quinta-feira, 27 de março de 2014

Futuras Lições

Eis Algumas páginas do futuro 50 LIÇÕES DE FILOSOFIA, 11.º ANO.

Numa delas encontra-se uma fotografia do quadro “A incredulidade de São Tomé”, de Caravaggio, e uma legenda relacionando São Tomé e o seu célebre “ver para crer” com o empirismo.

Caravaggio São Tomé ver para crer

“Quando disseram a São Tomé que Jesus Cristo tinha ressuscitado dos mortos, ele respondeu que só poderia acreditar nisso depois de o ver com os seus próprios olhos e de tocar nas suas feridas. «Ver para crer» diria São Tomé. Como poderia ele saber se Jesus Cristo estava outra vez entre os vivos, sem o ter visto e sem ter alguma vez encontrado alguém que tenha ressuscitado? Os empiristas, como David Hume, também pensam que, a confiar em algo, só pode ser nos nossos sentidos.”

segunda-feira, 24 de março de 2014

Deveres e autonomia

não faças aos outros o que não queres que te façam a ti

Descobrimos os nossos deveres graças ao imperativo categórico. Este é um critério de certo e errado. Uma espécie de teste mental que permite determinar que ações estão certas e que ações estão erradas, que ações devemos fazer e que ações não devemos fazer. As ações que devemos fazer constituem obrigações absolutas e incondicionais – devemos agir desse modo independentemente das consequências. Trata-se de deveres absolutos.

Kant distingue o imperativo categórico do imperativo hipotético. Este é uma regra que nos diz que meios devemos usar se queremos atingir certos resultados. Por exemplo: se não queres perder a confiança dos amigos não digas mentiras. O imperativo hipotético não tem carácter moral: quem lhe obedece não age por dever, mas sim contra o dever ou em conformidade ao dever.

Segundo Kant, qualquer pessoa, na medida em que é racional, conhece o imperativo categórico e pode descobrir quais são os seus deveres. Kant não quer naturalmente dizer que todas as pessoas conhecem as palavras usadas por si, mas sim que são capazes de pensar em ideias equivalentes. Uma dessas ideias é a conhecida regra de ouro: “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”, que convida a nos colocarmos no lugar dos outros. A razão é universal e tanto permite compreender a matemática como o imperativo categórico.

Quando temos boa vontade (obedecemos ao imperativo categórico e agimos por dever) revelamos – segundo Kant - uma vontade autónoma. Autonomia significa literalmente “dar lei a si próprio”. A vontade é autónoma se obedece à razão, ou seja, se queremos aquilo que a razão ordena.

Se o nosso querer for influenciado por interesses pessoais, sentimentos, costumes sociais ou crenças religiosas, revelamos uma vontade heterónoma. Heteronomia significa literalmente “receber a lei de outro”. Mesmo que sejam os nossos interesses e sentimentos, Kant diz que há heteronomia, pois trata-se de elementos exteriores à razão. Somos autónomos apenas quando somos racionais, apenas quando é a razão a determinar as nossas ações.

domingo, 23 de março de 2014

A crise demográfica em Portugal: um vídeo dos alunos da ESPR

Na campanha eleitoral, que teve lugar na ESPR, os deputados da lista B (Rita Cuña, Sara Penaguião, Ana Teresa Rodrigues, Cátia Sofia Reis Silva, Rafael Fonseca, Fábio Gonçalves, Miguel Gonçalves, Filipe Jesus, Sofia Isabel Alves Cabrita do 12º C - e Sofia Santos - do 12º B) realizaram um vídeo sobre o problema proposto - Crise demográfica em Portugal - que vale a pena ver, divulgar e discutir.

 

A ESPR na sessão distrital do “Parlamento dos jovens”

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Realiza-se, no próximo dia 25 de Março (das 10H00 às 17H00), no Instituto Português do Desporto e Juventude (IPJ), a sessão distrital do “Parlamento dos jovens”. Estarão presentes alunos de várias escolas secundárias do Algarve.

