“As nossas crenças mais justificadas não têm qualquer outra garantia sobre a qual assentar, senão um convite permanente ao mundo inteiro para provar que carecem de fundamento.”
John Stuart Mill
Solução correcta em I, 9. só pode ser "nenhuma crença falsa é justificada", em conformidade, aliás, com a solução dada pelo próprio GAVE no teste intermédio de 2013.
A solução não é "nenhuma crença falsa é justificada" pois não é verdade que nenhuma crença falsa seja justificada. Algumas crenças falsas são justificadas. A solução indicada pelo GAVE em 2013 está errada: a frase "4. Apenas crenças verdadeiras podem ser justificadas" da questão 7 do teste intermédio é falsa. Se precisar de exemplos forneço-lhe a bibliografia. É óbvio que não há nenhum engano na solução indicada pelo IAVE para a questão 9 do exame de ontem. Óbvio.
Bom dia, o professor Carlos Pires sentiria-se confortável em eleaborar uma resposta à última pergunta sobre a justiça social e coloca-las nos comentários?
O conteúdo programático que está em causa nesta questão é saber o que é o conhecimento e, mais precisamente, o que é o conhecimento para a tradição filosófica que remonta a Platão. Ora, segundo a definição tradicional, o conhecimento é a crença verdadeira justificada. Dito de outro modo, há conhecimento sempre que se reúnam cumulativamente 3 condições: 1) há uma crença; 2) essa crença é verdadeira; 3) há justificação (ões) da verdade dessa crença. Assim sendo, o texto da opção C é inadequado para a questão. Com efeito, o texto «muitas crenças falsas são justificadas, mas a justificação dada, qualquer que seja, não as torna verdadeiras.» é adequado para ilustrar o avanço crítico introduzido por Gettier e não para ilustar a «análise tradicional do conhecimento» que está em questão. Consequentemente, a questão está mal formulada.
A questão 1 do Grupo IV apresenta um cenário de resposta desfocado relativamente ao que é questionado e relativamente aos conteúdos programáticos. Com efeito, não vejo no Programa ou nas «Orientações...» referência à filosofia moral de Descartes. Como é possível orientar os professores corretores com um «cenário de resposta» onde não se colocam as razões cartesianas para duvidar, mas se coloca lá referência às «questões práticas da vida». Com este cenário de resposta, temo pelas correções e cotações que vão daqui resultar.
É impossível justificar (no sentido estrito do termo)um enunciado falso! Ptolomeu, a rigor, não justificou o geocentrismo (dado que se tratava de um modelo erróneo) Posso dar inúmeras razões, invocar múltiplos motivos para acreditar num enunciado falso, sem que isso signifique que o justifiquei. A verdade submete a justificação, não o contrário. (...nem precisa de ameaçar com muita bibliografia; basta convocar o bom senso - essa coisa que o velho Descartes supunha universalmente bem distribuído...). É possível não se ser capaz de justificar um enunciado verdadeiro; é impossível ser capaz de justificar um enunciado falso. PS: confio minimamente no meu saber; pouco, é certo, ainda que tenha dificuldade em o justificar - o que não o falsifica, obviamente.
Questão do Grupo V: «Para que uma sociedade seja justa, basta que todos tenham liberdades iguais? Na sua resposta, ‒ apresente inequivocamente a sua posição; ‒ argumente a favor da sua posição.» Questão demasiado aberta, o que a leva a falhar em 2 aspetos importantes: devia ter sido referida a Rawls (situando-a desse modo nos conteúdos programáticos) e devia ter sido precisado o número de argumentos (e/ou contra argumentos) a apresentar. Claro que desta imprecisão original resultou uma barafunda nos cenários de resposta: pode haver referência a Rawls ou, em alternativa, pode aceitar-se uma resposta que pode ignorar completamente a cultura filosófica (refiro-me aos conteúdos) prevista no Programa que está em exame.
