Descobrimos os nossos deveres graças ao imperativo categórico. Este é um critério de certo e errado. Uma espécie de teste mental que permite determinar que ações estão certas e que ações estão erradas, que ações devemos fazer e que ações não devemos fazer. As ações que devemos fazer constituem obrigações absolutas e incondicionais – devemos agir desse modo independentemente das consequências. Trata-se de deveres absolutos.
Kant distingue o imperativo categórico do imperativo hipotético. Este é uma regra que nos diz que meios devemos usar se queremos atingir certos resultados. Por exemplo: se não queres perder a confiança dos amigos não digas mentiras. O imperativo hipotético não tem carácter moral: quem lhe obedece não age por dever, mas sim contra o dever ou em conformidade ao dever.
Segundo Kant, qualquer pessoa, na medida em que é racional, conhece o imperativo categórico e pode descobrir quais são os seus deveres. Kant não quer naturalmente dizer que todas as pessoas conhecem as palavras usadas por si, mas sim que são capazes de pensar em ideias equivalentes. Uma dessas ideias é a conhecida regra de ouro: “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”, que convida a nos colocarmos no lugar dos outros. A razão é universal e tanto permite compreender a matemática como o imperativo categórico.
Quando temos boa vontade (obedecemos ao imperativo categórico e agimos por dever) revelamos – segundo Kant - uma vontade autónoma. Autonomia significa literalmente “dar lei a si próprio”. A vontade é autónoma se obedece à razão, ou seja, se queremos aquilo que a razão ordena.
Se o nosso querer for influenciado por interesses pessoais, sentimentos, costumes sociais ou crenças religiosas, revelamos uma vontade heterónoma. Heteronomia significa literalmente “receber a lei de outro”. Mesmo que sejam os nossos interesses e sentimentos, Kant diz que há heteronomia, pois trata-se de elementos exteriores à razão. Somos autónomos apenas quando somos racionais, apenas quando é a razão a determinar as nossas ações.
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