A nossa escola irá ser representada pelos alunos seguintes (acompanhados pela professora Conceição Santos):

Deputados efetivos:

- Rita Cuña (12º C);

- Leonardo Correia (11º B);

- Ana Teresa Rodrigues (12º C);

- Marta Liber (11º B).

Suplente:

- Sara Penaguião (12º C).

O tema proposto, para a Edição do programa Parlamento dos Jovens 2014/2015, pela nossa escola na sessão distrital é “A promoção e valorização da cultura e das artes”.

As medidas, que os alunos irão defender na sessão distrital do "Parlamento dos jovens", são:

2013-14 Medidas, versão final.pdf by Dúvida Metódica

O regimento da sessão distrital pode ser consultado AQUI.

Um debate inspirado a todos! :)

E que vençam os "políticos" com as melhores ideias e a maior capacidade argumentativa.

quinta-feira, 20 de março de 2014

E a Primavera chegou, finalmente!

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Fotografia das primeiras flores a nascer, nos países de Leste (como a Moldávia), na Primavera. Foi a minha ex aluna Anastacia Borozan que, já há alguns anos, me deu a conhecer as flores da foto que brotam do gelo, ver AQUI.

Matriz do 4º Teste de Filosofia: turmas B e C do 10º ano

Aristóteles Kant Stuart Mill

 

Duração: 90 minutos

Objetivos:

1. Explicar o que é a Ética.

2. Explicar o que é um dilema moral.

3. Descrever os dilemas morais apresentados nas aulas.

4. Explicar em que consiste o problema da fundamentação da moral e relacionar as questões do bem último e da ação correta.

5. Explicar porque é que o Utilitarismo de Stuart Mil é uma ética consequencialista.

6. Explicar porque é que o Utilitarismo de Stuart Mil é uma ética hedonista.

7. Distinguir prazeres superiores e prazeres inferiores, segundo Stuart Mil.

8. Explicar o que é, segundo Stuart Mill, o princípio da utilidade.

9. Aplicar o princípio da utilidade a casos concretos e determinar se a ação em causa é moralmente correta ou incorreta.

10. Explicar porque é que, para o Utilitarismo de Stuart Mil, os deveres não são absolutos.

11. Explicar as objeções ao Utilitarismo de Stuart Mil estudadas.

12. Explicar o que entende Kant por boa vontade e porque a considera o bem último.

13. Distinguir ações contrárias ao dever, ações por dever e ações em conformidade ao dever (motivadas por sentimentos e motivadas pelo interesse).

14. Explicar porque é que, para Kant, a intenção é que confere valor moral às ações.

15. Explicar o que é, segundo Kant, o imperativo categórico.

16. Explicar a primeira fórmula (chamada fórmula da lei universal) do imperativo categórico.

17. Explicar a segunda fórmula (chamada fórmula da humanidade) do imperativo categórico.

18. Aplicar as duas fórmulas do imperativo categórico a casos concretos e determinar se a ação em causa é moralmente correta ou incorreta.

19. Explicar porque é que, para Kant, os deveres são absolutos.

20. Distinguir imperativo categórico e imperativo hipotético.

21. Distinguir autonomia e heteronomia.

22. Explicar as objeções à Ética Deontológica de Kant estudadas.

23. Comparar o Utilitarismo de Stuart Mil e a Ética Deontológica de Kant e discutir qual delas é mais plausível.

Nota: os alunos devem conhecer exemplos ilustrativos das ideias referidas.

Links:

Qual é o critério da moralidade?

O utilitarismo: ideias básicas

Apontamento sobre o Utilitarismo

Argumentos contra o utilitarismo

Um prazer superior

As teorias éticas de Kant e Stuart Mill: ideias fundamentais

Quando é que as nossas ações têm valor moral?

Quais são as acções que têm valor moral?

Agir bem para evitar problemas

Por dever ou apenas em conformidade ao dever?

Qual dos personagens, o Calvin ou a Susie, está a agir de acordo com o princípio kantiano da moralidade?

