sábado, 18 de agosto de 2012

Balanço de vida

BILHETE-POSTAL NEGRO

I

Calendário repleto de compromissos, futuro incerto.
O rádio trauteia uma canção popular sem nacionalidade.
Cai neve no mar totalmente gelado. Vultos
                acotovelam-se no cais.

II

Acontece, a meio da vida, a morte bater-nos à porta
e tomar-nos as medidas. Essa visita é esquecida,
e a vida continua. O fato, porém, esse
              é cosido em silêncio.

Tomas Tranströmer, 50 Poemas, Relógio D’Água, Lisboa, 2012, pág. 17.

Tomas Transtromer jovem

2 comentários:

Anónimo disse...

Um poema adequado à actual situação económico-social do país,ínfelizmente.

Anónimo disse...

As vozes melodiosas dos pássaros cessam
o meu coração pára de bater
será um sonho ou a realidade
de algo que nunca esperaria que fosse verdade?

Mas os ventos falam a maldizer
da evolução constante sem se saber
onde isto irá acabar
e se alguma vez algo para melhor há-de mudar...