quinta-feira, 25 de junho de 2009

Perceber de tecnologia não implica perceber de educação

Don Tapscott, o especialista canadiano em tecnologia que - segundo o jornal Público - apontou Portugal como um exemplo a seguir na educação, devido à excelência dos programas e dos manuais escolares, ao rigor e à exigência com que são elaborados os exames nacionais e, ainda, aos bons resultados que os alunos portugueses costumam obter nos testes do PISA…

Oops, enganei-me! Na verdade, Don Tapscott elogiou a política educativa portuguesa devido à proliferação do Magalhães no 1º Ciclo. E a pergunta que eu ia fazer é esta: Don Tapscott não perceberá muito mais de tecnologia do que de educação?

A esse respeito, vale a pena ler a irónica opinião de Rui Barqueiro, no blogue Átomo e Meio.

E também as sábias palavras do sociólogo António Barreto a respeito do Magalhães (no jornal Público de 30 de Novembro de 2008 e no blogue Jacarandá):

«O GOVERNO CONTINUA a distribuir Magalhães, na convicção, fingida ou não, de que com tal gesto está a estimular a alfabetização, a cultura, a curiosidade intelectual, o espírito profissional, a capacidade científica e a criatividade nacional. Será que nas áreas do governo e do partido não há ninguém que explique que isso não acontece assim?
Segundo a OCDE, o abandono escolar na União Europeia foi, em 2007, de cerca de 15 por cento. Portugal, com 36,3 por cento, tem a taxa mais alta. Mais de um terço da população entre 18 e 24 anos não completou a escola e não frequenta cursos de formação profissional. Só 13 por cento da população activa adulta completou o ensino secundário e perto de 57 por cento apenas terminaram o primeiro ciclo do básico.
Ainda segundo a OCDE e um estudo de Susana Jesus Santos (do banco BPI), a distribuição dos tempos de aulas nas escolas, para alunos de 9 a 11 anos, mostra como a juventude portuguesa está orientada. Em Portugal, a leitura (e o português) ocupa 11 por cento do tempo de aulas. Na União Europeia, 25. Em Portugal, a Matemática ocupa 12 por cento. Na União Europeia, 17.
Que é que o Magalhães tem a ver com isto? Nada. Absolutamente nada!»

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