As pessoas não são instrumentos

Os imperativos de Kant

Devemos mentir para salvar a vida de um amigo? – Não, diz Kant (1)

Devemos mentir para salvar a vida de um amigo? – Não, diz Kant (2)

Tem que se fazer justiça, nem que o céu desabe

Complementar:

Qual é a ação correta?

Qual é o mal de mentir?

SACRIFICAVAS UMA VIDA PARA SALVAR 200?

Um dilema moral da Medicina

Discussão de um dilema moral: qual seria a ação correta?

Cumprir o dever pelo dever: um exemplo

BOM TRABALHO!

Matriz do 4º teste (10º A) e links de apoio ao estudo

O bem e o mal

2013-14 10º Matriz do 4º teste by dmetódica

LINKS de apoio ao estudo.

Tema: Análise comparativa das perspectivas filosóficas - a ética deontológica (Kant) e a ética utilitarista (Stuart Mill).

Um dilema moral da Medicina

Discussão de um dilema moral: qual seria a ação correta?

Cumprir o dever pelo dever: um exemplo

Os imperativos de Kant

Agir bem para evitar problemas

Por dever ou apenas em conformidade ao dever?

Quais são as ações que têm valor moral?

Devemos mentir para salvar a vida de um amigo? – Não, diz Kant (1)

Devemos mentir para salvar a vida de um amigo? – Não, diz Kant (2)

Quando é que as nossas ações têm valor moral?

“Mentiras boas” e outras objeções à ética kantiana 

Qual é o critério da moralidade?

O utilitarismo: ideias básicas

Apontamento sobre o Utilitarismo

Argumentos contra o utilitarismo

Rever Kant e Mill através das aulas de Michael Sandel:

- Qual é o mal de mentir?

- Qual é a ação correta?

Exercícios para resolver sobre as teorias éticas de Kant e Stuart Mill:

As teorias éticas de Kant e Stuart Mill: ideias fundamentais

Lincoln: será correto mentir para defender a verdade?

Dilema ético em BD: Fox Trot

Para discutir na primeira aula de Filosofia

SACRIFICAVAS UMA VIDA PARA SALVAR 200?

quarta-feira, 19 de março de 2014

É melhor servir que mandar despoticamente

«Melhor Servir que Mandar Despoticamente:
Se a servidão sempre corrompe, corrompe menos o escravo do que o senhor, excepto quando é levada até ao embrutecimento.
No plano moral, é melhor para um ser humano sofrer coerções, mesmo se emanam de um poder arbitrário, do que exercer sem controle um poder dessa natureza.»

John Stuart Mill, A Servidão das Mulheres.

John Stuart Mill,1806-1873,  e a sua esposa Helen Taylor

Na fotografia podemos ver John Stuart Mill  e Helen Taylor, sua esposa. Mill tinha vinte e cinco anos quando, «em 1831, conheceu Harriet Taylor, que na altura tinha vinte e três anos, estava casada e tinha filhos. Durante cerca de vinte e um anos, Mill amou profundamente Harriet, com quem viria a casar em 1851, dois anos após o falecimento do marido desta. Mill tinha um enorme respeito intelectual por Harriet, a quem dedicou [o livro] Sobre a Liberdade. Depois de Harriet falecer, em 1858 [apenas cerca de sete anos após terem casado], Mill tornou-se politicamente ativo, defendendo posições que na altura eram controversas, como o direito de voto das mulheres».

Pedro Madeira, na Introdução a Sobre a Liberdade, de John Stuat Mill, Edições 70, Lisboa, 2006.

Infelizmente nunca li A Servidão das Mulheres. Encontrei a citação numa página do Facebook que vale a pena visitar: Exame de Filosofia do Secundário.

Quando é que as nossas ações têm valor moral?

Segundo Kant, a boa vontade é intrínseca e ilimitadamente boa, uma vez que não pode ser usada para o mal.

