“As nossas crenças mais justificadas não têm qualquer outra garantia sobre a qual assentar, senão um convite permanente ao mundo inteiro para provar que carecem de fundamento.”
John Stuart Mill
«Suponhamos que havia uma máquina de experiências que proporcionaria ao leitor a experiência que desejasse. Neuropsicólogos superfixes podiam estimular o seu cérebro de maneira a pensar e sentir que escrevia um grande romance, fazia uma amigo, ou lia um livro interessante. Durante todo o tempo, estaria a flutuar numa cuba, com eléctrodos ligados ao cérebro. Dever-se-ia ligar esta máquina durante toda a vida, pré-programando as suas experiências de vida? Se está preocupado com a perda de experiências desejáveis, podemos supor que as empresas investigaram exaustivamente a vida de muitos outros. O leitor pode escolher a partir da sua imensa biblioteca ou bufete dessas experiências, seleccionando as suas experiências de vida para, digamos, os dois anos seguintes. Após dois anos, poderia passar dez minutos ou dez horas fora da cuba, para seleccionar as experiências dos seus dois anos seguintes. Evidentemente, enquanto está na cuba não saberá que ali está; pensará que tudo aquilo acontece efectivamente. Os outros podem também ligar-se e ter as experiências que quiserem, pelo que não há necessidade de estar desligado para os servir. (Ignore problemas como o de saber quem cuidará das máquinas se todos se ligarem.) Ligar-se-ia? O que mais pode ter importância para nós, além do modo como são as nossas vidas a partir de dentro? Tão-pouco se devia abster por causa dos escassos momentos de angústia entre o momento em que decide e aquele em que já está ligado. O que são alguns momentos de angústia comparados com uma vida inteira de felicidade (se é isso que o leitor escolhe), e porque sentir angústia se a sua decisão é a melhor? O que tem para nós importância, além das nossas experiências?»
Robert Nozick, Anarquia, Estado e Utopia, trad. Vítor Guerreiro, Lisboa, Edições 70, Novembro de 2009, pp. 74-75.
"What makes our life go best? Is being happy all that matters? Is a life of blissful ignorance a good life? Or is there more to a good life than this? Richard Rowland (University of Oxford) discusses whether we should take the blue pill in 'hedonism and the experience machine’."
Eu não gosto do bom gosto Eu não gosto de bom senso Eu não gosto dos bons modos Não gosto
Eu aguento até rigores Eu não tenho pena dos traídos Eu hospedo infratores e banidos Eu respeito conveniências Eu não ligo pra conchavos Eu suporto aparências Eu não gosto de maus tratos
Mas o que eu não gosto é do bom gosto Eu não gosto de bom senso Eu não gosto dos bons modos Não gosto
Eu aguento até os modernos E seus segundos cadernos Eu aguento até os caretas E suas verdades perfeitas
O que eu não gosto é do bom gosto Eu não gosto de bom senso Eu não gosto dos bons modos Não gosto
Eu aguento até os estetas Eu não julgo competência Eu não ligo pra etiqueta Eu aplaudo rebeldias Eu respeito tiranias E compreendo piedades Eu não condeno mentiras Eu não condeno vaidades
O que eu não gosto é do bom gosto Eu não gosto de bom senso Não, não gosto dos bons modos Não gosto
Eu gosto dos que têm fome Dos que morrem de vontade Dos que secam de desejo Dos que ardem
Eu gosto dos que têm fome E morrem de vontade Dos que secam de desejo Dos que ardem
Não faço ideia quais são os critérios que presidem ao modo como são distribuídos os filmes nas salas de cinema portuguesas. Todavia, quem vive no sul e quisesse ver o filme As Asas do Vento (Kaze Tachinu no Japão e Vidas ao Vento no Brasil) - nas palavras do próprio realizador Hayao Miyazaki o seu último filme - só o poderia fazer em Lisboa. É pena que assim seja, pois trata-se de um filme maravilhoso (o argumento, os diálogos e algumas das imagens são sublimes) para um adulto e para uma criança simultaneamente.
Os leitores mais preconceituosos, que consideram a animação um género menor no cinema, estão enganados. Este filme, tal como por exemplo A viagem de Chihiro também da autoria de Miyazaki , é imperdível.
O personagem principal do filme As asas do vento é o engenheiro Jiro Horikoshi, desenhador de um dos aviões de guerra usados pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial.
"Para criar a personagem central do filme, Jiro, um aspirante a engenheiro aeronáutico, Miyazaki baseou-se ainda num romance do autor Tatsuo Hori, que foi contemporâneo de Jiro Horikoshi.
Na nota de intenções, Miyazaki explica que quis retratar alguém persistente que persegue um sonho durante a juventude e idade adulta, num tempo em que o Japão viveu o grande terramoto de 1923, a Grande Depressão, a epidemia de tuberculose e a entrada na guerra." (informação retirada daqui).
Uma das ideias repetidas em diferentes momentos do filme: muitos acontecimentos adversos, que não dependem de nós, avançam e condicionam para sempre as nossas vidas, mas é preciso continuar a viver. É verdade.