Um certo fenómeno pode ser estudado simultaneamente por diferentes disciplinas. A religião, por exemplo, interessa nomeadamente à Sociologia, à Psicologia, à História e à Filosofia. Todavia, isso não significa que estudem a mesma coisa. Os problemas de que se ocupa a Filosofia da Religião são muito diferentes dos problemas de que se ocupam os estudos sociológicos (ver o post Estudo da religião: a parte da Sociologia e a parte da Filosofia), históricos e psicológicos da religião. Contrariamente à Filosofia, nenhuma dessas disciplinas procura determinar se, por exemplo, a afirmação “Deus existe” é verdadeira ou falsa.
Outro exemplo possível é a pena de morte.
«Vamos considerar como as diferentes Ciências Sociais podem abordar o tema polémico da pena de morte. Os historiadores estariam interessados no desenvolvimento [nos EUA] da pena capital do período colonial até ao presente. Os economistas poderiam fazer uma pesquisa para comparar os custos das pessoas encarceradas durante toda a vida com as despesas dos recursos que ocorrem nos casos de pena de morte. Os psicólogos observariam os casos individuais e avaliariam o impacto da pena de morte na família da vítima e na do preso executado. Os cientistas políticos estudariam as diferentes posições assumidas pelos políticos eleitos e as implicações dessas posições nas suas campanhas para a reeleição.
E qual seria a abordagem dos sociólogos? Eles poderiam verificar [entre outros aspectos] como a raça e a etnia afectam o resultado dos casos de pena de morte. De acordo com um estudo publicado em 2003, 80% dos casos de pena de morte nos Estados Unidos envolvem vítimas de cor branca, apesar de apenas 50% de todas as vítimas de assassinato serem brancas. Parece que a raça da vítima influencia a decisão sobre se o réu será condenado à pena capital (...). Assim, o sistema de justiça criminal parece tender a impor penas mais pesadas quando as vítimas são brancas do que quando elas pertencem a uma das minorias.”
Richard T. Schaefer, Sociologia, 6ª edição, McGraw-Hill, São Paulo, 2006, pp. 6-7.
Por seu turno, os filósofos discutem se a pena de morte é justa ou injusta, ou seja, se é certa ou errada em termos morais.
Mas porque é que problemas como “será que Deus existe?” ou “a pena de morte é justa ou injusta” são filosóficos e, por exemplo, a relação entre a raça das vítimas e a aplicação da pena de morte não é um problema filosófico?
2 comentários:
O que são problemas filosóficos?
Para percebermos o que são problemas filosóficos comecemos por entender a filosofia. Esta junção de palavras derivadas do grego «amigo do saber» é o estudo a priori, ou seja, não baseado em factos científicos, que procura dar resposta às nossas teorias básicas, por meio da argumentação e do pensamento crítico.
O problema filosófico incide apenas nas crenças que determinam a resposta a outras crenças que delas dependam, como por exemplo a questão «será Deus todo-poderoso?» depende da resposta à pergunta «Deus existe?», e estes problemas não podem ser resolvidos pelas ciências, artes ou religiões, pois por estudarem ideias básicas orientam todo o pensamento e, portanto a própria experiência.
Para a explicação clara e total compreensão dos problemas filosóficos é, também, fundamental o esclarecimento dos conceitos por vezes utilizados, como é o caso do direito, razão, beleza, arte, verdade, bem e a religião. Conceitos estes que nunca são explorados por argumentos noutras disciplias como a Sociologia, História e Psicologia.
Podemos dizer que a filosofia estuda os problemas que as Ciência não consegues explicar. “Será que Deus existe?” e um problemas filosóficos duvido que, a ciências não consegues e incapaz de explica-lo. E nesses casos aplicasse a filosofia, que procura explorar factos, que afirmavam ou negavam essa pergunta.
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