Mas o que é uma vontade boa? Temos uma boa vontade quando queremos fazer o nosso dever, quando temos a intenção de fazer o que está certo porque reconhecemos que está certo (e não para ganhar algo com isso). Ou seja: temos uma vontade boa quando o nosso querer é determinado pela razão e obedecemos ao imperativo categórico.

O imperativo categórico é um critério que permite distinguir as ações moralmente corretas das ações moralmente incorretas e que nos permite descobrir, portanto, quais são os nossos deveres. Antes de tentar perceber melhor como funciona o imperativo categórico e porque é que Kant o comparou a uma bússola, vamos analisar algumas distinções feitas por Kant.

As ações contrárias ao dever são, obviamente, acções erradas e que não devemos fazer.

As acções por dever são as acções que realizamos porque reconhecemos que são corretas: fazemos o dever pelo dever, a única intenção que temos ao realizá-las é cumprir o dever. Essas acções têm valor moral, ou seja, o facto de as realizarmos é meritório.

As acções meramente conformes ao dever são acções de acordo com o dever, mas não têm valor moral, pois não são motivadas pelo respeito ao dever. Trata-se de acções motivadas pelo interesse (pela expectativa de consequências benéficas) ou por sentimentos como a compaixão, a simpatia ou o amor. Nesses casos a pessoa realiza a acção correta, a acção que está de acordo com o dever, mas a sua intenção não tem um carácter moral e Kant considera-as por isso desprovidas de valor moral.

Kant diz que o facto das acções motivadas pelo interesse estarem de acordo com o dever é contingente: se o agente descobrisse uma maneira mais vantajosa, mas contrária ao dever, de satisfazer os seus interesses, não hesitaria, pois não se importa com o dever.

Para Kant, o facto de as acções motivadas por sentimentos estarem de acordo com o dever também é contingente: os sentimentos são algo involuntário, algo que a pessoa não controla, e que tanto podem “inclinar” a pessoa para fazer o bem como o mal. Para Kant, o dever deve ser racional.

Segundo os utilitaristas, Kant engana-se ao considerar que as acções meramente conformes ao dever não têm valor moral, pois pensam que o que importa são as consequências e não as intenções. Contudo, não é preciso ser utilitarista para criticar o facto de Kant ter excluído os sentimentos da esfera moral: muitas pessoas pensam que sentimentos como a compaixão, a simpatia ou o amor são moralmente importantes.

Antichrist o papa vendendo indulgências

Xilogravura do século XVI que retrata a venda de indulgências pelo papa.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Os esquecidos da História

QUEM CONSTRUIU TEBAS DE SETE PORTAS?

Quem construiu Tebas de sete portas?
Nos livros estão os nomes dos reis.
Foram os reis que arrastaram os blocos de pedra?
E as várias vezes destruída Babilónia —
Quem é que tantas vezes a reconstruiu?
Em que casas da Lima fulgente
de oiro moraram os construtores?
Para onde foram os pedreiros na noite em que ficou pronta
a Mu­ralha da China? A grande Roma
está cheia de arcos de triunfo. Quem os levantou?
Sobre quem triunfaram os césares?
Tinha a tão cantada Bizâncio
Só palácios para os seus habitantes?
Mesmo na lendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu bramavam os
afogados pelos seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Ele sozinho?
César bateu os Gálios.
Não teria consigo um cozinheiro ao menos?
Filipe da Espanha chorou, quando a armada se afundou.
Não chorou mais ninguém?
Frederico II venceu na Guerra dos Sete Anos —
Quem venceu além dele?
Cada página uma vitória.
Quem cozinhou o banquete da vitória?
Cada dez anos um Grande Homem.
Quem pagou as despesas?
Tantos relatos
Tantas perguntas. 

Bertolt Brecht

(Tradução de Paulo Quintela)

El juramento de los siete jefes de Alfred Church

O Juramento dos sete chefes, de Alfred Church

(inspirado num episódio da tragédia de Ésquilo Os Sete Contra Tebas).

sábado, 15 de março de 2014

Uma crítica de Hume a Descartes?