A solução é legítima se aceitarmos um conceito "fraco" (subjectivo) de justificação. Num sentido "forte" é de todo impossível admitir que alguém que acredite num enunciado verdadeiro tenha conhecimento se não puder (souber) dar razões (propriamente "justificação") dessa mesma verdade. Posso acreditar que e=mc2 e isso ser verdade; dificilmente terei conhecimento do que está a ser enunciado se o não souber (objectiva, validamente) justificar. Inversamente, pode parecer que sou capaz de justificar perfeitamente uma crença falsa (que tomo por verdadeira) - seja o geocentrismo, seja que o Rio de Janeiro é a capital do Chile (todos os livros e mapas consultados mo atestaram, por exemplo - o que, estupidamente, acreditaria a minha justificação), mas trata-se de uma aparência: a justificação subordina-se à verdade, não a verdade à justificação (como, aliás, uma das alíneas bem sugere). De resto, a alegação (Desidério Murcho) de que a justificação de uma crença verdadeira é redundante é um disparate: nesse caso, suprima-se da concepção tradicional de conhecimento (e vamos a Platão, não a Gettier) a terceira condição necessária (justificação)e admita-se, nesciamente, que qualquer sujeito que adira a uma crença verdadeira é, à partida, possuidor de conhecimento. O IAVE está mal em 2016; o GAVE esteve bem em 2013.
Caro anónimo, há uma distinção básica (em termos filosóficos): 1) uma crença é verdadeira; 2) uma crença parece ser verdadeira. É possível haver uma crença falsa que, devido às justificações que a suportam, é aceite pelo sujeito como se fosse verdadeira (a crença parece verdadeira, mas, à luz de novas justificações, parece agora falsa). Claro que as justificações não tornam uma crença falsa em crença verdadeira, mas fazem com que a consciência adira ao falso como se estivesse a aderir ao verdadeiro. O problema não é, portanto, lógico; é psicológico. Contudo, aquilo que é relevante, para o sujeito, é o que ele considera verdadeiro e não o que é verdadeiro em si. Claro que os medievais tinham justificações (e fortes) para o geocentrismo. Galileu deu justificações (mais fortes) para o heliocentrismo. O heliocentrismo prevaleceu. Popper dirá: esta é uma conjetura (uma crença) mais próxima da verdade. Gettier introduz na definição tradicional uma componente crítica (através da descoberta de contra exemplos) que é elementar em Filosofia. O ponto é: como Hume bem nota, em matérias empíricas, o ser humano não pode superar um certo ceticismo (elas estão sempre imbuídas de relativismo, por muita urticária que isto faça a muitos filósofos); a crença e as respetivas justificações formam um bloco que produz a convicção de verdade acerca da proposição. Mas podemos sempre vir a descobrir que afinal as justificações eram fracas (apesar de em certo período terem parecido incontestáveis).
Caro Rocha. O seu "esclarecimento" sensibilizou-se. Não tanto pelo tom didáctico-paternalista (...na verdade, ignorava os contributos de Hume e de Popper para o problema da verdade - eu que desde 1978 convivo quotidianamente com os seus textos em diálogo com Platão, Aristóteles, Sto. Agostinho, Heidegger, Gadamer...), mas pelo facto de ver nele a corroboração (Ah, grande tio Karl!), mais do que a refutação, do que aleguei nas intervenções anteriores. Em todo caso, e isto é o mais importante, lamento que num item fechado (onde não se pode justificar a resposta), e num exame nacional, se coloquem questões cuja solução não é pacífica, havendo duas respostas possíveis. Se se pretende credibilizar a Filosofia enquanto disciplina escolar, escolhe-se a pior via... Cumprimentos.
A concepção de Sócrates/Platão refere-se a crenças verdadeiras e não a crenças falsas. Convém, também, ter em conta o significado filosófico de "justificação". Além disso, quem tem uma crença não a considera falsa, mas verdadeira, tem é de conseguir justificá-la para ser conhecimento. Sugiro, igualmente, que consultem o teste intermédio de 2013 (questão 7, na versão 1) e respectivos critérios de classificação.
