quarta-feira, 13 de maio de 2009

As pessoas não são instrumentos

"Age de tal forma que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na de qualquer outro, sempre simultaneamente como um fim, e nunca apenas como um meio."

De acordo com essas palavras de Kant (trata-se da chamada segunda formulação do imperativo categórico, que é um critério destinado a distinguir o certo e o errado em termos morais), não devemos tratar as outras pessoas como se fossem meros meios, mas sim como fins em si mesmas. Se as considerarmos apenas como meios (isto é, instrumentos para alcançar objectivos exteriores à sua vida) a acção será moralmente errada.

Por exemplo: procurar conversar com um amigo apenas quando isso nos dá jeito (quando precisamos desabafar, permanecendo distantes e indisponíveis quando é ele que precisa desabafar) é moralmente errado, pois constitui uma forma de instrumentalização dessa pessoa.
Pode-se dizer o mesmo de um patrão que imponha (ameaçando que não renova os contratos) aos seus empregados a realização súbita de horas extraordinárias, sem se importar com outros compromissos que estes já tivessem (ir buscar os filhos ao infantário, ir ao dentista, etc.).


Mas Kant considera igualmente que não nos devemos considerar a nós próprios meros meios.

excesso-trabalho

Por exemplo: uma pessoa completamente obsecada com o trabalho considera-se a si própria um meio de ganhar dinheiro e isso é, portanto, moralmente errado.

Outro exemplo possível é a prostituição. De acordo com as ideias de Kant, uma prostituta age imoralmente, pois utiliza o seu corpo como um meio de ganhar dinheiro.

Terá Kant razão?

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