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Tradução: - “A dúvida metódica em três Pontos: 1º tu duvidas, 2º tu duvidas e 3º tu duvidas.

               - Tens a certeza?”

 

O conteúdo deste cartoon pode-se relacionar com a afirmação de Hume de que "a dúvida cartesiana é incurável"?

Porquê?

Matriz do 4º teste de avaliação: 11º ano (D e E) e links de apoio ao estudo

2013-14 11º Matriz do 4º teste.pdf by dmetódica

LINKS de apoio ao estudo.

Tema: análise comparativa de duas teorias explicativa do conhecimento: Descartes e Hume.

1 – Descartes.

A dúvida metódica (este deveria ter sido o primeiro post deste blogue)

Descartes: da dúvida à certeza (actividade realizada na aula)

Um mar de dúvidas

TPC do 11º D (para não correr o risco de desaparecer!)

Razões para duvidar, segundo Descartes (texto utilizado na aula)

Descartes: documentário e filme (actividade realizada na aula do 11º D)

Como é que Descartes pretendeu ultrapassar o ponto de vista dos cépticos

O solipsismo e a necessidade de Deus no sistema cartesiano (esquema utilizado na aula)

Penso, logo existo - uma ideia que toda a gente conhece?

Descartes: argumentos para provar a existência de Deus (texto utilizado na aula)

Críticas a Descartes: Ficha de trabalho (corrigida na aula)

A objeção de Kant ao argumento ontológico: a existência não é um predicado

O argumento ontológico: diálogo entre um crente e um ateu

Objeção ao argumento da marca: criar a ideia de perfeição é diferente de criar a própria perfeição

Os conceitos cartesianos de intuição e dedução

A matemática é a priori mas não é inata

Cartoons cartesianos

Descartes: documentário e filme (em parte visionado na aula)

2 – Hume.

Impressões e ideias

Cegos que começam a ver: impressões e ideias

Como se originou, segundo Hume, a ideia de Deus?

Exemplos de inferências causais

Sol vai nascer amanhã? Não podemos saber!

Hume e a relação causa-efeito

O problema da causalidade

A crença na causalidade é instintiva

Bom estudo!

Ilusão percetiva?

É ou não uma ilusão percetiva? Como se explica o que vemos no vídeo?

Vídeo descoberto aqui: Não é magia, é ciência.

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sexta-feira, 14 de março de 2014

O céu de Lisboa: variações musicais

Para os meus alunos do 11º D e E, músicas que predispõem o espírito ao estudo de Descartes e Hume. Vá se lá saber porquê!!

Experimentem a ouvir o poema e o modo como a Amália o canta. Esta foi a fonte de inspiração das outras duas músicas e espero que seja seja igualmente inspiradora para vocês! :)

quinta-feira, 13 de março de 2014

Vencedores das Olimpíadas de Filosofia

Maria Beatriz Correia Santos, do Agrupamento de escolas Ibn Mucana, de Alcabideche, ganhou a Medalha de Ouro nas Olimpíadas da Filosofia de 2014. Venceu com um ensaio sobre o problema do mal.

A Medalha de Prata foi para João Filipe Quintas Madeira, da Escola Secundária Dr. Ginestal Machado, de Santarém.

Parabéns à vencedora, a todos os participantes e aos organizadores!

Todos os resultados e outras informações no site das Olimpíadas e no blogue 50 Lições de Filosofia:

VENCEDORES DAS III OLIMPÍADAS NACIONAIS DE FILOSOFIA (2014)

Pódio filosófico

cartaz 2014 olimpiadas de filosofia

terça-feira, 11 de março de 2014

Exemplos de inferências causais

"Quando lanço um pedaço de madeira seca numa lareira, o meu espírito é imediatamente levado a conceber que ele vai aumentar as chamas, não que as vai extinguir. Esta transição de pensamento da causa para o efeito não procede da razão […]. E como parte inicialmente de um objeto presente aos sentidos, ela torna a ideia ou conceção da chama mais forte e viva do que o faria qualquer devaneio solto e flutuante da imaginação."

