«”Desprezo o que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito a dizê-lo.”
Esta declaração, atribuída a Voltaire, condensa a ideia nuclear deste livro: a liberdade de expressão é algo que vale a pena defender vigorosamente, mesmo quando detestamos o que é expresso. Defender a livre expressão envolve proteger não só o discurso que queremos escutar, mas também aquele que não queremos escutar. (…)
A livre expressão é particularmente valiosa numa sociedade democrática. Numa democracia, os eleitores têm interesse em escutar e contestar uma grande diversidade de opiniões e ter acesso a factos e interpretações, bem como a perspetivas contrastantes, mesmo quando acreditam que as perspetivas expressas são política, moral ou pessoalmente ofensivas. Essas opiniões podem nem sempre ser diretamente comunicadas por meio dos jornais, da rádio e da televisão, mas são amiúde apresentadas em romances, poemas, filmes, desenhos e letras de canções. Podem também ser expressas simbolicamente por atos como queimar uma bandeira, ou, como fizeram muitos manifestantes contra a guerra do Vietname, queimando um cartão de recrutamento. Os membros de uma democracia têm também interesse em que um grande número de cidadãos participe ativamente no debate político, em vez de receber de forma passiva uma política transmitida a partir de cima.»
Nigel Warburton, Liberdade de Expressão: Uma breve introdução, Gradiva, Lisboa, 2015, pp. 9 e 11.
Imagem: Banksy.
Sem comentários:
Enviar um comentário