Caro Anónimo, se o meu tom foi paternalista ou, mesmo que o não tenha sido, se assim lhe pareceu, lamento-o e passarei a ser mais cuidadoso com essa dimensão psicológica do discurso (que valorizo). Quanto à substância do que está em debate, concordamos que se trata de uma questão redigida de modo inadequado.
Parece-me que a solução avançada pelo IAVE não é a correta, no contexto daquilo que é a definição tradicional de conhecimento. Vejamos: uma crença falsa jamais poderá ter uma justificação com valor cognitivo. Se a minha crença é falsa não pode constituir conhecimento porque "não há nada para conhecer". Ora, assim sendo, também não há nada para justificar cabalmente, jamais poderei apresentar uma justificação racional para uma crença falsa. Claro que o Gettier vem mostrar que não esta questão não é assim tão clara e que, de facto, há crenças falsas que são justificadas. Contudo, a questão de exame remete para a aquilo que na definição tradicional de conhecimento se entende por conhecimento, não para uma crítica a esta mesma noção. Carlos Pires, uma vez que se disponibilizou para apresentar bibliografia sobre o tema a um dos colegas que comentou, agradecia que o fizesse. Estas situações também servem para aprendermos.
O que pensam da pergunta que pede comparação entre Descartes e Popper? Sou só eu que acredita que desrespeita as orientações e a matriz do exame. A escolha múltipla sobre a definição de conhecimento está bem feita, a sete sobre os Sofistas é que está mal, porque há duas respostas corretas.
Elisabete Ferreira, está longe de ser a única a considerar que a comparação entre Popper e Descartes é, à luz do Programa e das Orientações, ilegítima. Hoje falei com vários colegas que partilham da sua opinião. Confesso que não é uma questão que me tenha levantado reserva na 1ª leitura, pois é o tipo de questão que gosto de fazer. Concedo, contudo, que os 2 documentos referidos em momento algum propõem que seja feita uma abordagem desse tipo. Será que pode justificar as 2 opiniões que emite no seu 2º parágrafo?
Na questão 7 do Grupo I o enunciado "todos os valores são relativos e, por isso, nenhum juízo de valor é correcto ou incorrecto" é verdadeira se se subentender juízo de valor "em si"; acontece que o relativismo não os considera desse modo, sempre numa circunstância histórica e cultural. Mas talvez fosse de acautelar questões formuladas desta maneira, que enfermam de equivocidade (...e no exame há mais) - a Elisabete terá alguma razão. (PS: A moderação dos comentários foi activada. Parece que a censura, também.)
A moderação de comentários existe para evitar spam e insultos. Baseia-se em quê para dizer para falar de censura? Temos algum dever de estar permanentemente a ver o email para publicar os comentários logo a seguir a serem enviados? Explique lá: com que direito chega aqui e diz haver censura?
Boa tarde, acredito que encontrei alguns erros na correção do exame de filosofia de 2016. Na pergunta 2A do grupo 2 a resposta devia ser o termo maior é estrelas de cinema, o termo menor é pessoas excêntricas e o termo médio é vaidosas. Também na pergunta 3A do grupo 2 a resposta devia de ser ilícita maior porque o termo «bonito» não está distribuído na premissa em que ocorre (premissa maior).
Professor, estou muito preocupada e desapontada com uma nota insuficiente a este exame. Deste modo, perco o meu 20. Errei uma escolha múltipla, aquela sobre a persuasão e a manipulação em que pus aquela na qual acabava em "adquirir bens dispensáveis", e penso que os restantes pontos que me foram descontados o foram devido a critérios muito fechados de correção, sendo difícil ter uma resposta completa. Não sei se vou à segunda fase ou peço uma segunda correção do exame, para ver se consigo maner a minha nota, que é indispensável para a minha média. Por favor, pode ajudar-me? Obrigada.
23 comentários:
Solução correcta em I, 9. só pode ser "nenhuma crença falsa é justificada", em conformidade, aliás, com a solução dada pelo próprio GAVE no teste intermédio de 2013.
