A reflexão acerca dos problemas abordados na ética ou filosofia moral, além de ter um enorme interesse teórico, tem a vantagem de nos fazer repensar as nossas ações e as dos que nos rodeiam.
Que critério podemos utilizar para distinguir uma ação moralmente certa de uma errada?
O que significa uma pessoa ter ética ou não ter ética (uma expressão vulgarmente utilizada no dia a dia)?
O livro "Elementos de Filosofia moral", do filósofo James Rachels, é uma excelente introdução acerca de alguns dos problemas e teorias mais relevantes desta área de estudo da Filosofia.
Para quem quer saber do que trata a ética, eis uma resposta possível (que não é uma citação do livro referido, mas se encontra na revista de Filosofia online, Crítica):
«A ética (também chamada filosofia moral) é uma disciplina central da filosofia. Na sua acepção mais abrangente, é o estudo dos princípios que permitem a vida boa. Era esta a acepção de ética dos filósofos da antiguidade grega, como Epicuro ou Aristóteles. Mais tarde, tornou-se comum uma perspectiva mais restritiva da ética, segundo a qual esta estuda a questão de saber como temos o dever de agir. Era neste sentido que, tal como muitos filósofos contemporâneos, Kant e Mill entendiam a ética.
A ética divide-se em três grandes áreas: a metaética, a ética normativa e a ética aplicada.
Em metaética estuda-se a natureza da própria ética. Trata-se de saber qual é a natureza dos juízos éticos; por exemplo, serão os juízos éticos relativos à cultura? Será a acção intrinsecamente egoísta?
Na ética normativa estuda-se dois problemas centrais relacionados: O que é o bem último? O que é uma ação correcta? No primeiro caso trata-se de saber quais são os bens últimos, distinguindo-os cuidadosamente dos bens instrumentais. A felicidade, por exemplo, ou a vontade boa, são candidatos muito discutidos ao título de bens últimos. No segundo caso trata-se de saber o que faz uma acção correcta ser correcta. Por exemplo, será que no que respeita à correcção de uma acção tudo o que conta é as suas consequências? Ou conta também, e sobretudo, a intenção com que foi executada?
A ética aplicada é o estudo dos problemas práticos da ética; por exemplo, será sempre incorrecto fazer um aborto, seja qual for a circunstância?
As palavras “ética” e “moral” são hoje em dia geralmente usadas como sinónimas (mas não o eram por Hegel, no séc. XIX), dado que originalmente o termo latino moralis foi criado por Cícero a partir do termo mores para traduzir o termo grego ethos; e tantomores como ethos significam “costumes.”»
(Aires Almeida e Desidério Murcho, Pensar com os Filósofos)
Texto retirado daqui.