No que diz respeito à ação, “deliberar” significa refletir ou ponderar.
Muitas ações não envolvem qualquer deliberação. Por exemplo: um automobilista que de repente vê uma pessoa atravessar a estrada a poucos metros do seu carro não reflete sobre o que vai fazer, limita-se a travar o mais rapidamente que conseguir. Passa-se o mesmo com um guarda-redes que se atira a uma bola. Aquilo que o automobilista e o guarda-redes fazem é intencional, mas não é premeditado –não resulta de uma deliberação.
Contudo, muitas outras ações envolvem deliberação. Delibera-se para decidir o que fazer, como fazer, quando fazer, etc. Os agentes, ao deliberar, podem ponderar os meios que vão utilizar, podem questionar-se acerca de eventuais ações alternativas, podem meditar acerca dos motivos que os levam a agir, etc.
Por exemplo: um aluno que pretenda passar a tarde a estudar pode refletir acerca do melhor lugar para o fazer (em casa, na biblioteca…), da matéria que vai estudar primeiro, etc. Esse aluno poderá também ponderar a possibilidade de adiar o estudo e ir namorar.
O fruto da deliberação é uma decisão. No caso do exemplo anterior, a decisão poderia talvez ser: não adiar o estudo e estudar na biblioteca.
A deliberação pode ser racional (levando o agente a escolher a ação e os meios mais adequados aos seus objetivos e interesses), mas também pode ser irracional (levando o agente a fazer escolhas que prejudicam os seus objetivos e interesses).
Por exemplo: se um aluno quer ter boas notas, não é racional ele pensar que talvez os testes sejam fáceis e decidir namorar e jogar futebol em vez de estudar.
Leituras:
Almeida, Aires e outros, 50 Lições de Filosofia – 10º Ano, Didáctica Editora, Lisboa, 2013.
Galvão, Pedro e outros, Razões de Ser, Porto Editora, Porto, 2013.
Vaz, Faustino, “Deliberação e decisão racional”, Crítica - http://criticanarede.com/deliberar.html