Vale a pena olhar para o efeito que esta música causa no público.
Pergunto: porque não popularizar a Filosofia, ou seja, torná-la acessível às pessoas através de uma linguagem clara e do debate sério de ideias? Não se poderia conseguir um efeito semelhante ao causado pela música? Porquê?
2 comentários:
Popularizar a filosofia, como Rieu "populariza" a música, seria... pegar em meia dúzia de ideias popularuchas e repeti-las... até o "público" as papaguear. Não vejo grande interesse na popularização da música feita por Rieu e, neste estilo, não vejo NENHUM na "popularização" da filosofia.
Se quiséssemos um modelo que me parece interessante/sério, poderíamos encontrá-lo (por exemplo) nos Concertos para os Jovens do saudoso Bernstein (que se encontram facilmente, espalhados pelo Youtube), ao bom estilo da popularização da ciência feita por Sagan. Isso, sim, é coisa séria! (Em Portugal também temos alguns exemplos, talvez "menores": sejam os exemplos do maestro Atalaya ou do maestro Victorino d'Almeida, em dois estilos diferentes...)
Isto digo eu...
Bom dia,
E diz bem. Eu concordo com o que diz em relação ao facto da “popularização” do Rieu ser de má qualidade e uma forma descarada de promoção do seu enorme ego, sem ter em conta se o efeito provocado educa ou não as pessoas de uma forma séria. Quem gosta de música clássica não ouve o Rieu, mas ouvi-lo não será preferível a não ouvir? Não poderá ser, para muitas pessoas, um pretexto para descobrir e explorar um outro estilo de música a que elas não dariam habitualmente atenção?
Eu não disse que o estilo de “popularização” da filosofia deveria seguir este modelo, se isso se depreende das minhas palavras, não era essa a minha intenção. Coloquei uma questão, não fiz uma afirmação (explicitando pelo menos duas condições): “porque não popularizar a Filosofia, ou seja, torná-la acessível às pessoas através de uma linguagem clara e do debate sério de ideias?”
Eu penso que em relação à divulgação da Filosofia em Portugal, excetuando algumas pessoas (poucas e honrosas exceções), não há nenhuma preocupação em chegar ao grande público. Veja-se, por exemplo, os artigos que existem nos jornais nacionais sobre o assunto: poucos ou nenhuns. Nem mesmo no dia do exame nacional de Filosofia (ainda por cima o primeiro) saiu um único artigo ou apreciação sobre o assunto em jornais (ao contrário do que aconteceu com as outras disciplinas do secundário). Sendo a Filosofia uma disciplina da formação geral, que todos os alunos do secundário são obrigados a frequentar, não será isto no mínimo estranho?
A súbita perda de alunos nas universidades e a sobrevivência dos cursos e dos lugares tem feito algumas pessoas, ligadas ao ensino da Filosofia, descerem do seu pedestal. Contudo, isso faz-se – na maioria dos casos – em nome do interesse próprio e não porque se pense que todos devemos contribuir para a melhoria da qualidade do ensino que é ministrados nas escolas (todas, incluindo as secundárias) ou que todos nós - alunos e professores - podemos ganhar com a divulgação e o ensino sério da Filosofia. E este pode ser feito numa linguagem acessível e colocando os problemas de uma forma que, quem estiver interessado, poderá entendê-los e discuti-los.
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