outro lado, se considerarmos verdadeira a crença que diz que nunca se deve mentir, poderemos acabar por ser confrontados com uma situação em que se dissermos a verdade, ficamos prejudicados ou, então, as outras pessoas próximas de nós. Um bom exemplo deste caso é o seguinte: se nos aparecesse à porta a nossa mãe e nos dissesse que se ia esconder de um assassino e ele aparecesse mais tarde, com uma faca na mão - extremamente exaltado e agressivo - e nos perguntasse onde é que a nossa mãe estava, diríamos o local exato onde ela se encontrava só porque devemos dizer sempre a verdade?

Obviamente que não. Mentiríamos e tentaríamos arranjar forma de apanhar este assassino, salvando quem nós gostamos. Ao pensarmos em dizer só a verdade ou só a mentira, acabamos por ter um pensamento acrítico em relação à solução do problema porque nunca questionamos se haveria uma outra solução mais correta e se a que nós optámos seria a melhor. Por isso, é que tem de haver um meio termo: não devemos mentir sempre, nem dizer sempre a verdade, temos de escolher - de forma consciente e racional - dependendo da situação e de forma a beneficiar a maior quantidade de pessoas possível.

Alexandre Mendes, 10º B

Penso que é preciso ter em conta que a moralidade ou não de uma conduta não se deve somente aos efeitos do ato praticado mas também à intenção, motivação e à finalidade com que a ação é realizada.
Habitualmente, a mentira é uma coisa má, quando está associada a intenções egoístas, visa mais o meu bem do que o do outro, por exemplo. Todavia, há muitas situações onde a mentira é lícita. Se numa unidade oncológica o meu familiar perceber que há uma agitação dos enfermeiros e me perguntar se o "senhor do quarto ao lado" morreu, é de todo positivo mentir. Aliás, as comissões de ética hospitalar a isso aconselham. Não devemos esquecer que devemos ponderar sempre a mentira em função desta linha de conduta: procuro a minha realização ou a felicidade do outro ou dos outros?

Nelson Rodrigues (antigo aluno)

A meu ver, não é moralmente correto mentir, mas há exceções. Quem mente sem necessidade, com o tempo começa a fazê-lo por hábito. Depois pode acontecer que ao refletir sobre o que tem sido a sua vida chegue à conclusão que tudo o que tem dito, feito, passado e talvez vivido não é verdadeiro nem autêntico.

Imaginemos que estamos a passear e, por acaso, vemos um amigo nosso a correr numa direção. Embora o questionemos para onde vai, ele - em pânico - diz não ter tempo para explicar e ficamos a vê-lo seguir num dado caminho. Passado poucos segundos, vemos um homem com mau aspeto e armado. Este pergunta-nos para onde foi o nosso amigo. É verdade que mentir não é correto. Porém, nesta situação, tenho a certeza que ninguém hesitaria em fazê-lo, mesmo quem defendesse que mentir é errado. Para além de ser um amigo nosso que está a correr risco de vida, ao dizermos a direção que este tomou é certo que o homem vai atrás dele e vai tirar-lhe a vida. Com efeito, nestas circunstâncias pode colocar-se outra questão: é moralmente correto tirar a vida a alguém? Não. E, embora não o façamos diretamente, ao estarmos a ajudar o sujeito estamos a fazer com que o nosso amigo perca a vida. Mentir não é correto. Porém, como em tudo, há casos e casos e nas decisões que tomamos temos de ter em conta os valores que são prioritários para nós. Assim, se para nós for prioritário dizer sempre - sem exceções - a verdade, acabamos por fazer com que o nosso amigo perca a vida. No entanto, se for prioritário salvar a vida de um ser humano, ainda por cima o nosso amigo, então aí não hesitaremos em mentir.

Miguel Dionísio, 11ºD

“Não há mentira, apesar do que se diz, sem intenção, desejo ou vontade de enganar”

Santo Agostinho

Mentir é moralmente (in)correto?

Costumo aceitar, tal como a maioria das pessoas, a ideia de que “a verdade é de cada um”. Contudo, se a verdade dependesse apenas de um ponto de vista subjetivo, como poderíamos distinguir a verdade da mentira?

Eu penso que todos nós temos a capacidade de destacar a mentira da omissão e da privacidade.
O facto de se mentir pode ter razões mais justificáveis ou menos justificáveis. Por exemplo: muitas vezes as pessoas, especialmente adolescentes, mentem devido a insegurança e baixa autoestima que têm, tentando transmitir uma outra imagem de si e acreditando ser essa a melhor. Este é um dos casos em que, a meu ver, a mentira é moralmente incorreta. Cada um de nós tem uma forma específica de pensar, de agir, de falar, de andar, de se vestir, que por vezes pode assemelhar-se mais aos comportamentos do grupo social onde estamos inseridos, ou então, pode assemelhar-se muito pouco. No entanto, isso não faz de nós menos pessoas ou menos especiais. Sempre ouvi dizer que cada um é belo a sua maneira.
Um outro exemplo são os indivíduos que sofrem de demência, esquizofrenia, delírio crónico, depressão grave e sintomas psicóticos. Estas são algumas doenças que levam o indivíduo a criar o seu próprio mundo e a viver, muitas vezes, uma realidade completamente diferente da nossa, sem ter consciência do que o rodeia. O ato de mentir neste caso não é condenável do ponto de vista ético, visto que tais pessoas não têm noção daquilo que fazem ou falam e por isso não lhes podemos atribuir responsabilidade moral.
Os outros dois conceitos - privacidade e omissão - nada têm a ver com a mentira. Muitas vezes as pessoas afirmam que se alguém nos fizer uma pergunta de caráter pessoal e nós não quisermos dizer a verdade, por vários motivos (como a privacidade, a própria segurança), estamos a mentir. Eu considero que isso não é mentir, é simplesmente passar uma informação falsa (no caso de haver uma resposta à respetiva pergunta) ou então omitir, pois todos nós temos direito à nossa privacidade.

Maria Bumbuk, 11º F

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