  “(...) por muito que se pense no arrefecimento da água, nunca deduziremos a sua congelação e aquele que nunca tiver visto gelo, achará absurdo que a água ao arrefecer se torne dura e sólida”.

David Hume, «Investigação sobre o Entendimento Humano», in Tratados Filosóficos I, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2002.

A sala de aula, o novo livro de Maria Filomena Mónica

Sabemos o que se passa nas nossas salas de aula?

A sala de aula e Diários de uma sala
de aula, editados pela Fundação Manuel dos Santos.
A autora, Maria
Filomena Mónica, estará à conversa
com Carlos Fiolhais e João Miguel
Tavares.
Dia 20 de Março, às 18h30,
no CCB, sala Luís Freitas Branco.
Praça do Império, 1449-003 Lisboa.

domingo, 9 de março de 2014

A Sujeição das Mulheres

mulheres

John Stuart Mill defendeu a igualdade entre homens e mulheres numa época em que essa causa era muito pouco popular. Entre várias outras ações a favor dos direitos das mulheres, escreveu o livro A Sujeição das Mulheres. Eis um excerto de uma recensão do mesmo (intitulada Feminismo genuíno), publicada na revista Crítica:

Em meados da década de 1860, [John Stuart Mill] como membro do Parlamento inglês, apresentou uma petição assinada por 1500 mulheres solicitando o direito nacional de voto das mulheres, cujo resultado foi um massacrante fracasso: 194 votos contra e 73 a favor. No entanto, Mill não desistiu e publicou pouco tempo depois, em 1869, A Sujeição das Mulheres, uma das mais elegantes e claras defesas da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres feitas até hoje. Escrita por um homem, o seu objetivo é demonstrar em quatro capítulos o quanto é indefensável a subordinação do sexo feminino ao masculino.”

(Ontem, dia 8 de Março, foi o Dia da Mulher.)

sexta-feira, 7 de março de 2014

Ainda a felicidade

A afirmação “As pessoas querem ser felizes” é uma trivialidade que gera consenso. O mesmo não se passa quando perguntamos: o que é ser feliz? Como se pode ser feliz? Ou será a felicidade alcançável?
A resposta a estas questões é, filosoficamente, controversa. Pode-se defender que a felicidade depende do prazer, do conhecimento, do poder, de Deus, do prestígio social…
Porém, a resposta dada influencia o modo como vivemos o nosso dia-a-dia, as nossas aspirações em relação ao futuro e o facto de sentirmos que nossa vida tem ou não sentido.
Antes da adolescência, eu adorava ouvir uma canção do Caetano Veloso e lembro-me de pensar: como é que podemos saber que “a felicidade se foi embora”, sem sabermos o que ela é?
Não esqueçam as inquietações filosóficas, mas desfrutem o poema e a música!

quinta-feira, 6 de março de 2014

O que ouviram fê-los pensar em quê?

O professor Aires Almeida, da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, deu hoje uma palestra sobre Filosofia da Religião na ESPR. Nela discutiu – naturalmente de modo breve - se Deus existe ou não.

Julgo que correu bem e agradeço, em nome pessoal e da escola, ao orador, mas não me quero alongar em comentários, pois gostaria que fossem os alunos a fazê-los. Alguns dos quais fizeram, aliás, perguntas interessantes e pertinentes. 

O comentário é livre e cada aluno escreverá o que quiser. Mesmo assim, sugiro que não se limitem ao banal gostei/não gostei e discutam um tópico qualquer da palestra que lhes tenha despertado a atenção. Ou seja: o que ouviram fê-los pensar em quê?

Os comentários devem ser feitos na caixa de comentários deste post. Os comentários anónimos não serão publicados.

