quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Beleza e tristeza

“Tomaso Albinoni foi um dos maiores compositores do barroco italiano, mas o chamado "Adagio de Albinoni" não foi composto por ele. O verdadeiro autor desta belíssima peça foi um musicólogo italiano do séc XX chamado Remo Giazotto, que a compôs em 1945, com base num andamento de uma sonata de Albinoni.” Informação tirada daqui.

Há dias vi na rua um antigo aluno que uma vez me disse detestar música clássica, excepto o "Adagio de Albinoni", por ser “tão, tão triste”. Ia rua abaixo gesticulando e falando sozinho. De vez em quando parava e, para embaraço dos outros transeuntes, levantava a voz: “Hipócrita… és uma hipócrita! Andaste este tempo todo a brincar com os meus sentimentos!”

Não creio que seja necessário estar triste, e muito menos de cabeça perdida, para gostar desta música, apesar da sua melancólica lentidão - que, de resto, não constitui por si só uma qualidade estética (contrariamente ao que é sugerido pelo tom elogioso da expressão “tão, tão triste”).

Mesmo assim, foi do Adagio de Albinoni e Giazotto que me lembrei quando – após uns rápidos “Olás” - reparei que esse ex-aluno, além de uma cara triste e desesperada, ostentava claros sinais de alcoolismo.

(Já agora: a música vale por si e dispensaria qualquer acompanhamento visual, mas o vídeo tem interesse e merece ser visto.)

7 comentários:

Graça Silva disse...

Olá,
Parabéns pelo excelente blog.
Esta peça é também uma das minhas preferidas, constitui a banda sonora de uma série (da qual não me lembro o nome) sobre a segunda guerra mundial. Possui a virtude de "acordar" o sentimento do trágico em nós.
Cump.
Graça

Carlos Pires disse...

Graça:

Obrigado pelo elogio.

Quanto à série televisiva desconheço qual possa ser. Mas pode ser que algum leitor do DM saiba.
De momento, a única relação entre o audiovisual e os adágios que me ocorre é a inclusão do "Adagio para cordas" de Samuel Barber no filme Platoon, de Oliver Stone.

Já agora, chamo a atenção para o facto de a Graça ser co-autora do blogue de Filosofia "Logos-ecb" - http://logosecb.blogspot.com/

cumprimentos

Graça Silva disse...

Obrigada pela referência, conheço o filme mas não me lembro da peça referida, vou procurar:-).
A série de que falei era protagonizada por Ben Kingsley e baseava-se na vida de Simon Wiesentahl, penso que o nome em inglês é: Murderers Among Us: the Simon wiesenthal Story e passou na televisão portuguesa no final dos anos ointenta.
Obrigada pela referência ao nosso blog.
Cumprimentos
Graça

Anónimo disse...

Devo deixar uma pequena correcção que sei que o sonhor, como professor de Filosofia, decerto nao levará a mal.
Quando se refere a música clássica, o termo correcto é música erudita.
A música clássica é a música que foi composta durante um período de tempo que se denomina Classicismo e que vai desde 1750 até 1810 aproximadamente.
A música composta por Albioni deverá assim ser denominada de música erudita (que é o termo mais geral) mas também de música barroca pois foi composta no período Barroco.

Anónimo disse...

Aproveito ainda para deixar o 'alerta' de que a música erudita é muitas vezes rejeitada pelos jovens porque não a conhecem minimamente e não sabem a variedade de música erudita existente.
Por exemplo, existe um músico (guitarrista) cujo estilo predominante é o rock (Yngwie Malmsteen) e que fez uma versão desta música de Albioni.
Muitas vezes os jovens gostam da música se for apresentada por um guitarrista rock do que sendo apresentada como música clássica. Mas, se analisar.mos ambas as músicas, o seu conteúdo é muito semelhante.
Assim, só me resta referir que é puro preconceito o modo como a maior parte jovens tratam a música erudita.

Carlos Pires disse...

Caro anónimo:

Obrigado pela correcção. Já agora, uma pergunta: acha o termo "música erudita" feliz? Parece-me que sugere uma visão dessa música demasiado restrita - o que de resto também sucederia com "música clássica", mesmo que esta designação não tivesse o defeito que referiu.

Quanto às pessoas, nomeadamente jovens, que não gostam de música erudita é verdade que o preconceito tem um papel importante - embora haja outros factores, como por exemplo a maior complexidade da maioria das peças de música erudita.

Carlos Pires disse...

Graça:

votos de um bom ano lectivo!