sábado, 6 de novembro de 2010

Indisciplina na universidade

Ultimamente ouvi várias histórias deste género:

«Uma professora universitária que conheço, experiente, competente, dinâmica, desempoeirada e, além disso, pessoa brilhante e de grande qualidade moral, anda desanimadíssima dizendo que não pode mais com muitos dos alunos que tem agora. Conversam continuamente nas aulas, não ligam nenhuma às advertências, não sabem coisas elementares nem mostram interesse em saber e são até insolentes e grosseiros. De tal modo que já uma vez ou outra abandonou a aula por não poder suportar mais o ambiente.» (Via)

De quem é a culpa?

7 comentários:

Pedro Ricardo Tordo disse...

a culpa principal é de alguns professores do básico e do secundário que pactuam com a indisciplina nas suas aulas

os alunos habituam-se a isso e depois fazem o mesmo no universidade

Valter Boita disse...

Boa noite!
Tenho de discordar do Pedro. Os professores do ensino secundário cometem um erro crasso quando responsabilizam os do 3º ciclo pelo comportamento dos alunos, bem como os do 3º ciclo dos do 2.º e assim sucessivamente. O problema é bem grave: os alunos, graças ao sistema permissivo e sem rumo que temos, são assim porque o sistema o tem permitido.

O conteúdo do "post" do Carlos revela a consequência natural de um conjunto de teorias da educação que confundem a democratização da educação (que eu aprovo) com a flexibilização de técnicas, conhecimentos, instrumentos de avaliação, etc. Recentemente, tenho-me vindo a preocupar com o facto de qualquer aluno, sobretudo estes de que os professores universitarios se queixam, poderem transitar para mestrados e doutoramentos sem qualquer critério. Expus este problema a um professor universitário e ele acusou-me de ter uma visão elitista do ensino. Ora, eu julgo que a democratização do ensino não é incompatível com um critério objectivo que permita a alguns acederem a mestrados e doutoramentos. O problema é que as universidades precisam financeiramente dos alunos. Para isso, em nome da democratização do ensino, deixa de haver critérios exigentes que ao serem esclarecidos aos alunos no 1º ciclo de estudos universitários, lhes mostrem que podem ser vedados a uma carreira académica devido ao comportamento, resultados de avaliação, etc. Ja lá vai o tempo em que eram necessarios 14 valores de média para avançar para mestrado. A imposição desse limite não era uma atentado à democratização do ensino, mas ao aumento da fasquia que se repercutia na auto-responsabilização dos alunos e na aceitação de que o ensino tem de ser exigente.
Cumprimentos,
Valter Boita

Daniel disse...

A responsabilidade é das universidades que se recusam a seleccionar os alunos que as frequentam.

Anónimo disse...

Grande parte da culpa é dos professores que como o Pedro disse pactuam com a indisciplina nas suas aulas. Mas isso nao deixa os alunos isentos de culpa. Qualquer aluno com bom senso sabe que está na escola para "criar" as bases para o seu futuro e que uma aula com barulho nao contribui para isso.
No entanto ha tambem aqueles alunos que so vao as aulas porque, enfim, são obrigados e nao estao la a fazer nada. Mas para esses existem as faltas e se nao as querem ter que anulem a matricula, alias, que nem se matriculem. Porque as escolas existem para aqueles que querem aprender e ter um futuro decente e nao para aqueles que so vao porque nao tem mais nada para fazer.
Sendo assim, a culpa é dos professores que nao se sabem impor e dos alunos que nao sabem o que significa a palavra "respeito".

Anónimo disse...

Boa tarde!

Tenho que discordar de todos quando dizem que a culpa maior é dos professores, pertencentes a qualquer ciclo escolar. A culpa maior é a meu ver da educação primária destas crianças, ou seja da educação que recebem em casa pelos pais. Uma criança quando começa o ensino primário já deve ter noção do certo e do errado e a partir daí deve começar a aprofundar essas noções com o auxilio dos professores. Quando a criança se encontra no ensino básico é normal que comece a demonstrar alguns sinais de indisciplina por imitação dos pares. No entanto os pais têm que fazer um acompanhamento profundo com os filhos para evitar situações tão comuns hoje em dia de indisciplina. No entanto não deixo de acreditar que alguns professores ao serem tão permissivos e tão tolerantes à indisciplina não estejam a promover uma regressão ao nível comportamental.

Agora falando ao nível universitário, e como universitária que sou, tenho que concordar que adultos já deveriam ter outro comportamento. Não deixo de não notar uma diferença abismal ao nível dos comportamentos dos alunos do ensino secundário e dos alunos do ensino universitário. Mas continuo a achar que existem comportamentos que presencio todos os dias que já não são admissíveis a pessoas da nossa idade.

As pessoas no geral precisam de uma alteração ao nível da sua mentalidade para a educação, e não de continuar na onda da permissividade.

Cumprimentos e parabéns pelo sempre excelente blog

Joana Afonso

Carlos Pires disse...

Pedro, Valter, Daniel, Anónimo e Joana:

Obrigado pelos vossos comentários. Peço desculpa pelo atraso na resposta.
Julgo que todos têm razão quando apontam responsabilidades a este ou àquele, pois existem obviamente vários culpados.
Mas qual será o maior culpado? Não tenho a certeza, embora me incline para um factor que ninguém referiu explicitamente: a perniciosa influência do chamado "eduquês", pois produz danos directos e agrava os malifícios dos outros factores.
Seja como for, independetemente de quem seja a culpa maior é preciso agir e combater a indisciplina - junto de quem a pratica e de quem a permite.

Carlos Pires disse...

Joana Afonso:

Obrigado!

Espero que esteja tudo bem consigo e que Universidade esteja a correr bem.