Os vários professores que estiveram presentes também poderão participar, mas os seus comentários não serão considerados um TPC. A menos que insistam nisso, claro. Sorriso 

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Nota: A fotografia não está grande espingarda,  mas a culpa não é do fotógrafo nem do fotografado, e sim da máquina e da própria sala. O fotógrafo, segundo ouvi dizer, tem provas dadas na matéria e o fotografado, como apesar de tudo salta à vista, é bastante fotogénico. Sorriso

O que é a felicidade?

“Procuremos compreender agora – uma vez que todo o saber e toda a intenção têm um bem por que anseiam – (...) qual será o mais extremo dos bens susceptível de ser obtido pela ação humana. Quanto ao nome desse bem, parece haver acordo entre a maioria dos homens. Tanto a maioria como os mais sofisticados dizem ser a felicidade, porque supõem que ser feliz é o mesmo que viver bem e passar bem. Contudo, acerca do que possa ser a felicidade estão em desacordo e a maioria não compreende o seu sentido do mesmo modo que o compreendem os sábios.”

Aristóteles, Ética a Nicómaco, tradução do grego de António C. Caeiro,Quetzal Editores, Lisboa, 2004, pág. 22.

Mesmo que na conferência As doutrinas da felicidade na Antiguidade Clássica, de António Pedro Mesquita, não seja dada resposta à pergunta “o que é a felicidade?”, o desacordo referido por Aristóteles ficará certamente mais claro e o problema melhor compreendido. Por isso, quem puder ir amanhã, às 10:30h,  à Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, em Portimão, dará por certo o seu tempo bem empregue.

Alexander_and_Aristotle Aristóteles ensinando Alexandre, o Grande gravura de Charles Laplante

Na imagem: Aristóteles e Alexandre, de Charles Laplante.

Sol vai nascer amanhã? Não podemos saber!

«(…) a minha experiência de regularidades no passado é tomada como justificação de crenças acerca de coisas de que não tenho experiência. É importante notar que este tipo de raciocínio é apresentado muitas vezes como relativo apenas ao nosso conhecimento do futuro, o que não é correto. Os argumentos indutivos dizem respeito ao futuro, ao presente e ao passado (…)

É importante que estejamos cientes da natureza radical da tese de Hume. Ele argumenta que todo o raciocínio indutivo é inválido: não temos razões a priori ou empíricas para aceitar crenças baseadas em inferências indutivas. Não temos justificação para acreditar que o Sol vai nascer amanhã. O ponto crucial é este: se eu afirmar que o Sol vai nascer amanhã e o meu amigo afirmar que ele se vai transformar num ovo estrelado gigante, a minha crença não é, de acordo com Hume, mais justificada do que a do meu amigo.

Claro que eu não tenho amigo algum que acredite nisso, e Hume tem uma explicação para esse facto. Devido ao “costume” ou ao “hábito”, todos pensamos em termos indutivos. Contudo, este tipo de pensamentos não é justificado; resulta apenas de certas disposições psicológicas que criaturas como nós possuem: “não é, portanto, a razão que é o guia da vida, mas sim o costume” (…). No seu Tratado de 1739, Hume sustenta esta tese fornecendo uma explicação causal rudimentar para o facto de termos as crenças que temos (…). Os animais também têm essas disposições: são guiados pelo costume e esperam que as regularidades que experienciaram continuem. Contudo, como observa Russell (1912), a galinha a que o agricultor dá de comer todos os dias pode ser degolada amanhã. A nossa posição é análoga à da galinha: esperamos que o Sol nasça todas as manhãs tal como a galinha espera o seu alimento, mas nenhum de nós tem qualquer justificação para as nossas crenças ou comportamento.

Uma resposta comum a esta posição céptica é que sabemos que o Sol irá nascer amanhã porque temos uma explicação científica para que tal aconteça, descrevendo o movimento da Terra em relação ao Sol. Aqui, no entanto, podemos ver todo o alcance do argumento de Hume. Chegámos à nossa narrativa através de sucessivas observações astronómicas. A nossa explicação do nascer do Sol é, portanto, indutiva, pelo que está igualmente sujeita ao argumento de Hume. De acordo com Hume, o cientista não pode justificar a sua crença de que a gravidade continuará a manter os corpos celestes nas órbitas que até agora temos observado.»

