quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Duas experiências estéticas distintas

Este post é dedicado aos meus alunos do 11º C.

Já observei várias vezes, ontem numa das minhas turmas foi apenas mais uma, que muitos alunos (talvez a maioria) tendem a rejeitar certo tipo de música, por exemplo jazz e música clássica. Consideram-na - cito o que já ouvi – antiquada e pouco adequada aos gostos musicais da juventude actual. Em suma, gostos de pessoas mais velhas, sem qualquer interesse…

Bem, só há um facto curioso: se os jogos  de computador ou os filmes tiverem como banda sonora essa enfadonha música clássica, então aí, o que antes era uma experiência estética pouco suportável (ou mesmo insuportável), torna-se algo não só audível como até susceptível de ser apreciado.

Oiçam as duas músicas, vejam as imagens dos vídeos seguintes e expliquem-me qual é a diferença?

8 comentários:

Rolando Almeida disse...

Não sei se é por aí que passam a gostar de outras músicas. Bem, não me parece importante que uma pessoa não goste de jazz ou clássica. O que me parece relevante é a total aus~encia de conhecimentos dessas músicas. Mas na minha opinião tal deve-se à falta de um ensino minimamente credível da música no nosso sistema de ensino. E sem um bom ensino da músico é escusado esperar criadores musicais e público para determinadas músicas que vão para além do pop e pop(larucho).

vladyslav disse...

poracaso gosto deste tipo de musica acho a muito inspiradora
tambem se joga melhor ao ouvir este tipo de musica pelo menos a minha opiniao... tambem gosto muito desta -> http://www.youtube.com/watch?v=9X-WvAD7mNw&feature=related

Drizzt Do'Urden disse...

A diferença é os jogos da série HALO, já são um marco na história dos videojogos por isso é que as músicas presentes nos seus vários títulos são tidos como grandes marcos na história da música por isso existe uma associação entre ambos enquanto que no primeiro video não existe nada a que podemos associar a música.

Sara Raposo disse...

Olá Rolando:

Concordo que o aspecto mais importante não é o tipo de música de que os adolescentes gostam, não vem mal ao mundo por não se gostar de música clássica ou jazz (embora eu pense que isso empobrece bastante vida). A questão é música comercial e de má qualidade que a maioria dos jovens consome. Bem, se calhar essa pobreza do ritmo e das letras das canções reflecte também a superficialidade e o vazio das ideias que ecoam nalgumas dessas cabeças. É claro que sou só eu a conjecturar ….

Discordo, porém, da ideia que a má música que os jovens, na sua maioria ouvem, se deva inteiramente à falta de um ensino musical credível nas escolas. Parece-me que este será um factor entre outros para explicar o fenómeno. Tenho dificuldade em aceitar que uma boa educação, um bom professor e umas boas aulas possam servir para resolver o que quer que seja. E isso é assim apenas na música ou na filosofia. Os alunos podem ter um excelente professor, excelentes aulas e isso não significa que aprendam ou ganhem gosto por aquilo que lhes é ensinado. Por vários motivos: porque não têm vontade de aprender (podem não se interessar nem por música nem por filosofia), não têm pré-requisitos, têm dificuldades cognitivas, procuram apenas aquilo que lhes dá prazer imediato e não o que exige esforço intelectual, etc.

Eu acredito que as pessoas são livres e responsáveis e, por isso, podem por sua iniciativa procurar o conhecimento (musical ou outro). Contudo, as que o fazem são uma minoria: sempre assim foi e é provável que continue a sê-lo. Julgo que não faz sentido pensarmos que tudo nos tem de ser dado de fora (pela educação na escola). Com a disponibilidade e a variedade de informação que existe, quem estivesse interessado em procurar informação de qualidade poderia fazê-lo. O facto é que a maior parte das pessoas prefere o popularucho na música, na literatura, na filosofia… Porquê?

É mais fácil, dá menos trabalho…Estarei enganada?

Cumprimentos.

Sara Raposo disse...

Olá Vlad:

A “Carmina Burana” é sem dúvida uma música inspiradora. É mais fácil conseguir evocar as emoções presentes numa batalha através desta música do que só das imagens. Experimente a ver o videojogo sem a música e perceberá melhor o que eu quero dizer.

A questão colocada é saber porque motivo a mesma música associada às imagens do jogo é ouvida (pela maior parte dos alunos) com satisfação e ao ser tocada ao vivo pelos músicos isso não acontece. Acabou por não me responder a isso. Eu gostava de saber o ponto de vista dos alunos. Se quiser ainda reflectir acerca deste assunto, eu agradeço.

Quanto à sua sugestão musical, confesso que prefiro a música que aqui sugeri.

Cumprimentos e até amanhã!

Sara Raposo disse...

Drizzt Do'Urden:

Há uma correcção a fazer nas suas afirmações: a música, do primeiro vídeo, “Carmina Burana” é um clássico na história da música anterior ao videojogo do Halo. Portanto, é o Halo que utiliza este clássico da música para se promover e dar a conhecer e não o contrário: basta ver a data da criação da música e a do vídeojogo para se perceber que as afirmações do seu comentário estão erradas. A Internet, além de permitir jogar, pode-se também utilizar para confirmar informações factuais.

Afirma que no primeiro vídeo não existe nada que se possa associar à música. E se for apenas a própria música? A sonoridade desta não tem beleza em si? Precisa de umas imagens de monstros a passarem pelos nossos olhos?

Não me parece. Acho que não só não está a ver bem como também, provavelmente, não está a ouvir. Ou estou enganada?

Cumprimentos.

Sara Raposo disse...

A todos os leitores anteriores,

Peço desculpa pela demora na resposta. Não é desatenção, mas apenas a consequência de um facto: às vezes não é mesmo possível ter tempo para responder a todas as obrigações profissionais e pessoais.

Snow disse...

Penso que este tipo de musica é um pouco censurado pelos estudantes de hoje em dia. Contudo, quando associada a imagens de jogos ou filmes por exemplo já não se importam de ouvir e se calhar até já gostam e querem saber o nome da respectiva música.Logo, acho que o problema é o facto de a sociedade actual estar demasiado ligada à "imagem", o que origina um certo tédio quando unicamente ouvem a musica sem uma imagem associada.O que também leva as pessoas muitas vezes a não ouvirem um certo tipo de música é o facto de algumas pessoas serem um "pouco" ignorantes e criticarem os outros só por gostarem de estilos de música diferentes, quando supostamente vive-se numa democracia onde as pessoas devem ter a liberdade de escolher aquilo que gostam. E o que disse em relação à música também se aplica às outras artes.


Pessoalmente, a música clássica em geral não me atrai muito.