A solução não é "nenhuma crença falsa é justificada" pois não é verdade que nenhuma crença falsa seja justificada. Algumas crenças falsas são justificadas. A solução indicada pelo GAVE em 2013 está errada: a frase "4. Apenas crenças verdadeiras podem ser justificadas" da questão 7 do teste intermédio é falsa. Se precisar de exemplos forneço-lhe a bibliografia. É óbvio que não há nenhum engano na solução indicada pelo IAVE para a questão 9 do exame de ontem. Óbvio.
Porquê o anonimato? Não confia no seu saber?
Eu também escolhi essa alínea porque pareceu-me a mais conveniente, mas...
Mas existem crenças que se forem justificadas pode implicar na sua justificação a sua verdade, é dessa forma torna las verdadeiras!
Bom dia, o professor Carlos Pires sentiria-se confortável em eleaborar uma resposta à última pergunta sobre a justiça social e coloca-las nos comentários?
O conteúdo programático que está em causa nesta questão é saber o que é o conhecimento e, mais precisamente, o que é o conhecimento para a tradição filosófica que remonta a Platão. Ora, segundo a definição tradicional, o conhecimento é a crença verdadeira justificada. Dito de outro modo, há conhecimento sempre que se reúnam cumulativamente 3 condições: 1) há uma crença; 2) essa crença é verdadeira; 3) há justificação (ões) da verdade dessa crença.
Assim sendo, o texto da opção C é inadequado para a questão. Com efeito, o texto «muitas crenças falsas são justificadas, mas a justificação dada, qualquer que seja, não as torna
verdadeiras.» é adequado para ilustrar o avanço crítico introduzido por Gettier e não para ilustar a «análise tradicional do conhecimento» que está em questão.
Consequentemente, a questão está mal formulada.
existem crencas falsas que ao serem justifcadas a sua justificacao pode implicar a sua verdade,tornando a dessa forma verdadeira
A questão 1 do Grupo IV apresenta um cenário de resposta desfocado relativamente ao que é questionado e relativamente aos conteúdos programáticos. Com efeito, não vejo no Programa ou nas «Orientações...» referência à filosofia moral de Descartes. Como é possível orientar os professores corretores com um «cenário de resposta» onde não se colocam as razões cartesianas para duvidar, mas se coloca lá referência às «questões práticas da vida».
Com este cenário de resposta, temo pelas correções e cotações que vão daqui resultar.
É impossível justificar (no sentido estrito do termo)um enunciado falso! Ptolomeu, a rigor, não justificou o geocentrismo (dado que se tratava de um modelo erróneo) Posso dar inúmeras razões, invocar múltiplos motivos para acreditar num enunciado falso, sem que isso signifique que o justifiquei. A verdade submete a justificação, não o contrário. (...nem precisa de ameaçar com muita bibliografia; basta convocar o bom senso - essa coisa que o velho Descartes supunha universalmente bem distribuído...). É possível não se ser capaz de justificar um enunciado verdadeiro; é impossível ser capaz de justificar um enunciado falso.
PS: confio minimamente no meu saber; pouco, é certo, ainda que tenha dificuldade em o justificar - o que não o falsifica, obviamente.
Questão do Grupo V:
«Para que uma sociedade seja justa, basta que todos tenham liberdades iguais?
Na sua resposta,
‒ apresente inequivocamente a sua posição;
‒ argumente a favor da sua posição.»
Questão demasiado aberta, o que a leva a falhar em 2 aspetos importantes: devia ter sido referida a Rawls (situando-a desse modo nos conteúdos programáticos) e devia ter sido precisado o número de argumentos (e/ou contra argumentos) a apresentar.
Claro que desta imprecisão original resultou uma barafunda nos cenários de resposta: pode haver referência a Rawls ou, em alternativa, pode aceitar-se uma resposta que pode ignorar completamente a cultura filosófica (refiro-me aos conteúdos) prevista no Programa que está em exame.