Dan O´ Brien, Introdução à teoria do conhecimento, Gradiva Editora, Lisboa: 2013, págs. 227-28.

1. Esclareça, a partir de exemplos, o que são argumentos indutivos.

2. Quais são as razões que levam Hume a considerar que os argumentos indutivos não se encontram justificados nem racionalmente nem empiricamente?

3. Explique o título atribuído a este post: “Não podemos saber se o Sol vai nascer amanhã.”

4. As inferências indutivas, para Hume, baseiam-se no hábito ou costume. Explique porquê.

5. Porque motivo a explicação científica do nascimento do Sol não permite ultrapassar as objeções cépticas de Hume?

6.  O cepticismo de Hume quanto à explicação científica dos fenómenos é refutável? Como?

Hume e a relação causa-efeito

“Todos os nossos raciocínios relativos a questões de facto, defende Hume, se baseiam na relação de causa e efeito. Mas como chegamos ao nosso conhecimento das relações causais? (…) Ao olhar apenas para a pólvora, nunca poderíamos descobrir que é explosiva; é preciso experiência para saber que o fogo queima as coisas. Mesmo as mais simples regularidades da natureza não poder estabelecidas a priori porque uma causa e um efeito são dois acontecimentos totalmente diferentes e um não pode ser inferido do outro. Vemos uma bola de bilhar a mover-se na direcção de outra e esperamos que transmita movimento à outra. Mas porquê?

A resposta, obviamente, é que descobrirmos as regularidades da natureza através da experiência. Mas Hume leva a sua indagação mais além. Mesmo depois de termos a experiência das operações de causa e de efeito, pergunta, que bases existem na razão para inferir conclusões dessa experiência? A experiência apenas nos dá informação sobre ocorrências passadas: porque haveria de ser alargada a objectos futuros, que, tanto como sabemos, só se assemelham aos objectos passados na aparência? O pão alimentou-me no passado, mas que razões tenho para acreditar que o irá fazer no futuro?"

Anthony Kenny, Ascenção da Filosofia moderna, Edições Gradiva, Lisboa 2011, págs. 170-171.

A crença nas superstições implica estabelecer nexos causais entre acontecimentos diferentes que não têm qualquer relação entre si. Por exemplo:

Vi um gato preto na rua (causa) e, logo a seguir, parti um pé (efeito).
Tive negativa no teste de Filosofia (efeito) porque este foi realizado numa sexta-feira, dia 13 (causa).

Esta crença em causalidades fictícias tem um fundamento subjectivo (é uma crença irracional do sujeito) e não se baseia nem na experiência nem na razão.

Segundo Hume, as relações causais efectuadas no âmbito do quotidiano e da ciência dependem de factores psicológicos como o hábito e não têm, por isso, uma justificação racional ou empírica. Assim sendo, no âmbito do conhecimento vulgar e do científico, adquirimos a crença que a água vai aquecer com base na experiência passada.

Como é que podemos refutar esta ideia defendida por Hume? Será que podemos mostrar que as explicações científicas estão racionalmente justificadas?

Outros posts sobre a causalidade:

O problema da causalidade

A crença na causalidade é instintiva

quarta-feira, 5 de março de 2014

O que era, e o que é, a Felicidade?

As doutrinas da felicidade na Antiguidade Clássica XV 2014 conferência de filosofia da escola secundária Manuel Teixeira Gomes

As doutrinas da felicidade na Antiguidade Clássica, por António Pedro Mesquita.

Eis a XV Conferência de Filosofia da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, no próximo dia 7, em Portimão.

terça-feira, 4 de março de 2014

domingo, 2 de março de 2014

Get Out!

Uma bonita história acerca do medo do desconhecido e da dificuldade de começar algo novo. O final é surpreendente e obriga o espetador a rever a sua interpretação da história.


Get Out por Esma-Movie