terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Estudar Filosofia: evita choques elétricos e malentendidos no namoro

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Atenção: no título atribuído a este post estou mesmo a falar a sério!

Vejam nas seguintes situações (exemplos que utilizei no último teste de avaliação):

O Ernesto está a renovar a instalação elétrica da sua casa. Está prestes a tocar num fio quando, de súbito se pergunta se terá desligado a corrente e faz o seguinte raciocínio: “Se a corrente estiver desligada, então a luz não se acenderá. A luz não acende. Logo a corrente está desligada.” Confiante de que estará em segurança, o Ernesto toca no fio e apanha um choque. Afinal, a lâmpada estava fundida! (Adaptado do texto de Stephen Law, Filosofia, ed. Civilização, pág. 204)

É claro que se o Ernesto conhecesse as formas válidas e inválidas dos argumentos condicionais, saberia que o seu argumento é incorreto do ponto de vista formal. Na verdade, trata-se da falácia da afirmação da consequente e a conclusão a que ele chegou é, obviamente, falsa.

E eis o "poder" (citando as palavras de um dos meus alunos do 10º ano) do estudo da Lógica formal: ao ensinar-nos como devemos raciocinar de forma válida, evita que apanhemos choques eléctricos! Mas este "poder" não se fica por aqui, pode também evitar equívocos entre namorados e decisões precipitadas. Ora, vejam a seguinte situação, bastante trivial:

A Felismina, que tem algumas dúvidas sobre a paixão do Hipólito por ela, pensou assim:

image A fotografia foi tirada deste sítio.

"Se o Hipólito não quiser sair mais comigo, então dirá, ao telefone, que está ocupado hoje. Como ele disse ao telefone que estava ocupado hoje. Posso concluir que ele não quer sair mais comigo." E decidiu, por isso, acabar o namoro. (Adaptado do texto de Stephen Law, Filosofia, ed. Civilização, pág. 204)

Se a Felismina tivesse estudado Filosofia, saberia que o seu raciocínio é formalmente inválido: é também uma falácia da afirmação da consequente. Afinal, o Hipólito pode ter outras razões para estar ocupado, contudo esse facto não significa que ele não queira sair mais com ela. E, portanto, a decisão de acabar o namoro foi errada e não não está racionalmente justificada.

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