quinta-feira, 31 de maio de 2012

A que se deve a crise?

Mais informações sobre o livro aqui.

O jornalista Pedro Santos Guerreiro, do jornal de negócios online, escreveu uma  crónica que vale mesmo a pena ler. Porque falham as nações e se vive, actualmente, num contexto de uma crise económica e social aguda? Qual é a origem do poder, da prosperidade e da riqueza?

Daron Acemoglu e James A. Robinson (sobre os autores ver aqui) respondem num livro de economia, que ainda não está traduzido em português. A causa do falhanço, dizem eles, são as instituições. Como é que esta tese se aplica a Portugal?

Leiam o artigo deste jornalista e encontrarão a resposta.

"Estamos fartos de coisas giras, queremos economia a sério. Economia a sério não é a verrina das "oportunidades", é concorrência, acesso, liberdade, mérito. A sociedade civil não precisa de libertar-se do Estado, o Estado é que precisa de libertar-se da elite intendente, e dependente, que através dele sufoca a sociedade civil. Sejamos antidepressivos como é preciso: à bruta.

A tese está num daqueles livros que aparecem de vez em quando, livros "de economia" que toda a gente vai ler. Foi assim com "O Cisne Negro", com "O Mundo é Plano", com "Freakonomics". Será assim com este: "Why Nations Fail". Tradução livre (o livro ainda não está traduzido para Portugal): Porque falham as Nações. Não falta o ponto de interrogação, o livro não pergunta, responde. E a resposta pode aplicar-se a Portugal. Com alguma vergonha.


A recensão fica para outro texto. Aqui, para o que interessa, ficam três penadas. Ao contrário das teses clássicas, que atribuem os fracassos a questões geográficas, climatéricas ou culturais, o livro de Daron Acemoglu e James A. Robinson invoca as instituições. Só um quadro institucional estável, credível e em liberdade motiva ciclos de inovação, de investimento, de expansão, de prosperidade. Se os países estão aprisionados em elites, políticas ou económicas, o "elevador social" não funciona, nem vale a pena tentar.

A. Robinson invoca as instituições. Só um quadro institucional estável, credível e em liberdade motiva ciclos de inovação, de investimento, de expansão, de prosperidade. Se os países estão aprisionados em elites, políticas ou económicas, o "elevador social" não funciona, nem vale a pena tentar.

Falemos de Portugal. Nem é preciso listar a miserável reputação da maioria das instituições. Basta pensar nas possibilidades: estão cerradas. Quem tem uma ideia para um projecto precisa de dinheiro. Como não há capital acumulado em famílias, nem em capitais de risco, restam duas vias: a banca e os fundos comunitários. Na banca, ou se tem pais anónimos mas ricos, ou pobres mas famosos. Nos fundos comunitários, é preciso pagar comissões às associações empresariais que histórica e vergonhosamente controlam a distribuição do dinheiro. Se a empresa arranca, precisa de padrinhos ou de financiar partidos para ganhar concursos públicos. Se tem lucro, é tributada; se não tem lucro, é fiscalizada. É uma economia a inferno aberto.

O inferno é Portugal ser um sistema fechado, dominado por uma elite que reparte o poder, a riqueza, o dinheiro. Transfere a fortuna para "offshores" e dá-nos lições de moral. Diz-nos para nos fazermos à vida, mas depende da sociedade que critica."

O artigo pode ser lido na integra aqui.

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