A solução é legítima se aceitarmos um conceito "fraco" (subjectivo) de justificação. Num sentido "forte" é de todo impossível admitir que alguém que acredite num enunciado verdadeiro tenha conhecimento se não puder (souber) dar razões (propriamente "justificação") dessa mesma verdade. Posso acreditar que e=mc2 e isso ser verdade; dificilmente terei conhecimento do que está a ser enunciado se o não souber (objectiva, validamente) justificar. Inversamente, pode parecer que sou capaz de justificar perfeitamente uma crença falsa (que tomo por verdadeira) - seja o geocentrismo, seja que o Rio de Janeiro é a capital do Chile (todos os livros e mapas consultados mo atestaram, por exemplo - o que, estupidamente, acreditaria a minha justificação), mas trata-se de uma aparência: a justificação subordina-se à verdade, não a verdade à justificação (como, aliás, uma das alíneas bem sugere). De resto, a alegação (Desidério Murcho) de que a justificação de uma crença verdadeira é redundante é um disparate: nesse caso, suprima-se da concepção tradicional de conhecimento (e vamos a Platão, não a Gettier) a terceira condição necessária (justificação)e admita-se, nesciamente, que qualquer sujeito que adira a uma crença verdadeira é, à partida, possuidor de conhecimento.
O IAVE está mal em 2016; o GAVE esteve bem em 2013.
Caro anónimo, há uma distinção básica (em termos filosóficos): 1) uma crença é verdadeira; 2) uma crença parece ser verdadeira. É possível haver uma crença falsa que, devido às justificações que a suportam, é aceite pelo sujeito como se fosse verdadeira (a crença parece verdadeira, mas, à luz de novas justificações, parece agora falsa). Claro que as justificações não tornam uma crença falsa em crença verdadeira, mas fazem com que a consciência adira ao falso como se estivesse a aderir ao verdadeiro. O problema não é, portanto, lógico; é psicológico. Contudo, aquilo que é relevante, para o sujeito, é o que ele considera verdadeiro e não o que é verdadeiro em si.
Claro que os medievais tinham justificações (e fortes) para o geocentrismo. Galileu deu justificações (mais fortes) para o heliocentrismo. O heliocentrismo prevaleceu. Popper dirá: esta é uma conjetura (uma crença) mais próxima da verdade.
Gettier introduz na definição tradicional uma componente crítica (através da descoberta de contra exemplos) que é elementar em Filosofia. O ponto é: como Hume bem nota, em matérias empíricas, o ser humano não pode superar um certo ceticismo (elas estão sempre imbuídas de relativismo, por muita urticária que isto faça a muitos filósofos); a crença e as respetivas justificações formam um bloco que produz a convicção de verdade acerca da proposição. Mas podemos sempre vir a descobrir que afinal as justificações eram fracas (apesar de em certo período terem parecido incontestáveis).
Caro Rocha.
O seu "esclarecimento" sensibilizou-se. Não tanto pelo tom didáctico-paternalista (...na verdade, ignorava os contributos de Hume e de Popper para o problema da verdade - eu que desde 1978 convivo quotidianamente com os seus textos em diálogo com Platão, Aristóteles, Sto. Agostinho, Heidegger, Gadamer...), mas pelo facto de ver nele a corroboração (Ah, grande tio Karl!), mais do que a refutação, do que aleguei nas intervenções anteriores. Em todo caso, e isto é o mais importante, lamento que num item fechado (onde não se pode justificar a resposta), e num exame nacional, se coloquem questões cuja solução não é pacífica, havendo duas respostas possíveis. Se se pretende credibilizar a Filosofia enquanto disciplina escolar, escolhe-se a pior via...
Cumprimentos.
A concepção de Sócrates/Platão refere-se a crenças verdadeiras e não a crenças falsas. Convém, também, ter em conta o significado filosófico de "justificação". Além disso, quem tem uma crença não a considera falsa, mas verdadeira, tem é de conseguir justificá-la para ser conhecimento. Sugiro, igualmente, que consultem o teste intermédio de 2013 (questão 7, na versão 1) e respectivos critérios de classificação.
Caro Anónimo, se o meu tom foi paternalista ou, mesmo que o não tenha sido, se assim lhe pareceu, lamento-o e passarei a ser mais cuidadoso com essa dimensão psicológica do discurso (que valorizo). Quanto à substância do que está em debate, concordamos que se trata de uma questão redigida de modo inadequado.
Parece-me que a solução avançada pelo IAVE não é a correta, no contexto daquilo que é a definição tradicional de conhecimento. Vejamos: uma crença falsa jamais poderá ter uma justificação com valor cognitivo. Se a minha crença é falsa não pode constituir conhecimento porque "não há nada para conhecer". Ora, assim sendo, também não há nada para justificar cabalmente, jamais poderei apresentar uma justificação racional para uma crença falsa. Claro que o Gettier vem mostrar que não esta questão não é assim tão clara e que, de facto, há crenças falsas que são justificadas. Contudo, a questão de exame remete para a aquilo que na definição tradicional de conhecimento se entende por conhecimento, não para uma crítica a esta mesma noção. Carlos Pires, uma vez que se disponibilizou para apresentar bibliografia sobre o tema a um dos colegas que comentou, agradecia que o fizesse. Estas situações também servem para aprendermos.
O que pensam da pergunta que pede comparação entre Descartes e Popper? Sou só eu que acredita que desrespeita as orientações e a matriz do exame.
A escolha múltipla sobre a definição de conhecimento está bem feita, a sete sobre os Sofistas é que está mal, porque há duas respostas corretas.
Boa Noite , na pergunta 2b a minha resposta coloquei o R antes dos parênteses e nao depois , está errado ?
Elisabete Ferreira, está longe de ser a única a considerar que a comparação entre Popper e Descartes é, à luz do Programa e das Orientações, ilegítima. Hoje falei com vários colegas que partilham da sua opinião. Confesso que não é uma questão que me tenha levantado reserva na 1ª leitura, pois é o tipo de questão que gosto de fazer. Concedo, contudo, que os 2 documentos referidos em momento algum propõem que seja feita uma abordagem desse tipo.
Será que pode justificar as 2 opiniões que emite no seu 2º parágrafo?
Na questão 7 do Grupo I o enunciado "todos os valores são relativos e, por isso, nenhum juízo de valor é correcto ou incorrecto" é verdadeira se se subentender juízo de valor "em si"; acontece que o relativismo não os considera desse modo, sempre numa circunstância histórica e cultural. Mas talvez fosse de acautelar questões formuladas desta maneira, que enfermam de equivocidade (...e no exame há mais) - a Elisabete terá alguma razão.
(PS: A moderação dos comentários foi activada. Parece que a censura, também.)
Luis Venda:
A moderação de comentários existe para evitar spam e insultos. Baseia-se em quê para dizer para falar de censura? Temos algum dever de estar permanentemente a ver o email para publicar os comentários logo a seguir a serem enviados? Explique lá: com que direito chega aqui e diz haver censura?
Boa tarde, acredito que encontrei alguns erros na correção do exame de filosofia de 2016.
Na pergunta 2A do grupo 2 a resposta devia ser o termo maior é estrelas de cinema, o termo menor é pessoas excêntricas e o termo médio é vaidosas.
Também na pergunta 3A do grupo 2 a resposta devia de ser ilícita maior porque o termo «bonito» não está distribuído na premissa em que ocorre (premissa maior).
Professor,
estou muito preocupada e desapontada com uma nota insuficiente a este exame. Deste modo, perco o meu 20. Errei uma escolha múltipla, aquela sobre a persuasão e a manipulação em que pus aquela na qual acabava em "adquirir bens dispensáveis", e penso que os restantes pontos que me foram descontados o foram devido a critérios muito fechados de correção, sendo difícil ter uma resposta completa. Não sei se vou à segunda fase ou peço uma segunda correção do exame, para ver se consigo maner a minha nota, que é indispensável para a minha média.
Por favor, pode ajudar-me? Obrigada.
Enviar um comentário